Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Postalinho...
Hallô, Eu trago as encomendas!


Postal de propaganda alemão, possivelmente de 1942, com referência aos chamados comboios do árctico, que transportavam material de guerra e outros abastecimentos para a Rússia desde o Reino Unido, Islândia e Estados Unidos da América.

Após a invasão da União Soviética pelos Nazis, os britânicos estabeleceram um sistema de comboios que canalizavam todo o tipo de material de guerra para os soviéticos. Parte importante dos abastecimentos que eram recebidos dos EUA, através do programa de lease-lend, também seguiu esse caminho.

O primeiro comboio foi formado em Agosto de 1941 e durante os anos seguintes quase oitenta comboios, com centenas de navios, asseguraram o transporte de milhares de toneladas de material até aos portos de Murmansk e Arcangel.

Estes comboios passavam perigosamente perto da Noruega e outros territórios ocupados pelos alemães e foram alvo de intensos ataques por parte da aviação e marinha alemãs.

Apesar do postal dar a entender que os comboios eram demorados e que não tinham possibilidade de inverter a situação, a verdade é que estes operações representaram um sucesso importante para os aliados. Alguns comboios sofreram pesadas perdas e, durante alguns períodos, foi necessário interromper os transportes, mas de um modo geral os resultados foram positivos.

Carlos Guerreiro

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Livros…
Auschwitz, Um Dia de Cada Vez

O novo livro de Esther Mucznik foi lançado na última semana e é uma leitura recomendada para o Dia da Memória do Holocausto que hoje, mais uma vez, se recorda.

A autora, que também escreveu “Portugueses no Holocausto”, conta-nos agora o dia-a-dia no Campo de concentração de Auschwitz. Fica a sinopse desta no a obra.


Sinopse:

«Um companheiro de Auschwitz pergunta a Primo Levi por que motivo já não se preocupa com a higiene. Ele responde simplesmente: "Para quê, se daqui a meia hora estarei de novo a trabalhar com sacos de carvão?" É desse companheiro que recebe a primeira e talvez principal lição de sobrevivência: "Lavarmo-nos é reagir, é não deixar que nos reduzam a animais; é lutar para viver, para poder contar, para testemunhar; é manter a última faculdade do ser humano: a faculdade de negar o nosso consentimento".»

A capacidade de sobrevivência do ser humano é notável e, por mais terrível que fosse a existência em Auschwitz, todos os dias se lutava para sobreviver apesar de a morte estar ao virar de cada esquina. O campo de concentração de Auschwitz é sinónimo do mal absoluto preconizado pelo nazismo. Foi ali que judeus e ciganos serviram de cobaias às diabólicas experiências médicas, que acima de um milhão de seres humanos foram gaseados e que mais de 200 mil homens, mulheres e crianças morreram de fome, frio e doença, de exaustão e brutalidade, ou simplesmente de solidão e desesperança.

No entanto muitos presos resistiam à total desumanização esforçando-se por manter alguma dignidade. Cuidar da higiene, ler, escrever, desenhar, ajudar alguém a sobreviver ou até a morrer eram actos que atribuíam condição humana a quem parecia ter desistido de viver.

Esther Mucznik, autora dos livros Grácia Nasi e Portugueses no Holocausto, dá-nos a conhecer o dia-a-dia de Auschwitz através das vozes daqueles que ali acabaram por perecer e dos seus carrascos, do insuportável silêncio das crianças massacradas, das mulheres e homens violentados em bárbaras experiências médicas, mas também através dos relatos daqueles que sobreviveram para contar e manter viva a memória do horror da máquina de morte nazi. Para que ninguém possa alguma vez esquecer.

Boas leituras

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Dia da Memória do Holocausto

Preparam-se várias iniciativas tendo em vista recordar os 70 anos da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz, durante a II Guerra Mundial, no dia 27 de Janeiro de 1945.

Esta noite, no Teatro de S. Carlos, em Lisboa, pode assistir a um concerto especial com a soprano Juliane Banse que irá cantar "Sechs Lieder nach Gedichten von Albert Steffen, op. 17" de Viktor Ullmann e ainda "Sechs Lieder nach Gedichten von Nikolaus Lenau und Requiem, Op. 90" de Robert Schumann.


O concerto, que começa às 21 horas, é uma iniciatiova conjunta da Embaixada da Áustria e Judaica - Mostra de Cinema e Cultura, o Dia da Memória. Após o espectáculo musical será exibido o documentário Nuit et Brouillard de Alain Resnais, com a música original Hanns Eisler, interpretada ao vivo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa.

A Assembelia da República inaugura amanhã uma exposição dedicada ao tema do holocausto. Como tema temos o quotidiano das crianças nos campos de concentração. Cerca de um milhão e meio dos seis milhões de judeus mortos no Holocausto eram crianças, sendo que o número das que sobreviveram está estimado em apenas alguns milhares.

"Holocausto - Não foi uma brincadeira de crianças", é uma mostra itinerante do Museu Yad Vashem, que tem já sido mostrada em algumas escolas portuguesas, e pretende "abrir uma janela" para o universo das crianças nos campos de concentração através dos seus brinquedos, jogos, desenhos, diários ou poemas.

O programa prevê ainda a apresentação, pela Escola de Música do Conservatório Nacional, da ópera Bundibar, originalmente levada ao palco por crianças do campo de concentração de Theresienstadt, na então Checoslóvaquia ocupada, e da peça de teatro "As mãos de Abraão Zacut, de Luís de Sttau Monteiro, pelos alunos de um agrupamento de escolas de Portalegre.

Além das comemorações oficiais na Assembleia da República, várias escolas e instituições de todo o país irão assinalar este dia.

O Dia de Memória do Holocausto, efeméride promovida em Portugal pela Memoshoa - Associação Memória e Ensino do Holocausto, assinala o dia da libertação, em 1945, do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, e foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas há uma década.

Se souber de outras iniciativas agradeço a colocação dessa informação na secção de comentários ou as coloque na página de facebook do "Aterrem em Portugal!"

Carlos Guerreiro

«Escaparate de Utilidades»
Sabão ICI

Revista "Mundo Gráfico", 30 de Janeiro de 1945

sábado, 24 de janeiro de 2015

Dias de cinema

A memória dos 70 anos do final da II Guerra Mundial traz até Lisboa um conjunto de documentários e filmes que vão passar até aos primeiros dias de Fevereiro. No Cinema Ideal, na Rua do Loreto, passam diariamente até 4 de Fevereiro - três documentários de forma sequencial.

Assim, a partir das 16 horas, passa “O último dos injustos”, seguido às 20 horas de “O homem decente” e, por fim, às 21.45 horas, de “A noite cairá”. Aos fins de semana, às 11 horas, é tempo de rever, na mesma sala, “O grande ditador” de Charles Chaplin.

“O último dos injustos” é uma viagem a dois tempos ao Gueto de Theresienstadt, conduzida por Claude Lanzmann. Em 1975 ele entrevistou o último dos sobreviventes daquele que os nazis venderam como um gueto modelo.


No Cinema Ideal podem ver-se documentários sobre a II Guerra Mundial até ao dia 4 de Fevereiro.

Em 2012 ele regressou para recordar esse tempo. “O homem decente” é o retrato da vida e da mente do “Arquitecto da Solução Final”, Heinrich Himmler, feita através de de cartas, fotografias e diários encontrados na casa de família dos Himmler em 1945.

Em “A noite cairá” recupera as imagens filmadas pelos britânicos nos campos de concentração em 1945. O objectivo passava por editar um filme que servisse para mostrar aos alemães os horrores em que tinham participado.

Questões diversas adiaram a montagem da película que, com o surgimento da guerra fria, ficou esquecida em prateleiras. Também há cinema relacionado com a temática da II Guerra Mundial no Cinema S. Jorge. Trata-se de uma iniciativa do Goethe Institut, que preparou num ciclo temático com algumas das produções mais conhecidas da DEFA sobre o nacional-socialismo produzidas pós 1945.

No Cinema S. Jorge começa no dia 26 um ciclo com filmes Alemães sobre o Nacional-Socialismo pós 1945.

Tratam-se de cinco filmes, realizados nos anos 50 e 70, que vão passar a partir dos dia 26 naquela sala às 21 horas. O primeiro filme é “Estrelas”. Segue-se, no dia 27, “Nu entre Lobos”, a 28, “Jacob, o Mentiroso”, a 29, “Eu tinha dezanove” e a 30 “Os assassinos estão entre nós.

Para obter mais informações pode consultar a nossa Agenda ou ligar-se ao site do Goethe Institut na iniciativa.

Bons filmes e bom fim de semana…

Carlos Guerreiro

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Buscando vidas no Indico

Às treze horas e doze minutos do dia 29 de Novembro de 1942, os tripulantes do Afonso de Albuquerque viram a primeira prova do naufrágio: um colchão passou perto do casco. Treze minutos depois detectaram as primeiras jangadas com sobreviventes e, 27 horas depois, concluíam a maior operação de resgate realizada por navios portugueses no Oceano Indico, recolhendo um total de 194 pessoas.

Capa da "Revista da Marinha" de 10 de Novembro de 1941, pouco antes de partirem para o Oceano Indico.

Os náufragos pertenciam ao paquete "Nova Scotia" afundado, na manhã de 28, pelo submarino alemão U-177. Três torpedos atingiram o navio pouco depois das sete da manhã e em menos de dez minutos este afundou-se deixando na água 1052 pessoas. 766 - segundo os relatórios do Afonso de Albuquerque –eram prisioneiros e internados italianos, entre os quais havia três mulheres, uma delas com uma filha de 11 anos. Os restantes eram militares ou guardas ingleses e sul-africanos.

O navio tinha descido desde o Suez, passara por Moçambique e, frente à costa de Natal, sofreu o ataque com os três torpedos que o partiram ao meio. Muitos perderam a vida de imediato e outros nos momentos que se seguiram.

A criança, de onze anos, afogou-se quando o colete que vestia se soltou no momento em que caiu na água.

O comandante do U-Boat, Robert Gysae, recolheu dois dos náufragos para interrogatório e percebeu que a maioria eram prisioneiros de guerra italianos. Como no princípio da guerra, um U-Boat tinha sido atacado por um avião enquanto rebocava - para um local mais seguro - os salva-vidas do navio "Laconia", o comando alemão proibiu a realização de salvamentos, razão porque, neste caso, foi enviada uma mensagem urgente ao alto comando da marinha em Berlim.

A comunicação seria enviada para a Legação Alemã em Lisboa, que a passou às autoridades portuguesas que, por sua vez, a despacharam para Lourenço Marques, em cujo porto se encontravam, por coincidência, o aviso de 1ª classe Afonso de Albuquerque e o aviso de 2ª classe Gonçalves Zarco, ultimando os preparativos para regressar a Lisboa, depois de duas campanhas longas pelas colónias africanas e na Índia.

A informação cifrada chegou a Lourenço Marques já noite e o Afonso de Albuquerque começou a preparar-se por volta das 22 horas, quase 14 horas depois do torpedeamento.

O comandante do Gonçalves Zarco também quis aprontar o seu navio, mas recebeu ordens para não o fazer. Só seria chamado caso fosse necessário.


Rumo ao desastre

Eram duas e meia da manhã quando o navio rumou a sul à procura dos sobreviventes do naufrágio. Ao meio dia, e depois de navegarem mais de 160 milhas, chegaram às coordenadas avançadas pelo submarino, mas o mar estava vazio.

Só passada uma hora, rumando a sul, encontraram as primeiras provas do desastre que atingira o “Nova Scotia”. Os destroços encontravam-se muito dispersos. Aqui e ali viam-se jangadas isoladas, mais longe uma baleeira com uma bandeira azul reunia outros sobreviventes à sua volta. Havia também muita gente só, agarrada a todo o tipo de destroços flutuantes.

O comandante decidiu deixar o grupo da baleeira para o final e começou por recolher as jangadas e os náufragos que se encontravam dispersos, para evitar que estes se afastassem ainda mais.

Com as baleeiras e o escaler a gasolina começaram a longa tarefa. Às 16 horas encontraram uma das mulheres. Mais ou menos à mesma hora um dos náufragos recolhidos, um oficial britânico, morria bordo apesar dos esforços do médico.

Ao cair da noite estavam, a bordo 122 pessoas e o navio continuou, utilizando os projectores, a recolher gente.

Quando raiou o sol, na manhã seguinte, encontravam-se no centro da tragédia. Centenas de corpos boiavam em redor do Afonso de Albuquerque. A guerra revelava, mais uma vez, a sua faceta mais sinistra, mas o trabalho dos homens do aviso português continuava.

Numa separata, publicada nos Anais do Club Militar Naval de 1952, o 1º tenente Gomes Ramos, recorda a resiliência de alguns dos que foram recolhidos durante a operação de resgate.

Aponta o exemplo da mulher que perdeu a filha e que durante 30 horas nadou sozinha até encontrar lugar numa jangada. Um lugar deixado vago por um homem que, em desespero, decidiu morrer e saltou para a água.

Dois dias depois do naufrágio um homem foi encontrado esgotado, a dormir profundamente, agarrado a uma mesa de jogo. Entre os sobreviventes estava também um luso-descendente que levou o tempo a falar do navio Gil Eanes.

Mais triste foi o caso de uma mulher que se atirou ao mar, quando viu o navio português aproximar-se, e não voltou a ser vista.

Um outro episódio também deixou marcas porque foi um dos poucos actos de humanidade entre “inimigos” que os portugueses testemunharam.

Um italiano, mais idoso, quis atirar-se ao mar repetidas vezes tentando chegar ao Afonso de Albuquerque. O companheiro de jangada, um jovem britânico, impediu-o de concretizar essa vontade e, face ao cansaço que apresentava, salvou-lhe certamente a vida. Seriam dos últimos a ser recolhidos…

A recolha dos náufragos trouxe um inesperado problema aos tripulantes do Afonso de Albuquerque. Mesmo na água, aliados e italianos não se tinham misturado, com a luta por um lugar nas jangadas a obedecer a dois critérios distintos. Primeiro a lei do mais forte e depois a lei da bandeira. Ao murro ou à facada os dois grupos tinham conquistado o direito aos destroços flutuantes que lhes poderiam salvar a vida. Em Jangada, destroço ou baleeira onde estavam italianos, não se encontravam britânicos ou sul-africanos e vice-versa.

Esta rivalidade continuou a bordo do navio português. Ex-carcereiros e ex-encarcerados continuaram a destilar ódios e inimizades sem se misturarem. O espaço a bordo teve de ser dividido para evitar problemas maiores até ao regresso a Lourenço Marques, no dia 1 de Dezembro.

No afundamento do “Nova Scotia” perderam-se, entre marinheiros, militares e passageiros, 212 militares e civis aliados e 646 prisioneiros e internados italianos.

Graças à acção do navio português foi possível salvar 64 aliados e 130 italianos. Destes últimos, e sem possibilidade de apanhar um navio para abandonar a colónia portuguesa, vários ficariam por Lourenço Marques e alguns até se juntariam a uma rede de espionagem do Eixo que ali funcionou.


Um veterano de resgates no Indico

Á espera no porto, e com os serviços radiotelegráficos em alerta permanente, o Gonçalves Zarco não recebeu qualquer pedido de ajuda, mas um relatório do comandante, o capitão-de-fragata Joaquim Marques Esparteiro, deixa claro que não ficou satisfeito com a forma como o comandante do Afonso de Albuquerque dirigiu as operações: “(…) fiquei bastante surpreendido quando (…) me disse que, se os dois navios tivessem saído, se teriam salvo provavelmente mais náufragos. (…)o serviço de dois navios teria sido de grande utilidade e o número de pessoas salvas provavelmente muito maior. Ainda hoje não compreendo porque o comandante do Afonso de Albuquerque não solicitou o concurso deste navio”.

A incompreensão terá sido ainda maior porque o Gonçalves Zarco estava em envolvido em operações de socorro e resgate no Oceano Indico há vários meses.

Em Junho de 1942 os portugueses tinham recebido um pedido de ajuda do cônsul britânico da Beira. Dois navios, o “Atlantic Gulf” e o “Wilford” tinham sido afundados pelo submarino japonês I-10 no Canal de Moçambique, respectivamente a 5 e 7 de Junho, e com poucos recursos disponíveis pedia-se a nossa colaboração.

Durante vários dias o aviso português cruzou o Indico em busca de sobreviventes encontrando, no dia 13, dois tripulantes chineses do cargueiro norueguês “Wilford”. Tinham visto o seu navio ser afundando a tiros de canhão, e apresentavam feridas de alguma gravidade. Um, com 24 anos, tinha ferimentos na cabeça e fracturas expostas nos membros, enquanto o outro, de 35 anos, tinha sido atingido por estilhaços de projécteis.

Depois de vários dias no mar, ambos tinham “a roupa fétida”, as feridas “com infecções e supurentas” ou “necrosadas”.

Outros náufragos daqueles dois navios foram resgatados por navios de passagem e, alguns, seriam até deixados em Lourenço Marques para recuperarem das mazelas físicas e psicológicas.

Para premiar o empenho do aviso português, o cônsul britânico da Beira elogiou oficialmente os tripulantes do Gonçalves Zarco e ofereceu uma centena de cigarros a cada um dos tripulantes.

Poucos dias depois do Afonso de Albuquerque ter salvo os tripulantes do “Nova Scotia”, também o Gonçalves Zarco se veria no papel de salvador. A 7 de Dezembro saiu de Lourenço Marques, com ordens para regressar a Lisboa e, Marques Esparteiro, definiu um rumo que desenhava um arco largo que deixava a costa sul-africana a grande distância. Passou entre as 50 e as 60 milhas da costa para evitar quaisquer problemas, quer com navios aliados, quer com submarinos alemães.

A definição desta rota, tão longe das habitualmente percorridas, viria a permitir o salvamento dos únicos sobreviventes do cargueiro panamiano "Amarylis", afundado no dia 2 por um torpedo do submarino alemão U-181. Sob um tempo chuvoso o navio partiu-se ao meio e desapareceu em menos de cinco minutos. Apenas seis dos 37 homens a bordo conseguiram escapar num bote.

Quando o Gonçalves Zarco os encontrou, estavam há sete dias no mar e tinham sido arrastados mais de 300 milhas do local do naufrágio. Longe das principais rotas é possível que nunca fossem encontrados.

Os seis homens ficaram no porto do Lobito, em Angola, na primeira escala do navio de guerra português no Atlântico.


Os homens do Director

O Gonçalves Zarco retomaria a sua acção humanitária no Indico em 1944, agora sob comando do capitão de fragata Zola da Silva. Ao fim da tarde de 18 de Julho zarpou de Lourenço Marques para Nacala, onde deveria encontrar-se com o Afonso de Albuquerque para um exercício conjunto de tiro. Por volta das nove e meia da noite a tripulação avistou um luz vermelha. Parecia um very-light.

Seguiram-se outros e o Gonçalves Zarco mudou de rumo e ligou os projectores. Meia hora depois encontrou um bote com o comandante Weatherall, sete oficiais e 21 tripulantes do cargueiro britânico "Director", afundado no dia 15 por volta da 1 da manhã, no canal de Moçambique, por um torpedo do submarino alemão U-198.

Após o ataque os tripulantes dividiram-se por dois botes. Um deles morreria durante o embarque, mas os restantes 57 conseguiram abandonar o navio sem mais problemas. Os dois botes navegaram em conjunto até à noite do dia 16, mas depois separam-se. Um seria recolhido pelo navio português e do outro chegariam notícias da África do Sul, dias mais tarde.


Mar inseguro

O Indico, tal como o Atlântico, foi palco de inúmeros afundamentos, mas a guerra submarina, de um lado ou do outro tiveram aspectos diferentes. No Atlântico os navios viajavam normalmente em comboio, protegidos por vasos de guerra e, muitas vezes, também por aviões. No Indico os cargueiros seguiam demasiadas vezes sozinhos. Raramente existiam comboios e eram raras as escoltas.

Com um mar mediterrâneo cercado pelas forças do Eixo, os aliados começaram a enviar pela rota do Cabo os reforços e os abastecimentos necessários para manterem o Egipto.

As distâncias impediam uma presença constante de submarinos e os cargueiros seguiam as suas rotas de forma mais descuidada. Mas tanto alemães como japoneses perceberam o que se estava a passar e destacaram flotilhas de submarinos, acompanhadas de submersíveis de abastecimento, para realizavam - duas a três vezes por ano - surtidas que devastavam a navegação aliada.

Centenas de homens chegaram a Moçambique, pelos seus próprios meios ou desembarcados por navios salvadores. Para além das unidades de guerra portuguesas também estiveram envolvidos em diversos resgates navios de comércio e de pesca portugueses e moçambicanos.

Estão nessa situação o norueguês HaiHing, os gregos Corinthiakos e Cleanthis, os britânicos Dorington Court, Aelybryn, Tinhow e City of Cantoon. Entre o Atlântico e o Indico os portugueses arrancaram milhares de vidas ao mar.

São histórias quase esquecidas. Quase...

Carlos Guerreiro

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Bombardeiro de Faro na TVI



Amanhã (Quarta-feira, 21 de Janeiro) a história do bombardeiro americano que se despenhou em Faro em Novembro de 1943, vai ser recordada no programa “A Tarde é Sua” da TVI. 

Conversa com Fátima Lopes depois das 16 horas… 

Até lá.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Postalinho...
Napoleão: Até aqui também cheguei, Adolfo

Postal de propaganda britânico, provavelmente de 1942, onde o fantasma de Napoleão surge ao lado de Hitler, dando a entender que as conquistas do líder alemão estão longe de serem execpcionais, até porque ele próprio havia chegado bastante longe quando invadiu a Rússia.

De facto o general francês conseguiu entrar em Moscovo, antes de ser obrigado a abandonar o país devido à inexistência de abastecimentos que assegurassem a sobrevivência do exército durante o Inverno. Hitler ficou a cerca de 50 quilómetros da capital da União Soviética.

Carlos Guerreiro 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Jogos…
Heroes and Generals


"Heroes and Generals" é um jogo online multi-jogador que revela enorme potencial.

Por enquanto ainda está em fase de teste, mas dentro de alguns meses será lançado no mercado, o produto final.

É gratuito e está disponível para download, no Steam.


 Tem gráficos fabulosos, boa jogabilidade e um som fantástico.

Promete ser um jogo de sucesso.

 António Fragoeiro