Páginas
▼
domingo, 13 de junho de 2010
“O Fantasma do Pântano”… voltou a casa
Para os que olham aviões antigos com paixão, não há nada como ver um destes “velhos pássaros” recuperado… ou em vias disso.
Infelizmente isso acontece cada vez menos. Os destroços “viáveis” foram desaparecendo ao longo das últimas décadas, e a disponibilidade para gastar dinheiro nestas iniciativas também é reduzida. Felizmente ainda há quem arrisque e proporcione momentos únicos...
Na última sexta feira, 11 de Junho, no porto de Long Beach, na Califórnia, viveu-se um desses dias inesquecíveis… 68 anos depois de ter feito uma aterragem de emergência na Nova Guiné, um velho B-17 regressou a casa.
O avião (41-2446) saiu da fábrica, na Califórnia, em Novembro de 1941 e, pouco depois do ataque a Pearl Harbour, foi enviado para o Pacífico. Na sua primeira missão contra os japoneses, na ilha de Rabaul, em 23 de Fevereiro de 1942, foi atingido por fogo antiaéreo e realizou uma aterragem de barriga num pântano.
Os nove tripulantes – capitães Frederick C. Eaton e Henry Maynard Harlow, tenente George B. Munroe e sargentos Richard E. Oliver, Russell Crawford, Howard A. Sorensen, Clarence A. LeMieux e William E. Schwartz – escaparam ilesos, mas durante seis semanas andaram perdidos pelos pântanos e pelas florestas antes de conseguirem regressar às linhas americanas. Todos sobreviveram à guerra, mas não conseguiram ver o seu avião voltar a casa. O último faleceu em Janeiro deste ano, tratava-se de George B. Munroe.
O avião seria redescoberto em 1972 por uma patrulha aérea australiana. A meio dessa década foram removidas algumas das suas armas e, suspeita-se, desapareceram alguns apetrechos levados por saqueadores.
Nos anos 80 começaram a surgir propostas para a sua recuperação, mas o governo da Nova Guiné não se mostrou receptivo às iniciativas. Enquanto isso o velho B-17 ficava conhecido como “Swamp Ghost” (Fantasma do Pântano).
Em excelente estado de conservação, apesar de se encontrar numa zona remota e de difícil acesso, o avião começou a despertar o interesse de cada vez mais pessoas. Em 2006 foi finalmente passada uma licença e John Tallichet - filho de um piloto de B-17 - desmantelou o avião com a colaboração de uma equipa de especialistas. As enormes peças foram transportadas de helicóptero até ao porto mais próximo, com o objectivo de as embarcar para os EUA.
Surgiram, no entanto, novas dificuldades com o governo local e tudo parou. Nesta altura três dos tripulantes ainda eram vivos e Tinham conhecimento da operação de resgate. Mas questões burocráticas e outras, arrastaram o processo até agora.
Finalmente foi possível transportar o aparelho para os EUA e, na sexta-feira, dia 11 de Junho, a frente da fuselagem foi apresentada publicamente. Entre os que assistiram à chegada do “Fantasma do Pântano” estavam os filhos e netos de alguns dos tripulantes. O momento mais emotivo foi, no entanto, vivido quando a mulher de Richard Oliver – que faleceu em Agosto do ano passado - se aproximou da fuselagem com uma foto do marido.
“Sei que este é um dia feliz para o Dick. Tentou viver o mais possível para poder assistir a isto, mas não conseguiu”, explicou Linda Oliver, de 89 anos, à agência Associated Press.
Para o trazer de volta Tallichet gastou cerca de milhão e meio de dólares, mas ainda não decidiu o que vai fazer com ele. Existem várias hipóteses. Ou vai colocá-lo a voar ou irá simplesmente reconstruí-lo para o colocar em exposição. A decisão só será tomada nos próximos meses…
Para já o “Fantasma do Pântano” regressou a casa e deixou de ser um fantasma…
Nota: Esta notícia foi escrita baseada em informações dadas à Associated Press, que forneceu também as fotografias da cerimónia. As restantes imagens pertencem ao arquivo do site oficial desta operação de resgate, que pode consultar em http://www.theswampghost.com/
Lembra-me de ter lido no "Aterrem em Portugal" que também uma B-17 de nome "Suzane" repousa perto de Sesimbra tendo à altura toda a sua tripulação saído ilesa.
ResponderEliminarNuma altura em que o turismo procura novos polos de interesse, não deixo de pensar na posibildade da "Suzane" ser resgatada do fundo do mar, ou num local de mergulho de características únicas para todos os (respeitadores) visitantes.
Utilizar o vasto oceano de uma forma única e original foi algo que Portugal provou ser capaz no Século XV.
Fica o desafio para o Século XXI.
O B-24 perto de Faro - que abre o "Aterrem em Portugal" - já está "mergulhável" há algum tempo e já mereceu a atenção de algumas revistas internacionais.
ResponderEliminarPela experiência recolhida por essa experiência não é fácil localizar uma aparelho - por muito grande que seja - no fundo do mar.
Retira-lo seria uma dor de cabeça em termos logísticos e económicos. Está neste momento a decorrer uma experiência desse tipo em Inglaterra onde esperam retirar um tipo raro de bombardeiro alemão do fundo do mar. Estão ainda recolher fundos, mas será certamente uma experiência a acompanhar...
Um abraço
Carlos Guerreiro