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terça-feira, 6 de julho de 2010

II Guerra: Acordo permite expor livro de registos de Aristides de Sousa Mendes em Nova Iorque

Finalmente uma solução

Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.

Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.

João Crisóstomo, vice-presidente do projeto "Dia da Consciência", que procura divulgar o papel de Sousa Mendes no salvamento de milhares de judeus perseguidos pela Alemanha Nazi, disse à Lusa que o livro será oficialmente apresentado no Museu da Herança Judaica a 19 de julho, data que marca os 125 anos do nascimento do diplomata.

Inicialmente previsto para estar em Nova Iorque no dia 17 de junho, o "Dia da Consciência", a exposição chegou a estar em risco por causa das exigências do Instituto Diplomático, segundo aquela fonte.

"O Instituto Diplomático, que detém a guarda do livro, exigia que o mesmo fosse transportado por uma companhia especializada no transporte de peças de arte e segurado em 150 mil dólares (119 mil euros), o que era incomportável para o Museu", disse João Crisóstomo.

O livro de registos já esteve exposto no Museu há cinco anos, também por iniciativa de ativistas de Sousa Mendes na comunidade luso-americana.

As condições acordadas, segundo João Crisóstomo, são as mesmas de então: transporte por mala diplomática e um seguro de 25 mil dólares (20 mil euros).

Foi graças à intervenção direta do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que foi possível a vinda do livro nos mesmos moldes de há cinco anos, disse.

O livro deverá chegar à Missão de Portugal junto da ONU, em Nova Iorque, para ser entregue ao Museu, em princípio na próxima quarta feira.

Deverá ficar depois em exposição durante um ano numa vitrina no Museu da Herança Judaica especialmente criada para o efeito e ao lado do passaporte da senhora Kostman, a quem Aristides de Sousa Mendes concedeu um visto, permitindo, assim, a sua fuga para o Brasil.

Há cinco anos, também por iniciativa de João Crisóstomo, em colaboração com a International Raoul Wallenberg Foundation, o documento e a caneta com que Aristides de Sousa Mendes assinou alguns dos vistos, estiveram em exposição no mesmo museu durante cerca de dois anos.

O Museu da Herança Judaica fica no Batery Park City, no sul de Manhattan, virado para a baía de Nova Iorque com a estátua da Liberdade em fundo.

O seu objetivo é perpetuar a memória do Holocausto lembrando os milhões de vítimas que morreram às mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.

A Lusa contatou o Instituto Diplomático para pedir um comentário, mas ninguém se manifestou disponível para falar sobre o assunto.

O "Dia da Consciência" marca a data em que o então cônsul de Portugal em Bordéus começou a conceder vistos em massa a judeus e a outros refugiados sem autorização de Lisboa, permitindo-lhes a fuga para os Estados Unidos, América do Sul, entre outros destinos.

Esse dia foi marcado por várias iniciativas a nível mundial de homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus, que salvou milhares de judeus e outros refugiados das mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.

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