Jaime Graça, um dos divisionários portugueses, deu uma entrevista ao Jornal "Independente" em 1992, e contou a sua história enquanto combatente na Guerra Civil Espanhola e da Divisão Azul.
As informações foram avançadas durante a Conferência Portugal e o Holocausto, por Ricardo Silva, investigador da Universidade Nova de Lisboa, que tem estado a consultar os cerca de 47 mil processos individuais de divisionários e outra documentação nos arquivos em Alcalá de Henares, nos arredores de Madrid onde se encontra a maior parte da documentação referente à Divisão Azul, assim como no Centro de Documentação para a Memória História, em Salamanca, e registos em Portugal.
Pelo menos meia centena destes homens fizeram parte do primeiro contingente que partiu de Madrid e que entrou em combate na frente oriental no Outono/Inverno de 1941.
No final do conflito cerca de uma vintena de portugueses tinha perdido a vida a lutar pela divisão e dois tinham sido feitos prisioneiros pelos russos. Destes apenas um regressaria a Espanha em 1954, quando pouco mais de 200 sobreviventes dos cerca de 500 prisioneiros espanhóis foram repatriados.
A Divisão Azul foi formada pelo ditador Francisco Franco após a Guerra Civil Espanhola e pelas suas fileiras passaram cerca 47 mil voluntários, entre os quais 500 estrangeiros.
Os portugueses são o grosso deste último número esclareceu Ricardo Silva que pretende publicar os resultados da sua investigação em 2013, num livro que deverá trazer as biografias de cada um dos combatentes portugueses.
Os alemãos não tinham uma impressão muito positiva destes homens. Eram olhados como mulherengos incorrigiveis e uma espécie de horda indisciplinda sempre envolvida em roubos de galinhas e comida.
Mas depressa os divisionários foram obrigados a provar o seu valor na União Soviética, combatento nomeadamente, em Leninegrado. No final da guerra a Divisão Azul tinha sofrido cerca de 5000 baixas.
"Cerca de dois terços dos portugueses alistados na Divisão Azul já tinham combatido ao lado das forças franquistas durante a Guerra Civil Espanhola", disse Ricardo Silva, acrescentando que os portugueses se alistaram por "um misto de ideologia, catolicismo, anticomunismo e aventura".
Na fase final também houve vários alistamentos por razões económicas.
"A maior parte nem sabia muito bem o que era o regime nazi e só se aperceberam do que se estava a passar, nomeamdamente, com os judeus quando chegaram à frente", esclareceu ainda o investigador que tem a certeza de que os portugueses tomaram consciência muito cedo dos crimes que estavam a ser cometidos.
A investigação está próxima de ficar concluída. Confirmados estão, como já foi referido, 147 portugueses entre as hostes da divisão azul, mas esse número poderá crescer, tanto porque ainda existem processos por abrir, como também existem dúvidas em relação a alguns dos nomes que já foram recolhidos.
Ricardo Silva não coloca também de parte a possibilidade outros portuguese terem lutado noutras formações ao lado das forças alemãs e tem quase a certeza que entre as SS também houve elementos lusos.
Carlos Guerreiro (com Lusa)
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