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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Três portugueses no centro da tragédia

No dia em que se comemora o “Dia Internacional do Holocausto” recordam-se também, numa exposição, as acções e três portugueses que em períodos diferentes da II Guerra Mundial se envolveram no salvamento de milhares de pessoas – a maioria judeus – que de outra forma teriam morrido às mãos de Hitler.

Aspecto da exposição sobre os três diplomatas portugueses.
(Foto: Hugo Araújo/J.F. dos Anjos)

Numa iniciativa da Junta de Freguesia dos Anjos, em Lisboa, encontra-se na sede do Conselho Distrital da ordem dos Advogados (Rua dos Anjos, 79), uma exposição documental com o nome “Vidas Poupadas – A Acção de Três Diplomatas portugueses na II Guerra Mundial”. Os três diplomatas são Aristides de Sousa Mendes, Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho.


A história do primeiro é talvez a mais conhecida. Na exposição vai ter oportunidade de ver cópias dos documentos que foram trocados entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o cônsul de Bordéus durante o curto período em que passou milhares de vistos a estrangeiros, contra as ordens do Governo português. Também lá estão a nota de culpa do processo disciplinar, as inquirições, autos diversos, cartas e toda a documentação oficial relacionada com o caso.




Sampaio Garrido (ao lado).





Após a inauguração da exposição foi também descerrada uma placa em memória de Sampaio Garrido, junto à Delegação Distrital da Ordem dos Advogados.
(Foto: Hugo Araújo/J.F. dos Anjos)

Por desrespeitar as ordens Sousa Mendes seria expulso da carreira diplomática, sendo reabilitado apenas depois do 25 de Abril. Pelos seus actos Sousa Mendes foi agraciado, em 1967, com a medalha dos justos pela instituição israelita Yad Vashem.

Até 2010 seria o único português a ver atribuída uma medalha e uma árvore com o seu nome no museu do holocausto. Nesse ano também Sampaio Garrido seria distinguido pela sua acção na Hungria em 1944, quando conseguiu – com a colaboração posterior  de Teixeira Branquinho – salvar cerca de um milhar de judeus húngaros que de outra forma teriam certamente sido deportados para campos de concentração.

A história destes dois homens é menos conhecida mas foi recuperada em 2008 numa grande reportagem  dos jornalistas Sofia Leite e António Louçã, que passou na RTP. O trabalho viria receber o mais alto galardão atribuído a um trabalho jornalístico – o Prémio Gazeta…

Aproveite o fim de semana e conheça um pouco da nossa história, numa reportagem excelente…

“A lista de Chorin” – reportagem RTP – parte 1

“A lista de Chorin” – reportagem RTP – parte 2

Já agora sugiro que tentem levar para casa o catálogo da exposição. É um documento que faz um resumo muito interessante da vida e do trabalho dos três homens...

Um bom fim de semana
Carlos Guerreiro



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