Na próxima sexta de manhã, durante as Jornadas do Mar que estão a decorrer na Escola Naval em Lisboa, vou abordar este assunto com alguma profundidade e prometo ir dando notícias sobre a evolução do trabalho.
De resto espero que a divulgação da evolução da tese também me traga novas informações, nomeadamente, de outros interessados neste tema e especialmente de familiares de marinheiros portugueses que tripulavam estes navios redentores... Agradeço, por mais esta razão, o máximo de partilhas deste texto.
Por agora deixo uma das dezenas de histórias que fui encontrando...
O caso Peleus
Pouco depois do meio-dia do dia 20 de Abril de 1944 o navio português Alexandre Silva encontrou sobre uma jangada três náufragos, ex-tripulantes do cargueiro grego “Peleus” que fora afundado mais de um mês antes – a 13 de Março – por um submarino alemão quando seguia sozinho na rota entre Freetown e Buenos Aires.
Mal sabiam os portugueses quando desembarcaram os três homens – dois de nacionalidade grega e um maltês – no Lobito, no dia 27 de Abril, que iriam abrir um dos capítulos mais negros da história da marinha alemã durante o período da II Guerra Mundial. Antonios Lissis, Dimitrios Argiros e Roco Said eram os únicos sobreviventes de um massacre perpetrado pelo comandante e alguns tripulantes do submarino alemão U-852.
O navio "Alexandre Silva", da Sociedade Geral. |
O comandante alemão, Heinz-Wilhelm Eck, interrogou primeiro um dos oficiais gregos e depois ordenou que matassem todos os náufragos. Durante toda a noite foram atiradas granadas e feitos disparos de metralhadora que eliminaram a quase totalidade dos que estavam na água. Sobreviveram quatro tripulantes que conseguiram esconder-se em duas jangadas.
Antes de serem recolhidos pelo Alexandre Silva, da Sociedade Geral de Comércio Indústria e Transportes, um dos quatro homens morreu na sequência de ferimentos que tinha sofrido na sequência da explosão de uma granada.
Nos princípios de maio de 1944 o U-852 foi alvo de um ataque aéreo perto da costa da Somália, deixando-o com graves avarias que obrigaram a tripulação a encalhar o submersível junto à costa. A bordo os britânicos encontraram relatórios que referiam o afundamento de um navio no dia e na zona onde se registara o incidente com o Peleus.
Em Outubro de 1945 cinco elementos do U-852 foram formalmente julgados por crimes de guerra em Hamburgo. Condenados à morte Eck e dois outros oficiais seriam executados em Novembro do mesmo ano, ficando para a história como os únicos tripulantes de U-boat’s a sofrerem pena capital por crimes de guerra...
Carlos Guerreiro
As histórias que temos que conhecer.
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