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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

«Conferência Portugal e o Holocausto»
Que sabia Salazar do Holocausto

A questão de se saber quando e o que conhecia Salazar sobre o holocausto e os massacres que ocorriam nos territórios ocupados pelos alemães, foi um dos temas que concentrou parte importantes das atenções dos participantes do Congresso Portugal e o Holocausto que decorreu na Fundação Gulbenkian na última semana.

O tema acabaria por se tornar central depois da apresentação de um estudo de João Campos Neves do ISCTE, que abordou a questão das missões de observadores militares do Estado-Maior Português à Alemanha e às frentes de batalha no Leste da Europa durante a II Guerra Mundial.

Oficiais portugueses que em 1942 estiveram na frente russa, com tropas alemãs, para realizar um visita técnica. Aqui estão rodeados por mulheres de uma aldeia Ucraniana. 
Foto publicada numa reportagem da revista "Sinal" de Dezembro de 1942.

Em 1941 e 1942 pelo menos três missões militares portuguesas realizaram visitas técnicas e de estudo à frente oriental, um assunto que também já foi abordado aqui no “Aterrem em Portugal” (ver "Oficiais Portugueses na Frente Russa")

Avrahm Milgram mostrou-se surpreendido com este estudo pois as visitas realizaram-se às zona do Báltico e da Ucrânia, em locais onde tiveram lugar massacres de milhares de judeus na mesma altura.

Os relatórios que se encontram nos arquivos militares não incluem referências à perseguição dos judeus, mas a historiadora Irene Pimental – que estuda este tema há muito - garantiu que existem referências aos massacres, recolhidos durante aquela visita, pelos observadores militares portugueses.

Os testemunhos não integram o relatório de âmbito técnico-militar, mas poderão ser encontrados nos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros para onde estas informações terão sido encaminhadas.

Recorde-se que a pasta dos Negócios Estrangeiros – tal com a do Ministério da Guerra – também estava nas mãos do presidente do Conselho, Oliveira Salazar.

"Não está no relatório, mas Portugal começou a saber de tudo durante missão de 1941. Encontram-se informações sobre os massacres de judeus nos países bálticos e sobre as perseguições na Alemanha. Há também informações que chegaram através de elementos da Divisão Azul espanhola (contingente espanhol na frente Leste junto do Exército alemão e onde se encontravam portugueses) e que também assistiram aos crimes", assegurou Irene Pimentel.

Carlos Guerreiro (com Lusa) 
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Para ler mais sobre a Conferência Portugal e o Holocausto clique AQUI.

3 comentários:

  1. "Os relatórios que se encontram nos arquivos militares não incluem referências à perseguição dos judeus" "Não está no relatório" então o que prevalece ? os documentos ou o diz que diz de boca ? fico confuso .

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  2. Basta ler o paragráfo seguinte com atenção...

    Existem vários tipos de arquivos. Nos militares não existirão referências, mas há outros relatórios - neste caso nos arquivos do Ministério do Negócios Estrangeiros (arquivo civil) - onde existirão referências aos factos citados...

    Espero que tenha ficado esclarecido...

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  3. " mas poderão ser encontrados nos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros" bem parte do principio que a leitura não é atenta , posso partir do principio que a palavra "poderão" ainda quer dizer ter ocasião de ,possibilidade de ,estar arriscado a ...Bem na resposta do senhor passa de poderão para "há" ora sendo que há significa haver nesse caso é simples é só mostrar ou não ? enquanto isso se me permite acho que vou ficar pelo poderão e o seu significado .

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