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domingo, 25 de novembro de 2012

Fugitivos de Franco passaram por Lisboa


O diário espanhol “El País” consultou os arquivos da Embaixada Mexicana em Lisboa no período que se seguiu à 2ª Guerra Mundial e descobriu documentação relacionada com pelo menos meio milhar de refugiados espanhóis que escaparam através de Portugal para o México, com o apoio das autoridades daquele país.

Tratam-se de homens e mulheres que tinham lutado do lado republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Gilberto Bosques, Embaixador do México em Lisboa
Muitos tinham sido presos após ou durante o conflito, foram condenados à morte e depois indultados, mas com pesadas penas de prisão para cumprir.

Na perspectiva de cumprirem 20 ou 30 anos de cárcere tinham decidido fugir e o México a oferecia solidariedade a estes combatentes da democracia.

Outros tinham recebido indultos totais mas continuaram alvo de perseguições por parte de vizinhos, exército ou policia.

O apertar do cerco e o crescendo de ameaças também os fez fugir para Portugal.

Os interrogatórios são quase na totalidade na primeira pessoa e contam casos de resistência, tortura, dor e medo.

Para sobreviverem uns fizeram passar-se por loucos, outros viveram escondidos durante anos e há também quem tenha integrado grupos de guerrilheiros que continuaram a combater Franco até bastante depois do fim da guerra civil.

Os casos consultados referem-se aos anos entre 1946 e 1948.

No centro desta actividade estão Gilberto Bosques, o Embaixador do México em Lisboa, e o Unitarian Service Comitte, uma organização americana de apoio a refugiados que se tinha instalado em Lisboa durante a II Guerra Mundial.

Gilberto Bosques é uma personalidade bem conhecida no México pelo seu apoio aos refugiados da guerra civil espanhola, mas também a outros que durante os anos da Guerra Mundial procuravam uma fuga aos fascismos que controlavam vários países europeus.

No México foi construído há poucos anos um museu em sua memória (ver AQUI).

O papel do Unitarian  Service Comitte no nosso país durante estes anos está ainda por escrever.

Sabe-se que ajudaram muitos refugiados respublicanos - existem relatórios da PVDE sobre a sua actividade - e também recolheram e ajudaram muitas pessoas que escapavam de Hitler.

Nas Caldas da Rainha geriram uma quinta por onde também passaram aviadores internados no nosso país.

O artigo do El País refere ainda as dificuldades que estes republicanos enfrentavam quando entravam em Portugal.

O governo de Salazar tinha grande proximidade com o de Franco e os refugiados capturados eram devolvidos às autoridades do outro lado da fronteira.

O artigo completo do “EL País”, onde pode encontrar ligações para informações complementares e cópias de alguns dos documentos, pode ser lido AQUI.

Um artigo em português sobre o mesmo tema pode ser encontrado AQUI.

Boas leituras
Carlos Guerreiro

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