O programa em Bristol começa por volta das 10 horas da manhã e, além da colocação da placa, incluí ainda uma visita ao velho aeroporto de Whitchurch, há muito desactivado, e que se encontra mesmo ao lado de Bristol. Entre os presentes vão estar alguns descendentes de pessoas que seguiam no Voo777.
Se alguém estiver interessado pode contactar-me que passarei as informações a quem de direito. Segundo sei a organização está a tentar encontrar hotéis mais baratos entre outras facilidades.
Para quem não sabe durante toda a II Guerra Mundial, Portugal continuou a receber aviões civis oriundos de todos os países beligerantes.

A foto foi-me cedida por Patrick Gerassi. À esquerda está a mãe dele – Helen Gerassi - seguem-se Leslie Howard, Alexander Gulbekian e Chenalls.
A descrição do abate do Voo 777, que se segue, foi retirada do livro que dá nome a este blogue: “Aterrem em Portugal”, entre as páginas 39 a 45.
(…) O incidente ocorreu no primeiro dia de Junho de 1943. Entre os passageiros que nessa manhã entraram para o voo 777, encontrava-se Leslie Howard, um actor no pico da fama, depois da participação em clássicos como a “Pempinela Escarlate” e “Tudo o vento Levou”.
Acompanhavam-no mais 12 passageiros e três tripulantes, de origem holandesa, que haviam fugido com o avião para Inglaterra depois dos alemães invadirem o seu país. O ataque deu-se já sobre a baía da Biscaia e foi realizado por oito JU-88´s da V esquadrilha do Grupo de Combate (Kampfgeschwader – KG) 40, com sede em Bordéus -Mérignac.
Segundo o livro “Bloody Biscay” de Chriss Goss, que aborda a história da esquadrilha alemã, o ataque foi acidental. Nas entrevistas que realizou, seis pilotos envolvidos na acção, asseguram que o ataque só aconteceu porque confundiram o aparelho com um avião militar.
O objectivo da missão era proteger dois submarinos alemães, que se encontravam naquela zona. Devido ao mau tempo não foi possível localizá-los, mas a patrulha continuou e, perto das 12.45 horas, avistaram a silhueta de um avião com o perfil de um aparelho inimigo.
Os aviadores afirmaram não ter conhecimento de que aquela rota era utilizada por voos civis. O avião da BOAC foi atacado de duas direcções diferentes. Um dos motores e uma asa incendiaram-se. Só nessa altura o comandante, Herbert Hintze, se terá apercebido que estavam perante um avião civil e mandou suspender o ataque, mas já era tarde demais.
“Estou a ser seguido por aviões desconhecidos. Estou a acelerar.... estamos a ser atacados.
Tiros de canhão e balas tracejantes estão a atravessar a fuselagem. Estamos a rezar e a fazer o nosso melhor”. Estas foram as últimas palavras emitidas, através do rádio, por Quirinus Tepas, o comandante do voo 777. Em seguida despenhou-se no mar matando as 17 pessoas que seguiam no seu interior.
Poderia ser apenas mais um incidente numa guerra onde se repetiam, quase diariamente, os combates aéreos sobre a Baía da Biscaia, mas logo depois dos acontecimentos avolumaram-se as suspeitas que apontavam para um ataque deliberado. Uma teoria, que o próprio Winston Churchil sustentou na sua autobiografia, até porque acreditava que poderia ser ele o alvo da operação.
No aeroporto da Portela concentravam-se espiões de todas as nacionalidades para acompanhar, de forma bastante atenta, os embarques e desembarques que ocorriam. O que alguns defendem é que nesse dia terá existido um engano na identificação dos passageiros.
Sabia-se que Churchil estava em viagem. Deslocara-se ao Norte de África, para se encontrar com o General Eisenhower, e o regresso à Grã-Bretanha poderia ser uma oportunidade única para o eliminar. Desde o mês anterior que circulavam rumores apontando para a possibilidade do regresso se fazer através de Lisboa. Na Portela, embarcou, nesse dia, um homem que correspondia à descrição do fleumático primeiro-ministro Inglês.
Alfred Chenhall tinha o mesmo perfil que Winston e também gostava de fumar charutos. Era contabilista particular de Leslie Howard que, por outro lado, correspondia à descrição de um dos guarda-costas mais conhecidos do primeiro ministro. Tudo pormenores que, segundo os defensores da teoria do abate intencional, poderão ter causado a confusão de que resultou a destruição do voo 777.
Existem ainda outras teorias que tentam justificar o incidente e apontam para a suspeita de que Howard era um espião. Durante a sua digressão por Espanha e Portugal, para promover a carreira, teria recolhido informações importantes, que os alemães não queriam ver chegar a Inglaterra. Outros passageiros são também apontados como potenciais espiões ao serviço da causa aliada.
Estava também a bordo Wilfrid Israel, um judeu e activista anti-nazi, com ligações muito próximas ao governo britânico e que há muito denunciava a existência dos campos de concentração. A sua presença é para muitos uma das possíveis razões para este acontecimento. O principal objectivo seria o de afastar uma voz incómoda para Hitler.
A morte de Howard e dos restantes passageiros teve repercussões em Portugal. A teoria de uma conspiração parece ter-se enraizado entre alguns responsáveis do Governo de Salazar que, logo em Outubro de 1943, trataram de expulsar uma das figuras chave da espionagem alemã no país.
Kuno Weltzein é apontado como o homem que terá enviado a informação relatando a suposta presença de Churchil no aparelho. (…)
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