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quarta-feira, 29 de maio de 2019

O incidente do Serpa Pinto (2)
Transporte de refugiados durante a Guerra

Depois de termos construído uma cronologia do incidente que em 26 de Maio de 1944 quase levou ao afundamento do navio Serpa Pinto, vamos olhar neste artigo para o navio e o seu envolvimento no transporte de refugiados durante a II Guerra Mundial. Tentamos também enquadrar a sua actividade no contexto nacional e internacional recorrendo para isso a fontes diversas entre as quais destaco o trabalho da historiadora Irene Pimentel, uma das das primeiras a escrever sobre este tema.

O Serpa Pinto no porto de Lisboa.
O Serpa Pinto pertencia à Companhia Colonial de Navegação (CCN), fundada em 3 de Julho de 1922 por um conjunto de empresários com negócios em Angola e na Guiné, que não viam as suas necessidades satisfeitas pelas companhias existentes, nomeadamente, a Companhia Nacional de Navegação.

No princípio da II Guerra Mundial a sua frota era constituída por quatro paquetes – o Mouzinho, o Colonial, o João Belo e o Guiné –, seis unidades de carga – o Cassequel, o Ganda, o Malange, o Lobito, o Pungue e o Sena -, para além de rebocadores, batelões e outras unidades de porte mais reduzido operando em portos do continente, África Ocidental e Oriental.

A empresa, uma das maiores do sector naquela época ao lado da Companhia Nacional de Navegação, mantinha rotas de Lisboa para o norte da Europa, EUA, América do Sul, África Ocidental e Oriental.

O Serpa Pinto foi adquirido em Março de 1940, para assegurar uma nova rota para o Brasil, onde se registava um aumento do transporte de passageiros e carga. Tinha sido construído nos estaleiros da Belfast Workman, Clark & C. Lda, na Irlanda do Norte, e entregue em 1915 com o nome “Ebro” a uma empresa de armadores britânica. Logo nesse ano foi vendido à “Yugoslavensky Lloyd”, da Jugoslávia, navegando com o nome “Princesa Olga”, até ser vendido à CCN.

Em termos de dimensões o Serpa Pinto e o Mouzinho foram, durante aquele período, os maiores navios da frota ao serviço da "Colonial", tendo ambos pouco mais de 147 metros de comprimento, e, respectivamente, 606 e 700 acomodações para passageiros. O primeiro permitia o transporte de 537 passageiros em primeira classe, 73 em segunda, 109 em terceira e 249 nas cobertas, caso fosse necessário. Uma capacidade importante tendo em vista o turbulento período que se aproximava e que transformaria Lisboa no principal porto de saída para milhares de refugiados que procuravam escapar ao poder ideológico e militar de Hitler.


Portugal e o transporte de refugiados durante a II Guerra Mundial

Os primeiros refugiados do nazismo chegaram a Portugal pouco depois da subida de Hitler ao poder e até 1936 vários integraram-se na sociedade portuguesa. Com a implementação de leis antissemitas mais restritivas na Alemanha, especialmente a partir de meio da década de 30, aumentaram também os que tentavam escapar para paragens mais seguras.

Para evitar este crescente fluxo – constituído essencialmente por refugiados judeus ou políticos - vários estados europeus implementaram legislação que impedia a sua passagem e instalação. Também Portugal efectivou, em 1936, leis que restringiam a entrada e a permanência dos que fugiam ao nazismo e, a partir de 1938/39, esse bloqueio acentuou-se com a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) a intervir de forma mais enérgica na zona fronteiriça.

Mesmo assim chegaram ao porto de Lisboa, até Agosto 1939, vários paquetes alemães oriundos de Hamburgo trazendo refugiados que aqui demandavam a navios holandeses, espanhóis, gregos ou italianos seguindo rumos a destinos além-mar onde ainda autorizavam a sua permanência. Durante este período as companhias portuguesas mantiveram-se centradas nas suas rotas tradicionais, com carga e passageiros a seguirem para as colónias africanas e ilhas adjacentes enquanto para as Américas e para os portos do norte da Europa a aposta passava essencialmente pelo transporte de mercadorias.

Em 1940, com a ocupação da França pelas forças nazis chegaram milhares de pessoas ao país, tornando mais difícil conter e controlar a chegada de forasteiros. Este período coincide também com o desaparecimento dos portos portugueses das importantes marinhas mercantes dos países que entretanto tinham entrado na guerra - por vontade própria ou não - nomeadamente, a Holanda (maio de 1940), a Itália (Junho de 1940) ou a Grécia (Outubro de 1940), o que causou um importante desequilíbrio entre a oferta e a procura de passagens para o outro lado do Atlântico.

Aos refugiados restava viajar em unidades navais neutrais brasileiras, suecas, espanholas ou americanas, enquanto as companhias portuguesas, nomeadamente, as que tinham unidades de passageiros como a Colonial, a Nacional ou a Insular despertavam para um mercado que, at´
e aí, tivera importância residual na sua actividade comercial. É especialmente a partir de 1941 que os armadores nacionais vão apostar em rotas periódicas para os EUA ou disponibilizar-se para fretamento dos seus navios por associações ou grupos de apoio a refugiados, portuguesas e estrangeiras, entretanto instaladas em Lisboa.

Mesmo assim as dificuldades para adquirir um bilhete vão sentir-se de forma premente e em 1941 obter lugar num navio torna-se uma questão crítica até porque os vistos, tanto de permanência como de viagem, têm prazos de utilização limitados e muitos caducam antes de ser possível embarcar. Por outro lado subiram os preços das passagens. Se antes da invasão da França o custo de uma viagem daquele país para Nova Iorque rondava os 145 dólares, em Outubro de 1940, saindo de Lisboa, pagavam-se já 195 e em Fevereiro do ano seguinte 350.

Dados contidos no livro "Judeus em Portugal 
durante a II Guerra Mundial" de Irene Pimentel.

De salientar que houve navios vários navios portugueses a realizar o transporte de refugiados ainda antes de 1941, apesar desse número ser relativamente reduzido. Em 12 de setembro de 1940, por exemplo, o paquete “João Belo”, na sua rota habitual para Moçambique, levou até ao Congo Belga cerca de uma vintena de judeus belgas que tinham chegado a Lisboa a bordo do “Dora”, um pequeno navio fretado e que fora impedido de chegar ao destino devido ao confronto entre as frotas britânica e francesa no norte de África.

Em Novembro de 1940 a imprensa americana já dava conta de que o Governo de Salazar tinha autorizado aos armadores portugueses o estabelecimento de linhas entre Lisboa e Nova Iorque, enquanto em maio do ano seguinte noticiavam que 14 navios tinham sido desviados das habituais rotas coloniais para assegurar o transporte de passageiros e mercadorias como trigo, carvão e fertilizante entre os dois países. Vários são de pequena tonelagem e com reduzida capacidade de alojamento, como eram o caso do Guiné, do São Thomé, do Pungue ou do Lobito, mas nesta rota surgem também unidades com grande número de acomodações como eram o caso do Quanza, do Niassa, do Carvalho Araújo ou do Serpa Pinto.


Serpa Pinto: o navio do Destino

O “Serpa Pinto” assume cedo um papel de destaque nesta nova realidade e nos primeiros oito meses de 1941 transporta mais de 3000 passageiros, superando em quase um milhar o navio seguinte, o Niassa, como se pode ver pelos dados reunidos no Quadro 1 - copiado do livro de Irene Pimentel "Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial" - e que lista os passageiros transportados por diversos navios portugueses durante o período referido.

Deve ter-se em conta que tão elevado número de passageiros transportados não resulta apenas da capacidade, mas também das rotas percorridas. Uma viagem de ida e volta entre Lisboa e os portos coloniais da África Oriental poderia prolongar-se por vários meses enquanto uma ida e volta áo continente americano, mesmo com diversas paragens, se podia fazer em mês e meio.

Lista de viagens do Serpa Pinto
com refugiados, construída com base
nas listas de passageiros da Joint.
Entre a documentação disponibilizada on-line pela American Jewish Joint Distribution Committee (Joint), uma das instituições americanas que em Lisboa organizou e financiou a evacuação de refugiados judeus para diversos destinos, encontram-se listas de passageiros confirmando que entre 1941 e 1945 o Serpa Pinto realizou pelo menos uma vintena de viagens entre Lisboa e portos nas américas do norte, do sul e das Caraíbas.

A imagem do Serpa Pinto tornar-se-ia icónica. São diversas as fotografias assinalando a saída de refugiados de Lisboa que mostram o navio. Personalidades famosas como Marcel Duchamp ou Simone Weil cruzaram nele o Atlântico e o escritor Stefan Zweig lembra-o nas suas memórias. O seu nome surge em reportagens e mais recentemente as suas deambulações de guerra foram retratadas pela obra da belga Rosine De Dijn, “O Barco do Destino”.

Curiosamente numa das viagens, que teve lugar em Junho de 1942, o navio atravessou o Atlântico até ao Rio de Janeiro e Nova Iorque levando mais de 400 judeus e no regresso trouxe 940 diplomatas e outros cidadãos alemães expulsos na sequência da entrada do Brasil na guerra. Das suas aventuras em tempos de guerra merece ainda destaque o salvamento, a 8 de Outubro de 1940, de 22 tripulantes do navio grego Antonios Chandris afundado no Atlântico Sul.

Carlos Guerreiro

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segunda-feira, 27 de maio de 2019

«Escaparate de Utilidades»
Casa Inglesa

Jornal "Sporting", 20 de Maio de 1940

sexta-feira, 24 de maio de 2019

O incidente do Serpa Pinto (1)
A cronologia de uma ameaça de naufrágio

Nas próximas semanas vamos desenvolver o caso da abordagem do navio Serpa Pinto por um submarino Alemão em Maio de 1944. Hoje apresentamos uma cronologia dos acontecimentos e fica prometido que lá mais para a frente escreveremos também sobre outros questões relacionadas com este incidente.

O navio "Serpa Pinto" interceptado 
em 26 de Maio de 1944 por um U-boat alemão.
No dia 26 de Maio de 1944, às 00.10 horas, o navio português Serpa Pinto foi interceptado na viagem entre Ponta Delgada e Filadélfia pelo submarino alemão U-541 que após uma inspecção ameaçou afundar o paquete, com a justificação de que este transportava mercadoria para os EUA e para o México - países inimigos da Alemanha - e ainda cidadãos em idade militar também oriundos de nações adversárias.

Durante a madrugada centenas de tripulantes e passageiros foram obrigados a abandonar o navio, esperando em baleeiras que se concretizasse a ameaça de afundamento. Ao raiar do dia o comandante alemão recebeu ordens de Berlim para deixar o Serpa Pinto prosseguir viagem. Dois passageiros de nacionalidade americana, em idade militar, foram detidos e levados para Lorient, base para onde o U-541 regressou a 22 de Junho. Três outras pessoas, dois tripulantes e uma criança que vinha como passageira, faleceram durante o processo de abandono do navio.

O comandante Américo dos Santos tinha saído de Lisboa com o Serpa Pinto, da Companhia Colonial de Navegação, a 16 de Maio, fazendo escala no Porto (18 de Maio) e Ponta Delgada (21 de Maio) antes de rumar a Filadélfia. A bordo seguiam 158 tripulantes e 228 passageiros – 179 embarcados em Lisboa; 19 no Porto e 30 em Ponta Delgada -, muitos deles refugiados, alguns com destino aos EUA e outros com vistos para o Canada e para a Austrália.

A intercepção e fiscalização pelo submarino alemão tiveram lugar nas coordenadas 35º 58'N de latitude e 53º35´W de longitude, a cerca de 600 milhas do destino. Para uma compreensão mais clara do que aconteceu durante o dia de 26 de maio elaborou-se uma cronologia que resume os principais momentos deste incidente e que reúne material recolhido em relatórios e documentação oficial disponível em diversos arquivos portugueses:

00.10 Horas
- Avistamento de sinais luminosos pelo través de estibordo, ouvindo-se também uma rajada de metralhadora que terá servido para chamar a atenção do Serpa Pinto.

00.20 Horas
 - O comandante do Serpa Pinto dá ordem para a parar as máquinas na Latitude 33º 58’ Norte e Longitude 53º 35’ Oeste. A embarcação estranha envia por sinais luminosos a mensagem: “Send a Boat”. Na água é possível perceber-se o recorte da silhueta de um submarino.
 - Do Serpa Pinto é enviada uma baleeira comandada pelo imediato Manuel Valente de Pinho. Leva consigo documentos e passaporte do navio, manifesto de carga, listas de tripulantes e de passageiros.

01.00 Horas
- A baleeira regressa ao navio português trazendo a bordo um oficial alemão acompanhado de um marinheiro armado. O imediato Valente de Pinho ficou retido no submarino tal como os documentos do navio.
- Todos os passageiros e tripulantes são chamados para o tombadilho de 1ª Classe.
- O militar alemão mostra interesse na carga – grande parte vinho e aguardente – e nos passageiros de nacionalidade americana com idade militar. Diz ao português que a carga é ilegal e em relação aos passageiros americanos mostra-se surpreso por vários não falarem inglês. O comandante explica que apesar de terem nascido nos EUA faziam parte da comunidade portuguesa e só falavam português.
- O oficial alemão seleccionou um passageiro – Camillo Grande Perez, de 24 anos - nascido no Canadá para o acompanhar até ao submarino. Ordenou que fosse ao camarote buscar alguma roupa e esperou o seu regresso, mas ele aproveitou o momento e escondeu-se. Perante a ameaça de afundamento imediato o homem foi procurado e encontrado pelos restantes passageiros e tripulantes, sendo entregue aos alemães.

01.40 Horas 
- O oficial alemão termina a inspecção aos documentação do navio e à lista de passageiros, reembarcando na baleeira levando o jovem nascido no Canadá.

02.15 Horas 
- O Imediato regressa a bordo do Serpa Pinto dizendo que o comandante alemão exige que abandonem o navio o mais rapidamente possível pois pretende afundá-lo.

02.20 Horas 
- É dada ordem para arrear as baleeiras e abandonar o navio. As 385 pessoas embarcaram nos salva-vidas no tempo estipulado. A operação foi facilitada pelo bom estado do mar e pelo facto de todos os passageiros se encontrarem reunidos no tombadilho de Primeira Classe.

02.35 Horas 
- O Serpa Pinto encontra-se parado e abandonado por todo o pessoal.
- Algumas baleeiras afastam-se, mas o capitão Santos mantém-se perto esperando que se concretize o afundamento.
- Segundo o relatório do capitão Américo do Santos, o Submarino “não fazia senão pavonear-se pelo meio das baleeiras cheias de gente que vivia ali um dos momentos mais cruciantes da sua vida”.

05.00 Horas 
- As baleeiras estão a dispersas pela água e algumas encontram-se já muito afastadas do Serpa Pinto.

07.00 Horas 
- O submarino aproxima-se da baleeira do comandante português e capitão alemão - Kurt Petersen -ordena que este suba a bordo. Américo dos Santos pede aos tripulantes que esperem pelo seu regresso, mas os alemães empurram o salva-vidas para longe com os pés e prosseguem a marcha.
- O comandante do U-boat informa que espera autorização de Berlim para realizar o afundamento.
- Américo dos Santos alerta os alemães para o facto de várias baleeiras estarem muito distantes, situação que poderá dificultar o reembarque caso Berlim não autorize o afundamento. Petersen permite que se utilize um megafone para reunir as embarcações dispersas e informa ainda dos Santos que, caso se confirme a ordem de afundamento, ele ficará como refém.

07.30 Horas 
- O telegrafista do submarino sobe à torre do submarino com uma mensagem, mas ainda não é a resposta definitiva.

08.00 Horas
 - Chega ao submarino a informação de que o Serpa Pinto não deverá ser afundado.

08.15 Horas 
- Américo dos Santos recebe a documentação do navio. É chamada uma baleeira e ele embarca com ordens para enviar para bordo do submarino dois passageiros americanos em idade militar, nomeadamente os que têm os números 45 e 112 na lista de passageiros.
- O reembarque de tripulantes e passageiros no Serpa Pinto prolonga-se por três horas.

11.15 Horas 
- Todos os tripulantes e passageiros estão de regresso ao Serpa Pinto e isso inclui o cidadão canadiano retirado pelos alemães horas antes.
 - Procedeu-se à chamada de todos os passageiros e tripulantes, detectando-se a falta de três pessoas: Uma criança de 16 meses chamada Beatrice Trapunski, filha de Abraham e Eva Trapunsky, embarcados em Lisboa com destino ao Canadá; o médico António Ferreira Machado que caiu à água durante o embarque nas baleeiras e, por fim, o cozinheiro Hermano António que terá sido atingido por uma peça da equipagem quando as baleeiras foram lançadas à água.

12.15 Horas 
- Manuel Pinto e Virgílio Magina, americanos em idade militar foram entregues ao submarino.

17.00 Horas
 - Termina a operação de içar as baleeiras e o Serpa Pinto continua a viagem.

Na próxima semana voltaremos a abordar este incidente com o Serpa Pinto com o objectivo de ficar a saber mais sobre o navio, os passageiros e outras questões relacionadas com o caso.

Carlos Guerreiro 

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quinta-feira, 23 de maio de 2019

O “Ganda” recolheu náufragos do “British Grenadier”


Neste dia em 1941 o cargueiro português "Ganda" encontrou sobreviventes do navio britânico "British Grenadier"...

Não foi possível encontrar muita informação sobre este caso, mas o que se sabe pode ser encontrado AQUI...

Boas leituras.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

"Música degenerada" do III Reich para dançar no Estoril

Amanhã, sábado, Dia Internacional dos Museus, o Espaço Memória dos Exílios, no Estoril, vai abordar a questão da relação entre o Terceiro Reich e a musica a que chamou ‘Degenerada’ – o jazz e o swing, e sobre o papel que a música e dança desempenharam enquanto actos de resistência, e de propaganda durante o período do nazismo.

Os Ghetto Swingers tocam em Terezin, o filme de propaganda Nazi sobre a vida no campo de concentração de Terezin, realizado por Kurt Gerson
A sessão começa às 14h30, e a apartir das 15h00, poderá dançar. Primeiro pode aprender ou recordar uns passos durante um workshop de Lindy Hop/Swing com os monitores da Swing Station e depois pôr em prática o que aprendeu.

O workshop é gratuito, requer marcação por o e-mail: eme@cm-cascais.pt

quinta-feira, 16 de maio de 2019

O arquitecto alemão do Hospital de Santa Maria é tema no Estoril


O Espaço Memória dos Exílios recebe esta noite, pelas 21 horas,  Ana Mehnert Pascoal que vai falar sobre Hermann Distel, o arquitecto alemão que projectou os Hospitais de Santa Maria, em Lisboa, e São João, No Porto. 

Distel teve uma carreira de sucesso durante o III Reich alemão sendo um dos especialistas mundiais na planificação de unidades hospitalares. As relações entre o Estado Novo e  Alemanha Nazi e as razões que levaram o Governo português a escolher este arquitecto são alguns dos temas que vão ser abordados... 

Vilar Formoso recorda papel na guerra

No próximo fim-de-semana Vilar Formoso vai recuar no tempo e regressar ao período da II Guerra Mundial com dois espectáculos que revisitam as memórias da chegada àquela localidade fronteiriça de milhares de judeus que fugiam do conflito e procuravam em Portugal uma porta de saída da Europa para países mais seguros.

Os espectáculos terão como cenário o Largo da Estação, junto ao Polo Museológico Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes. No sábado, a partir das 16:30, terá lugar a representação "Setembro 1939 - A defesa de Varsóvia" e, no domingo, pelas 10:30, o público pode assistir a "Vilar Formoso - O caminho da liberdade e da esperança".

Estas representações envolvem cerca de 60 pessoas e serão feitas pela Associação Histórico Cultural Poland First To Fight e pela Associação Norland.

"Setembro 1939 - A defesa de Varsóvia" tem uma duração média de 30 minutos mostrando dez cenas que apresentam momentos diferentes da defesa de Varsóvia entre 06 e 29 de Setembro de 1939 - dias entre os quais a capital polaca foi cercada até finalmente se render.

Por seu lado a "Vilar Formoso - O caminho da liberdade e da esperança", terá uma duração de dez minutos reunindo três cenas que apresentam o caminho dos refugiados da França até Vilar Formoso: entrega de vistos pelo cônsul de Portugal; travessia da fronteira franco-espanhola; travessia da fronteira luso-espanhola.

No sábado, pelas 11:00, prepara-se também uma visita às exposições "Polónia 1939 - 1947: O preço da honra" e "Os polacos em Portugal nos anos 1940 - 1945", patentes no posto de Turismo de Vilar Formoso.

As actividades são promovidas pela Câmara Municipal de Almeida e pela Junta de Freguesia de Vilar Formoso, com a colaboração do Ayuntamineto de Fuentes de Oñoro (Espanha), das Embaixadas da República da Polónia e de Espanha, da Associação Sociocultural Tierras de Piedra e da Associação Histórico-cultural Poland First to Fight.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Bacalhoeiro "Ana I" recolhe náufragos de navio grego

Em Outubro de 1940 o bacalhoeiro "Ana I" encontrou náufragos de um cargueiro grego afundado por um submarino italiano dias antes... 

Mais um caso acrescentado ontem à lista relativa aos salvamentos realizados por navios portugueses entre os anos de 1939 a 1941...

Pode encontrar toda a história AQUI...

sábado, 11 de maio de 2019

Modelismo pelo Algarve

O Núcleo de Modelismo da Casa da Cultura de Loulé - criado recentemente - tem hoje a sua primeira actividade pública, promovendo uma Feira de Trocas de Modelismo, entre as 14:00 e as 19:00, em frente à sede da CCL, no Parque Municipal da cidade (logo atrás do monumento ao Eng.º Duarte Pacheco).

Esta é a primeira de várias iniciativas planeadas para este ano.  A segunda edição desta feira será em Outubro, e em Novembro teremos a ModelCult 2019 - Mostra de Modelismo do Algarve.

São razões para sair de casa no fim-de-semana...

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Novo site “Portugal 1939-1945”

No dia em que se lembra o fim da II Guerra Mundial – 8 de Maio de 1945 – apresento o meu mais recente projecto: "O Site "Portugal 1939-1945".


Este novo espaço pretende continuar a contar histórias da história do país durante o período da II Guerra Mundial, complementado o blogue “Aterrem em Portugal!”. Para além de material inédito vai também, no futuro, ajudar a organizar algum dos material que tem sido publicado no blogue, até porque sendo bilingue vai permitir levar a nossa história a um público mais alargado.

Por agora o “Portugal 1939-1945” arranca com informações mais de uma centena de aviões de países beligerantes que caíram ou aterram no nosso país e também com dados sobre os salvamentos realizados por navios nacionais durante o mesmo conflito. Neste último caso a listagem refere-se apenas às datas entre 1939 e 1941. Nos próximos meses serão introduzidos dados sobre salvamentos efectuados até 1945..."

Para facilitar o acesso as informações estão divididas por áreas. A área que se refere ao AR está obviamente relacionada com a aviação e a do MAR com os navios. No futuro estão planeados outros espaços de divulgação, que serão falados a seu tempo.

O site conta por agora com presença nas redes sociais Facebook e Twitter, mas aqueles que já seguem o blogue “Aterrem em Portugal!”, não precisam de se associar pois pretendo que exista fluidez entre os dois espaços. A informação relevante tanto de um como do outro irá ser divulgado em todas as plataformas.

Em 2014 criei no blogue uma página chamada “Portugal 39/45”. A construção do site é, em parte, a concretização de parte desses projecto. Demorou muito mais do que eu queria ou alguma vez pensei…

Para a sua concretização agradeço a ajuda e colaboração de várias pessoas. Destaco especialmente o Paulo Rodrigues que no CENJOR, em Outubro de 2017, me deu as primeiras luzes sobre o “Worpress” e criou as fundações sobre as quais ergui o resto. Sinceramente nunca serei um construtor de sites, porque já esqueci quase tudo sobre esses primeiros passos…

Durante o resto do processo e, especialmente, na fase final contei com a ajuda de muito mais gente. Corrigiram textos, deram dicas sobre grafismo, cores etc… Foi uma ajuda essencial para o que hoje está acessível. Peço desculpa por não referir ninguém, mas iria certamente esquecer-me de alguém… Seria uma injustiça. Peço desculpa por não os nomear individualmente, mas agradeço do fundo do coração a todos.

Estão cerca de centena e meia de páginas disponíveis com informação. Façam o favor de aproveitar clicando AQUI

Um abraço.

Carlos Guerreiro

terça-feira, 7 de maio de 2019

Programa de Maio para o Espaço Memória dos Exílios

Avraham Milgram vai estar
quinta-feira no Estoril 
“Contíguos e separados. Cristãos-Novos, sefarditas, ashkenazitas e refugiados da Europa Nazi em Portugal, 1900-1950", é o tema que será abordado esta quinta feira, pelas 21.00 horas, no Espaço Memória dos Exílios em Cascais por Avraham Milgram, o historiador israelita, antigo investigador no Memorial Yad VaShem, em Jerusalém, com trabalho publicado sobre a história dos judeus em Portugal e no Brasil.

Na quinta-feira da semana seguinte, 16 de maio, também às 21.00 horas, será a vez de Ana Menhert Pascoal, investigadora no ARTIS-Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresentar o trabalho do arquitecto alemão Hermann Distel que, com uma carreira estabelecida no III Reich, foi seleccionado para projectar os Hospitais de Santa Maria, em Lisboa, e o de S. João, no Porto.

No Sábado, dia 18 de maio, entre as 14.30 e as 17.00 horas, o espaço do Estoril celebra o Dia Internacional dos Museus. Com o tema ‘Os Museus como Centros Culturais: o futuro da tradição’, poderá assistir a uma breve conversa sobre a história da música jazz no III Reich,  seguida de um workshop de swing e lindy hop. A participação é gratuita, mas requer inscrição prévia através de email para eme@cm-cascais.pt .

Boas saídas...

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Filha de piloto americano de B-17 que amarou perto de Sesimbra visitou Portugal

Suzanne Borto, filha de Novo Maryonovich, piloto do bombardeiro americano B-17 que amarou no mar perto de Sesimbra em 1943, visitou durante a última semana Portugal, realizando um passeio por vários locais do país que se prolongou por uma semana.

Tripulação do B-17que desceu no mar frente a Sesimbra. 
Hugh Bradford, Ed Johnson, Carl Williams, Gordon Akley, Edward McMillen, Armstrong (de pé e da esq. para a dir.), 
Bill Flagler e Novo Maryonovich (em baixo). 
Armstrong não voou na missão e no seu lugar estava Frank Stetson. 
(Foto Rich Maryonovich)
No último domingo encontrámo-nos em Lisboa para algumas horas de conversa antes do regresso aos EUA. Portugal entrou na rota das viagens que realiza com regularidade em memória do pai, Novo Maryonovich que durante uma operação de bombardeamento a França, em 5 de Dezembro de 1943, teve problemas num motor acabando por amarar ao largo de Sesimbra onde foram recolhidos e trazidos para terra.

Novo conheceria a mulher em 1944 e casaria com ele nesse mesmo ano, criando quatro filhos. Após a guerra mudou o nome de Maryonovich para Martin e tornou-se bombeiro profissional. Faleceu nos anos 90 e a mulher já depois de 2000.


As voltas de um B-17

O bombardeiro com a matrícula 42-3294, com o nome “Suzanne”, partiu de Inglaterra com a missão bombardear aeródromos na zona de Bordéus, em França, mas a caminho, sobre a Baía de Biscaia, tiveram problemas num dos motores e foram obrigados a abandonar a formação.

Atiraram para fora do aparelho tudo o que puderam, incluindo o armamento, para ficarem mais leves e manterem o aparelho estável. Resolveram não voltar para trás porque sabiam que sempre que partiam esquadrilhas os alemães colocavam caças na zona da baía da Biscaia para abater bombardeiros isolados, perdidos ou que tentavam regressar devido a problemas, como era o seu caso.

Resolveram tentar a viagem até Gibraltar onde poderiam reabastecer e reequipar-se para regressar à base.

Perto de Sesimbra ficaram, no entanto, sem combustível e foram obrigados a amarar. Toda a tripulação saiu ilesa e foi recolhida por embarcações de pesca.

As autoridades portuguesas entregaram-nos à Legação Americana. Ficaram por Lisboa durante uma semana tendo sido repatriados – enviados para Inglaterra - a 12 de Dezembro de 1943.

Suzanne Borto em Lisboa durante o passeio
que realizou por Portugal na última semana.
Obrigado pela visita Suzanne Borto e por nos trazer mais histórias para nossa história…

Carlos Guerreiro