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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Um excelente 2016

 (Mundo Gráfico, 15 Janeiro 1944 - Hemeroteca Digital)
O “Aterrem em Portugal!” deseja a todos um excelente ano de 2016…


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

História de piloto português da RAF está on-line

Há pouco mais de uma semana o Expresso publicou, na sua revista, a história de José Oulman, um português com familiares em França, que fugiu de casa para poder combater Hitler.


Tanto eu como o Ricardo Silva investimos várias horas de trabalho entre contactos e pesquisas e o resultado está agora também on-line.

Pode agora encontrar a história AQUI.

Boas leituras…
Carlos Guerreiro

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Desejos de um Bom Natal

(Revista Mundo Gráfico, 15/12/1942)
Ficam os desejos de um Bom Natal... 
E que 2016 traga voos mais altos e mais seguros para todos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

José, piloto da RAF


José, com raízes familiares em Portugal e em França, nasceu em Lisboa em 1922.

Em 1941 não resistiu ao apelo do General de Gaulle e fugiu de casa para se juntar às Força Francesas Livres.

Como piloto da esquadrilha 345 RAF assistiu ao Dia D, escoltou para-quedistas até Arnhem, viu camaradas morrer. Também não chegaria ao fim da guerra…

A história que foi possível fazer sobre a vida de José é publicada na revista Expresso na edição de 19 de Dezembro…

Um trabalho feito em colaboração com o Ricardo Silva que permitiu reconstruir a curta vida deste jovem. 

Espero que faça justiça à sua memória…

Um bom fim de semana.
Carlos Guerreiro

O Postalinho...
Qual é a Nova Ordem da Europa?


Cartoon de propaganda britânico publicado a 3 de Setembro de 1940 no Daily Mail, com uma legenda ligeiramente diferente do postal com a versão portuguesa. No cartoon original Hitler pergunta: “O que querem dizer com: quando irei criar uma Nova Ordem na Europa? Esta é a Nova Ordem”.

A Nova Ordem para a Europa foi anunciada por Hitler após a invasão de França no Verão de 1940. Tratava-se de uma nova visão social, económica e política do mundo que foi caricaturada por Leslie Illingworth neste desenho.

Illingworth foi um dos vários cartoonistas britânicos cujo trabalho ficou associado ao período da II Guerra Mundial tanto em jornais, como também no departamento de propaganda de guerra montado pelo Governo no princípio da guerra.

Curiosamente um dos seus cartoons, publicado num jornal em 1944, foi encontrado entre as ruínas da Chancelaria de Hitler em Berlim no final da guerra.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Memorial de Vila Chã em reportagem

No dia 22 de Novembro de 2015 Vila Chã recordou a aterragem forçada de um bombardeiro britânico que ali terminou uma missão em plena II Guerra Mundial.



A Junta de freguesia local inaugurou um memorial para recordar o acontecimento e a cerimónia contou com a presença do familiar de um dos tripulantes do aparelho.

Na sequência dessa visita foi realizada uma reportagem para a rádio pública Antena 1, que seria emitida a 28 de Novembro de 2015 no programa "Só neste País..."

 É sobre essa reportagem áudio que foi editado um conjunto de fotografias captadas no local ou relacionadas com o acontecimento.

As fotografias foram tiradas por Bruno Costa e Jorge Pereira. As imagens de época pertencem ao Museu de Vila Chã, a Ian Shannon e à minha colecção particular…

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Avião da II Guerra de Vila Chã em Reportagem na Antena 1




A Antena1, transmite este fim de semana a reportagem "Um avião da Guerra em Vila Chã".

O episódio passou-se durante a II Guerra Mundial, em Setembro de 1943, e no último fim de semana a freguesia foi visitada pelo sobrinho de um dos aviadores. Razão para se recordar o episódio e - à boa maneira portuguesa -  mais qualquer coisinha...

Pode ouvir aqui alguns segundos da reportagem que passa amanhã, sábado, dia 28 de Novembro no programa "Só neste país", entre as 12 e as 13 horas...

Um bom fim-de-semana...
Carlos Guerreiro 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Recordar histórias em Vila Chã

No último domingo, dia 22 de novembro, foi inaugurado em Vila Chã, Vila do Conde, um pequeno memorial onde se recorda a aterragem forçada de um avião britânico que ali aconteceu, em plena II Guerra Mundial, no dia 17 de Setembro de 1943. Uma cerimónia que contou com a presença do sobrinho de um dos tripulantes da RAF.

Uma placa informativa, com a reprodução de uma fotografia do avião após a aterragem, foi colocada junto ao local onde o aparelho terminou a missão que o levou até ao sul de França para bombardear um viaduto.

A acompanhar a inauguração esteve Ian Shannon, sobrinho de Charles Smith Cook, um escocês que era artilheiro da torre superior do bombardeiro. Esperado na cerimónia era também o filho do piloto, Michael Jones, mas devido a doença este não pode comparecer.


Ian Shannon junto à placa que recorda o dia em que o tio fez uma aterragem 
forçada em Vila Chã, num Lancaster da RAF em 1943.

O contacto com os familiares dos tripulantes foi estabelecido graças a Bruno Costa que realizou um vídeo com cerca de 18 minutos onde era descrito o incidente que ocorreu em 1943 na terra onde vive. O filme foi colocado no youtube e dali passou para as redes sociais onde foi visto por Ian e Michael. Após os primeiros contactos foi rápida a marcação de uma data para realizar a visita.

Já há vários meses que o incidente é recordado no espaço museológico de Vila Chã “Memórias de uma Terra”, onde é possível ver fotografias e cópias de documentos relacionados com o caso.

Com a confirmação da vinda dos familiares dos aviadores o presidente da Junta de Freguesia, Benjamin Moreira, resolveu implantar uma placa junto à praia onde o avião aterrou. Um sítio que fica junto a um passadiço de madeira que percorre as praias do concelho de Vila do Conde.

O Lancaster participou num ataque aos viadutos e caminhos-de-ferro que ligam França a Itália, na zona de Antheór, em Cannes e foi atingido por fogo antiaéreo durante o ataque.

O aparelho tentou regressar a Inglaterra, mas devido à falta de visibilidade perdeu-se e quando se aperceberam estavam sobre o norte de Espanha. Sem possibilidade de chegar à sua base ou a Gibraltar realizaram a aterragem em Vila Chã. Todos os tripulantes sobreviveram ao incidente e em Vila Chã ainda há quem se lembre de os ver a sair do avião e, mais tarde, distribuir doces pelas crianças.

Ian Shannon nunca conheceu o tio porque este desapareceu em 1943, poucas semanas depois de sair de Portugal. O avião onde seguia participou num raid sobre Berlim na noite de 27 para 28 de Outubro e, já no regresso, sobre o mar do norte deixou de dar notícias…

Se for para o lado de Vila Chã já tem uma história para lembrar e alguns pontos para visitar…

Bons passeios.
Carlos Guerreiro

sábado, 21 de novembro de 2015

Histórias com Vila Chã em fundo

Stanley Jones aterrou na base do Montijo na tarde de 16 de Fevereiro de 1957 aos comandos de um elegante quadrimotor Vikers Viscount, da British European Airways. Era copiloto do avião que trazia como passageira a rainha de Inglaterra na sua primeira visita oficial a Portugal, uma visita que levara semanas a preparar e que encheu páginas e páginas de jornais.

No topo fotografia dos tripulantes que trouxeram a rainha de Inglaterra a Portugal em 1957.
Jones é o segundo a contar da esquerda. Em baixo fotografia dos tripulantes do Lancaster que caiu em Vila Chã e também uma página da carta enviada por mestre Ezequiel Seabra.
Jones iria reclamar algum do espaço dos jornais para si, e não seria apenas porque os jornais detalhavam nas notícias os nomes de todos os que acompanhavam, escoltavam ou conduziam a rainha na sua viagem ao país. O copiloto da rainha fora piloto da RAF, durante a II Guerra Mundial, e aos comandos de um bombardeiro Lancaster realizara uma aterragem de emergência em Vila Chã, em Setembro de 1943.

A história seria contada em diversos periódicos e quando a comitiva da rainha voou até ao Porto ele receberia uma comovida carta de Ezequiel da Silva Seabra, mestre do salva vidas das Angeiras, onde este contava como tinha tentado salvar os tripulantes do avião quando este caíra no mar. Encontraria apenas o corpo de uma das vítimas mortais, pois os sobreviventes já tinham sido salvos por pescadores.

Ezequiel Seabra deve ter ouvido a história e não sabia que o homem a quem escrevia não tinha sido o alvo da sua tentativa de salvamento. O Lancaster caira no mar, mas junto à praia e os tripulantes tinham-se salvo todos caminhando para terra sobre a asa. O acidente a que se referia era o de um Wellington que também se despenhara naquela zona, mas em Maio de 1942, matando 2 homens.

Esta é uma das histórias que poderá ser recordada este domingo em Vila Chã, quando for descerrada uma placa junto ao local onde caiu o Lancaster. O filho de Jones não poderá estar presente pelo facto de ter adoecido, mas há fotografias e cartas para quem quiser saber mais. Assegurada está a presença de um familiar de outro tripulante.

Sabe-se lá que histórias ele contará.

Até lá…
Carlos Guerreiro

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Familiares de aviadores de Lancaster da RAF em Vila Chã

Vila Chã vai receber no dia 22 de Novembro (Domingo), os familiares de dois tripulantes do bombardeiro da RAF, Lancaster, que em 1943, realizaram uma aterragem de emergência na praia do Puzo, naquela localidade do Norte do país.


Confirmada está a presença do filho do piloto e com o sobrinho neto de um outro tripulante. O grupo que dinamiza o museu local "Memórias de uma Terra" vai aproveitar a iniciativa para inaugurar, durante a tarde, uma placa para recordar o incidente que ocorreu em plena II Guerra Mundial.

Há alguns meses, quando foi inaugurado no museu uma área a lembrar o acontecimento, foi apresentado um vídeo realizado por Bruno Costa onde era contados os detalhes sobre aventura do Lancaster que, depois de participar num bombardeamento no sul de França, se perdeu no regresso a Inglaterra terminando a viagem em Vila Chã.

O filme seria colocado no Youtube e já foi visto nos quatro cantos do mundo. O autor também o colocou numa página de facebook que reúne aviadores e familiares da esquadrilha a que pertencia o aparelho, a 619. Foi aí que foi visto por familiares dos tripulantes que agora se deslocam a Portugal...



Termino com uma nota pessoal. O evento e tudo o que está com ele relacionado deve-se à persistência das pessoas locais que apostaram na recuperação da memória da sua terra. Limitei-me a ajudar quando solicitado e como podia. No livro abordo por alto esta história, enviei alguma documentação e apontei os locais onde poderiam aceder a outras informações.

Não foi nada de especial, mas sinto-me babado. Não é todos os dias que vejo ganhar vida uma história sobre a qual lemos em páginas amareladas e sobre a qual escrevemos algumas linhas há vários anos...

Tenho mesmo de lá estar...

Carlos Guerreiro

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Algumas perguntas a Patrícia Carvalho

Patrícia Carvalho é jornalista no “Público”, diário onde publicou em 2014 um conjunto de histórias relacionadas com portugueses que passaram pelos campos de concentração Nazis.

As reportagens reuniram testemunhos documentais e de familiares das vítimas dos campos. Agora surgem em também num livro onde, para além das histórias que já conhecemos surge também algum material novo.

Aterrem em Portugal - Quem eram estes portugueses?
Patrícia Carvalho - As pessoas que encontrei eram portugueses que tinham deixado o país e estabelecido e sua vida em França e na Bélgica. Emigrantes, portanto.

AP - O Governo de Salazar teve conhecimento destes casos?
PC - Pela consulta dos telegramas trocados entre Lisboa e as representações diplomáticas na França e Alemanha eu diria que não. Mas acho que não se pode afirmar isto taxativamente. Apesar de, nas obras publicadas sobre a relação de Salazar com a Segunda Guerra Mundial, não aparecer qualquer referência a outro tipo de documentação que refira esse conhecimento, acho que ainda valia a pena debruçarmo-nos concretamente sobre essa pergunta. É uma das perguntas que deixo em aberto no livro.

AP – As suas histórias surgiram primeiro como uma reportagem alargada no jornal Público. Porquê a necessidade de as continuar em livro?
PC - Não houve uma “necessidade” de as contar em livro. Houve, sim, o interesse de várias editoras, que me contactaram assim que a reportagem foi publicada, propondo-me que transformasse aquele trabalho num livro. Agora que ele está pronto, acho que fez todo o sentido. A pesquisa adicional que pude fazer permitiu-me desenvolver de forma muito mais pormenorizada algumas das histórias que apareciam na reportagem e encontrar histórias novas e outros pormenores que não constavam da reportagem do Público.

AP – Que dificuldades encontrou durante a pesquisa?
PC - O facto de os documentos e familiares estarem, em larga medida, fora de Portugal e espalhados por vários países, tornou o processo mais complexo. Além disso, encontrar os familiares também não foi fácil. Mas toda a pesquisa foi apaixonante e algo que, tendo os meios necessários para o fazer, gostaria de levar ainda mais longe.

Saiba mais sobre o livro AQUI.
AP - Contactou com familiares de algumas destas pessoas. Como reagiram ao seu contacto?
PC - Senti que ficaram felizes por poderem contar as histórias dos seus familiares e sensibilizadas por, ao fim de tantos anos, o sofrimento deles durante a guerra poder, finalmente, ser contado no país onde eles tinham nascido.

AP - Houve alguma história que a tivesse marcado mais?
PC - Todas as histórias são muito diferentes e muito marcantes. Temos, claro, o caso das pessoas que não sobreviveram às condições pavorosas dos campos de concentração, como o algarvio Casimiro Martins, e aqueles que possivelmente terão sido assassinados, como os judeus Michael Fresco e Rachel Basista.
Há os sobreviventes com fortes convicções políticas, como Luiz Ferreira ou Maria d’Azevedo, e pessoas como a Maria Barbosa, que sobreviveu, mas perdeu um irmão em Bergen-Belsen. Temos membros da Resistência, como Júlio Laranjo, e pessoas que foram apanhadas por mero acaso, sem terem, aparentemente, qualquer intervenção política, como André de Sousa. Todos viveram experiências extraordinárias e de uma violência/privação tais, que as marcas da sua passagem pelos campos de concentração – físicas e psicológicas – acompanharam-nos até ao fim das vidas.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Encontro em Aljezur

Conversa em Aljezur.
(Foto Carla Quirino)

Foram cerca de 60 pessoas que no sábado estiveram em Aljezur para falarmos um pouco sobre a II Guerra Mundial. Com o José Augusto Rodrigues foi possível deixar uma imagem do que foi este conflito no Algarve e em Portugal, apesar da anunciada neutralidade…

Obrigado pela participação e espero que tenha valido a pena…

«Escaparate de Utilidades»
Gustavo Coelho Godet

Jornal "A Regenração", 4 de Novembro 1943

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Lembrar a II Guerra Mundial no Algarve

A queda do avião em Aljezur, a aterragem forçada de aviões, as redes de espionagem que operavam no Algarve e os combates navais e aeronavais que se registaram no sul do país durante a II Guerra Mundial vão ser alguns dos temas que serão abordados no próximo sábado (31 de Outubro) numa sessão evocativa do conflito que vai decorrer na Junta de Freguesia de Aljezur.


Para abordar estes temas estarão presentes José Augusto Rodrigues e Carlos Guerreiro. O primeiro é autor do livro “A Batalha de Aljezur” e o segundo autor deste blogue.

Será ainda inaugurada uma exposição que reúne peças e informação sobre o combate aéreo que teve lugar em Julho de 1943 naquele concelho. Um incidente que levou à queda de um aparelho alemão, cujos tripulantes se encontram sepultados no cemitério local. Algumas destas peças foram recentemente cedidas por um particular à associação local de defesa do património.

O encontro está marcado para as 15 horas. Até lá…

Carlos Guerreiro

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O Postalinho...
Importações para Inglaterra bloqueadas pela Alemanha


Postal de propaganda alemão, de data incerta, mas possivelmente da primeira metade da guerra, altura em que a sua frota de submarinos causava pesadas perdas entre a frota britânica.

Os alemães querem passar a mensagem de que o Reino Unido está isolado do mundo e inacessível através do mar. Entre 1940 e princípios de 1943 as perdas entre os navios mercantes aliados foram muito numerosas e o abastecimento da Inglaterra esteve em risco de ser interrompido.

A guerra no mar, nomeadamente a Batalha do Atlântico, mereceu ampla cobertura dos jornais – mesmo dos portugueses, apesar da censura – e não foram poucos os náufragos que chegaram a portos nacionais tanto do continente, nas ilhas ou nas colónias.

O aproveitamento destas notícias para realizar vários tipos de propaganda era óbvio e este postal é apenas um desses exemplos.

Carlos Guerreiro

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Algumas perguntas a Dejan Stankovic

Dejan Tiago Stankovic publicou recentemente, na revista on-line brasileira Galileu, um conjunto de artigos sobre a espionagem em Portugal durante a II Guerra Mundial. Os artigos foram posteriormente reunidos numa única edição de e-book que pode ser descarregada diretamente da Amazon.


A tentativa de rapto pelos alemães de Eduardo VII, o monarca britânico que havia abdicado por amor, é um dos episódios relatados. Os Nazis pretendiam utilizá-lo como uma marionete após a ocupação do país e, quando se soube que ele estaria em Lisboa, os serviços secretos delinearam planos com o objectivo de o convencer a viver na Alemanha ou, caso isso não fosse possível, raptá-lo. Nada disso aconteceu, mas a história mereceria ampla divulgação após o conflito, contada pelo agente alemão que foi encarregada de vir até Portugal.

Entre os vários personagens que são analisados encontramos Garbo, Popov e Fleming, todos com papéis diferentes, mas que tiveram Lisboa como ponto de passagem ou contacto.

Garbo, um espião duplo ao serviço dos britânicos, enganou os alemães durante cerca de um ano. Este espanhol, depois de ser recusado pelos serviços secretos britânicos, instalou-se em Lisboa e criou uma rede fictícia que supostamente a actuava em Inglaterra. Apesar das mentiras as suas comunicações eram tidas como credíveis pelos alemães e os britânicos acabaram por usá-lo. Teria papel fundamental no sucesso do desembarque do Dia D, fornecendo informações falsas sobre as verdadeiras intenções dos aliados.

Dusko Popov tornou-se um dos espiões mais populares depois da guerra e é olhado como o protótipo da personagem James Bond ou 007. Mulherengo, truculento e um incansável gastador de dinheiro, este espião sérvio também fez jogo duplo ao longo de toda a guerra e também integrou o restrito grupo de agentes envolvidos na operação que enganou os alemães em relação ao desembarque do Dia D.

O último dos personagens descritos por Stankovic é Ian Fleming, o autor das histórias de 007, e que passou pela capital portuguesa duas vezes durante a Guerra. Numa dessas viagens esteve no Casino Estoril, uma experiência que transformaria na ficção “Casino Royal”, o primeiro dos muitos livros de James Bons.

O melhor mesmo é ouvir Dejan Stankovic falar sobre o seu trabalho…

Carlos Guerreiro

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O Postalinho...
Uma Fanfarronada Alemã


Cartoon britânico típico da propaganda da II Guerra Mundial, e que pretende utilizar a máquina alemã de propaganda contra si própria. A rádio e os jornais de parte a parte foram veículos privilegiados na divulgação das mensagens dos respectivos governos – e autoridades militares – sendo normal aproveitar as informações dadas pelo inimigo com o objectivo de a deturpar ou contradizer.

Neste caso, e muito antes de entrar oficialmente no conflito, era sabido que os EUA forneciam armamento e outros abastecimentos à Inglaterra através de um sistema de crédito que ficou conhecido como “Lend-Lease”. Este tipo de crédito seria depois estendido também à União Soviética.

Os alemães nunca esconderam o incómodo com a situação, mas começaram por minimizar os efeitos práticos dos fornecimentos americanos. Rapidamente, no entanto, foram confrontados com o surgimento de material americano em terra, no mar e no ar.

O efeito dos fornecimentos através do “Lend-Lease” teve ainda outras repercussões. Quando os EUA entraram na guerra em Dezembro de 1941, após o ataque a Pearl Harbour, a sua indústria já se encontrava em conversão com o objectivo de responder às necessidades da guerra. O fornecimento em grande escala, tanto à Inglaterra como à União Soviética, terá – segundo vários especialistas – encurtado a guerra em um ou dois anos, pois parte importante da indústria já estava a trabalhar nesse sentido.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

domingo, 20 de setembro de 2015

Refugiados em Portugal durante a II Guerra Mundial

Os refugiados em Portugal durante a II Guerra Mundial são tema para um encontro com a historiadora Irene Pimentel, no dia 21, por volta das 18.30 horas no auditório Frederico de Freitas da SPA, em Lisboa.

Durante esta iniciativa, organizada pela Sociedade Portuguesa de Autores, serão abordados assuntos como a política governamental para com os refugiados, as razões que os trouxeram até ao país ou a forma como foram recebidos.

sábado, 19 de setembro de 2015

"Unbroken" no Estoril


Mais logo, por volta das 15.30 horas marcamos encontro no Espaço Memória dos Exílios, do Estoril, para falar sobre um filme, mas, acima de tudo, para falar sobre a vida de um homem espantoso.

"Unbroken" conta parte da vida de Louie Zamperini, alguém que foi grande, MUITO GRANDE... 

Até já,
Carlos Guerreiro

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Caçando pára-quedistas em... Miranda do Douro

Eram pára-quedistas. Três indivíduos "atados pela cintura" que tinham descido do céu, assegurava Alípio Pires, que vinha de Atenor com um carregamento de telhas quando os viu. Não conseguira ouvir qualquer avião, mas com a chiadeira da carroça isso não era de estranhar. Deviam ser umas 13 ou 14 horas quando reparou neles e"apesar da distância ser bastante grande distinguia perfeitamente serem homens" que deveriam ter caído lá para Cabeço Lebreiro ou, talvez, para Prado Gatão.

Desenho a ilustrar artigo sobre pára-quedistas alemães
na revista "A Esfera" de 6 de Julho de 1940.
Alípio contou a história, na mesma noite, ao cabo da Guarda Fiscal (GF) do Posto de Urros. Este comunicou com o comandante do posto de Sendim que, por volta de meia noite, telefonou ao presidente da câmara de Miranda do Douro. O autarca requisitou um carro a um particular, mais 20 litros de gasolina, e arrancou acompanhado pelo comandante da secção da GF da sede do concelho.

Chegou a Sendim de madrugada e seguiu depois para Urros onde encontrou uma grande concentração de praças da GF e da GNR a prepararem-se para uma batida. Às quatro da manhã ouviu toda a história da boca do próprio Alípio e o edil só não percebia porque demorara tantas horas a dar o alarme. O homem reconheceu que não dera grande importância ao avistamento e até adormecera ao chegar a casa. Só acordou quando a mulher chegou a casa, perto da noite. Esta contara a vizinhos que tinham corrido a alertar as autoridades.

Na madrugada e 5 de Setembro de 1942 dezenas de homens da GF, GNR e da Legião Portuguesa avançaram por montes e vales à caça de três pára-quedistas que no dia anterior teriam aterrado no território.

No relatório de que enviou para o Ministério do Interior, em 8 de Setembro, o presidente da Câmara mostrava-se convencido de que "o relato do homem era feito em termos simples e revestidos de sinceridade". Impressionaram-no também "os pormenores (...) dados por quem nunca vira, nem possivelmente ouvira falar em pára-quedistas".

O Ministro do Interior, Mário Pais de Sousa, já recebera notícias do Governador civil de Bragança na manhã do dia 5.


Uma nova arma muita propagandeada

A utilização de tropas pára-quedistas foi uma das inovações da II Guerra Mundial. Os alemães foram dos primeiros a empregá-las em grande escala na invasão da Bélgica, em 1940 e, no ano seguinte, na ocupação de Creta onde - apesar de grandes baixas, tiveram papel fundamental nas operações. A campanha de propaganda que rodeou a utilização destas tropas da Luftwaffe ajudou a que o medo se disseminasse rapidamente. A Inglaterra, por exemplo, tomou medidas excepcionais em 1940 para evitar a invasão através deste tipo de tropas. Os britânicos confiavam na sua marinha para deter uma invasão vinda do mar, mas tropas caídas do céu eram outra conversa.

Propaganda aos pára-quedistas britânicos
na revista "Mundo Gráfico" de 14 de Março de 1942.
Armadilhas e obstáculos foram colocados em prados e outros locais para evitar a aterragem de homens e planadores. Durante algum tempo instalou-se também o pânico com a possibilidade de serem introduzidos no país, através de operações aéreas, sabotadores ou espiões. Houve vários estrangeiros presos sob suspeita de serem pára-quedistas disfarçados.

As operações militares lideradas por estes homens mereceu destaque de jornais e rádios, também em Portugal, não sendo por isso de estranhar que houvesse uma ideia do que era um pára-quedista, mesmo em alguém que nunca tivesse visto algum.


Apanhados?

Nos primeiros dias as batidas não deram quaisquer resultados, apesar de terem chegado reforços da GNR, GF e Legião Portuguesa de todos os pontos do concelho e também do distrito. Devido às importância dada ao assunto a gestão da crise passou para as mãos de Morais Campilho, Governador Civil de Bragança, que, a partir do dia 8, envia quase diariamente, via telegrama, relatórios para Lisboa.

As buscas parecem confirmar as suspeitas assinalando-se a captura de um cidadão holandês e a perseguição a um outro estrangeiro. O prisioneiro garante, no entanto, que não caíra do céu, antes escapara de um campo de concentração em França, atravessara a Espanha e conseguira chegar ali pelos próprios meios. As autoridades portuguesas persistem nas batidas, monte acima e monte abaixo.

Balões de Barragem em Inglaterra durante a II Guerra Mundial
No dia 9 de Setembro há mais um alarme. Foi visto mais um pára-quedista, agora pelo tenente Tavares, comandante da secção da GF de Vimioso. Uma nova força parte à caça a este novo invasor. Nada foi encontrado, mas suspeita-se que o "aeronauta" tenha caído noutro ponto. No mesmo telegrama em que Morais Campilho refere o fracasso das buscas, é também relatado o facto de ter sido "apanhado um balão de borracha" com uma "espécie de gasómetro e líquido desconhecido, em Mirandela, enquanto de Vinhais chegavam informações da passagem de um grande balão de cor prateada, seguindo para poente.

 Em Urros, A 11 de Setembro a GF prendia mais um individuo "de naturalidade estrangeira". Tratava-se de um norueguês com 20 anos, que seria conduzido ao Mogadouro, para ser entregue à PVDE.


Aeronautas ou aeróstatos

Passa mais um dia e chega ao Ministério do Interior, o relatório do chefe da PSP de Bragança, Antero Augusto Antunes, que tinha mandado uma patrulha a Paradinha Nova, localidade que teria sido sobrevoada pelo último pára-quedista avistado. Ninguém viu o homem, mas foi assinalada a passagem de um "balão cativo" que horas depois seria recolhido próximo de Macedo de Cavaleiros.

"Ao receber as primeiras informações fiquei de facto convencido tratar-se de pára-quedistas, mas depois de estudadas e investigadas todas as causas e estas concretizadas pelo aparecimento de balão acima referido, e de um outro aparecido em Mirandela que se encontra no comando da GNR, sou da opinião, salvando o esclarecido critério de Vossa Excelência que não deve haver pára-quedistas no presente caso, tratando-se apenas de balões cativos deslocados dos seus lugares. No entanto devo Informar Vossa Excelência que todos nós estamos vigilantes e informarei Vossa Excelência do que houver", explica - numa escrita cuidadosa - o chefe de polícia no documento enviado ao ministro.

Tratavam-se certamente de balões de barragem, utilizados na defesa aérea, e que por mais de uma vez chegaram a Portugal. Devido a tempestades, bombardeamentos ou dezenas de outras razões estes podiam soltar-se e voar longas distâncias.

Houve vários notícias sobre a
presença de balões de barragem
em Portugal. Esta notícia
do Diário de Notícias
de 8 de Fevereiro de 1941
Sobre os estrangeiros encontrados o chefe da PSP não tem quaisquer dúvidas: são refugiados "como tantos outros já capturados nestas regiões anteriormente".

O Governador civil cede às evidências a 15 de Setembro depois de se encontrarem balões em Mirandela, Macedo e Vinhais: "cheguei à conclusão que os povos foram sugestionados com o frequente aparecimento de balões de borracha, a quem atribuíram a classificação de pára-quedistas".

Pede desculpas pela forma precipitada e alarmista como informou Lisboa do caso, mas, ao mesmo tempo, olha para toda confusão gerada com optimismo: " A verdade seja dita; este alarme deu para os povos e autoridades óptimo resultado, pois uns e outros não se pouparam a sacrifícios, andando por montes e vales à procura do inimigo."

Carlos Guerreiro

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Cinema “Imagem e memória” no Estoril


O “Espaço Memória dos Exílios”, no Estoril, volta a receber o ciclo de cinema “Imagem e Memória” com a passagem de diversos filmes que têm a II Guerra Mundial como cenário. No total podem ser vistas 14 películas baseadas em histórias reais ou de ficção e também alguns documentários.

Entre estes últimos destaco “O Homem Decente”, que mostra um retrato íntimo e familiar do homem que comandou o holocausto: Heinrich Himmler.

Todos os fins de semana (quase sempre às sextas e sábados) tem um motivo para sair de casa.

Amanhã passam “AMEN”, de Costa-Gravas e “VALQUÍRIA” de Bryan Singer.

Nos fins de semana seguintes pode ver-se JOHN RABE – O NEGOCIADOR de Florian Gallenberg; INVENCÍVEL, de Angelina Jolie; O RESGATE DO SOLDADO RYAN, De Steven Spielberg; A ZONA CINZENTA, de Tim Blake Nelson; MOLOCH, de Aleksandr Sokurov; O HOMEM DECENTE, de Vanessa Lapa; EUROPA, EUROPA, de Agnieszka Holland; FUGA DE SOBIBOR, de Jack Gold; IDA, de Pawel Pawlikowski; HANNAH ARENDT, de Margarethe von Trotta; RESCALDO, de Wladyslaw Pasikowsk e O QUE AMA A VIDA A HISTÓRIA DE AVRAHAM AVIEL, do Museu Yad Vashem.

Todos os filmes contam ainda com os comentários de historiadores ou outros especialistas para comentar as sessões e responder a questões.

Para saber mais pormenores pode consultar a nossa AGENDA onde pode encontrar detalhes sobre datas, horários e outras informações.

Amanhã será ainda inaugurada uma pequena exposição com objectos e propaganda da II Guerra Mundial.

Bons filmes,
Carlos Guerreiro

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Base aérea de Sintra de portas abertas


Na sequência das comemorações dos 63 anos da Força Aérea, a Base Aérea Nº1, em Sintra, abre as portas ao público durante o dia de sábado.

Este dia aberto conta com exposições estáticas de aviões e viaturas e também um cenário da II Guerra Mundial. O Museu do Ar também estará aberto de forma gratuita, haverá baptismos de voo e a aterragem de aeronaves.

Bons voos

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Siga a história do comboio nazi perdido na Polónia

 
Pode seguir a história AQUI

Tenho acompanhado nos últimos dias a história do comboio Nazi que terá sido encontrado num túnel na actual Polónia.

As poucas informações que partilhei nas redes sociais despertaram grande interesse, razão porque resolvi reunir todas as informações numa única página que está, a partir de agora, disponível AQUI.

Prometo fazer actualizações sempre que souber de alguma nova informação…

Caso encontre material relevante que não esteja nesta página, agradeço o contacto para o nosso e-mail.

Vamos seguir no rastro do comboio e ver onde vai dar…

Uma boa viagem...
Carlos Guerreiro

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Um olhar português sobre a Batalha de Inglaterra

"Parece não haver dúvida que a tentativa feita pelos alemães durante Agosto e Setembro para obterem supremacia do ar, falhou;. (...) Quanto à tentativa para desmoralizar e destruir Londres, que começou em 7 de Setembro, tudo indica que falhou completamente". Estas conclusões pertencem a um documento secreto, denominado "Extracto do relatório do Adido Militar à Embaixada de Londres referente à defesa aérea de Inglaterra durante os meses de Agosto e Setembro de 1940".
Capa e interior de desdobrável de propaganda britânico, editado em Fevereiro de 1941, onde são destacados os aparelhos e pilotos alemães abatidos durante a Batalha de Inglaterra.
Esta exposição foi distribuída no princípio de Dezembro de 1940 pelos altos comandos das forças armadas portuguesas que, tal como muitos outros portugueses, seguiam certamente os combates nos céus de Inglaterra pelos jornais e pela rádio, mas o olhar de um militar, colocado no centro da Batalha de Inglaterra, era muito mais interessante.

As três páginas não estão assinadas, mas ao adido em Londres entre 1940 e 1945 foi o tenente-coronel (coronel em 1945) Artur Mendes de Magalhães, que evidência os momentos dos combates ocorridos em Agosto e Setembro, meses em que tiveram lugar "os principais ataques alemães sobre a Inglaterra".

A batalha tinha começado, de facto, um mês antes com ataques aéreos intensos especialmente sobre o canal e algumas zonas portuárias. Em Agosto os alemães viraram a sua atenção sobre aeródromos, radares, instalações militares e complexos ligados à indústria de defesa. Na linha da frente a Luftwaffe tem caças Messerschmitt Bf 109 e Bf 110C (bimotores) e os bombardeiros Heinkel He 111, Dornier Do 17, Junkers Ju 88 e o Junkers Ju 87, os célebres bombardeiros de mergulho "Stuka" (dive-bombers no relatório), que vão ter um carreira curta na batalha, situação que será mencionada pelo oficial português.

Capa e interior de publicação de propaganda alemã, lançada possivelmente no início da campanha, num altura em que o grosso do combate se desenrolava sobre o Canal da Mancha.
Os britânicos defendem o país com caças Hurricane e Spitfire, mas também realizam bombardeamentos sobre diversas cidades alemãs, onde se incluiu Berlim. Durante a noite os Armstrong Whitworth Whitley, os Handley-Page Hampden,os Vickers Wellington e os Bristol Blenheim da RAF realizam as suas surtidas. Saem em números mais reduzidos que o inimigo, causam menos danos, mas semeiam desconforto e desconfiança entre a população germânica e os seus dirigentes.

Na fase inicial a Luftwaffe evitou as cidades e um ataque sobre o centro de Londres aconteceu apenas como resultado de um erro de navegação. Os bombardeamentos a cidades alemãs vão mudar as prioridades dos líderes nazis e, possivelmente, salvar a Inglaterra, pois a mudança de alvos permite reparar bases e aviões da RAF que se encontravam sob grande pressão.

Artur Mendes de Magalhães dá diversos detalhes sobre os combates que tiveram lugar nos céus britânicos. Refere por exemplo a data de 18 de Agosto como o dia em que se registaram o maior número de baixas entre os combatentes. Investigações recentes asseguram que foram destruídos 68 aparelhos britânicos contra 69 alemães. Este equilíbrio de números não se iria manter durante muito tempo e no final de Outubro, momento em que a batalha termina, os alemães tinham perdido quase duas mil aeronaves, contra pouco mais de mil britânicas.

Postais de propaganda britânicos.
Para além do número de aparelhos destruídos será a perda de pilotos a cimentar a vitória. A perda de um aparelho alemão significava também o desaparecimento do seu piloto, mesmo quando este sobrevivia ileso. Os pilotos da RAF por seu lado podiam regressar ao combate no dia seguinte.

O militar português mostra que tinha acesso a alguma informação privilegiada. Descreve algumas tácticas alemãs e as diversas fases da batalha com bastante precisão. Por outro lado avança números de aparelhos alemães destruídos que estão mais próximos do que anunciavam os jornais do que a realidade. No dia 15 de Setembro, por exemplo, os jornais asseguravam que a Luftwaffe tinha perdido 175 ou mais aviões, enquanto os balanço real assinala apenas a destruição de 61, contra 31 da RAF.

Apesar destes pequenos erros parece-me um documento bastante fiável e certeiro, até porque é necessário ter em conta que a análise foi feita sobre o acontecimento, quase certamente ainda em Setembro, altura em que os combates decorriam intensos sobre a Inglaterra.



Fica a transcrição do relatório "Secreto":

«Os principais ataques dos alemães sobre a Inglaterra tiveram começo em 8 de Agosto empregando unidades de "dive-bombers" de pequeno raio de acção e unidades de bombardeiros de grande raio de acção, umas com escolta de caças e outras sem elas.

No princípio do mês os ataques incidiram sobre a navegação, portos da costa sul e portos de guerra, tendo sido empregados, em quantidade, dive-bombers. Sofreram tão pesadas perdas que em 18 de Agosto, retiraram, nunca mais tendo sido empregados nos ataques contra este país.

Para o fim do mês, os ataques incidiram principalmente sobre aeródromos de "caças", existentes no canto sudeste de Inglaterra.

Depois daquele dia 18 os raids foram levados a efeito por formações de 100 a 200 aviões, dos quais normalmente 30 a 80 eram bombardeiros de longo raio de acção voando a cerca de 4500 metros com grandes escoltas de caças, 1500 a 2500 metros acima deles.

Nos fins de Agosto esta escolta de caças melhorou de qualidade, sucedendo que, formações constituídas por eles, por vezes precediam a formação que executava o raid propriamente dito, enquanto outras formações de caças voavam em patrulhas de ambos os lados da formação de bombardeiros com ainda camadas de outros caças ziguezagueando por cima.

Até 7 de Setembro os ataques continuaram, principalmente contra a navegação, objectivos industriais e aeródromos.

Nesta data começaram os violentíssimos ataques de dia e de noite sobre o interior de Londres, sendo principais objectivos as docas e as comunicações ferroviárias.

Estes ataques continuaram até 15 de Setembro, dia em que o inimigo sofreu grandes perdas, tendo 186 aviões destruídos.

Os primeiros quinze dias deste mês de Setembro cifraram-se para o inimigo numa perda de 589 aviões definitivamente destruídos, além de muitos outros avariados e ainda outros provavelmente destruídos também.

Propaganda alemã.
Cartão fotográfico com legenda
Tão consideráveis perdas levaram o inimigo a mudar de tática, e assim é que os bombardeiros deixaram de ser utilizados de dia passando a ser empregados quási exclusivamente de noite.

As formações fazendo raids diversos passaram a ser constituídos inteiramente por caças voando muito alto, transportando bombas ligeiras e escoltados por caças de protecção.

Confrontando os prejuízos materiais causados pelos raids com o esforço despendido pelo inimigo concluem as Autoridades Inglesas que os primeiros são singularmente pequenos, e, um grande número, a maioria mesmo, de carácter temporário. Cita-se o exemplo de dois aeródromos de caças, atacados eficazmente no fim de Agosto, tendo ficado incapazes por alguns dias, estarem agora de novo em plena actividade. Da mesma forma sucedeu com os objectivos ferroviários atingidos em cheio quando dos violentos ataques de Setembro.

Claro que ninguém pensa reconstruir agora os inúmeros edifícios completamente destruídos ou os arruinados em condições de não ser possível habitá-los.

As reconstruções e reparações levadas a efeito são apenas aquelas de que depende o funcionamento de serviços essenciais e inadiáveis, quer por interessarem directamente à guerra quer pelo seu interesse público.

Os objectivos militares e industriais cuja destruição mais podia interessar ao inimigo, apesar da violência dos ataques sofridos, não têm ficado incapazes. Cito o grande Arsenal de Woolwich que continua o seu trabalho com proveitosa regularidade.

Presentemente os raids diversos contra a Inglaterra são quási exclusivamente feitos por caças, principalmente, Messerschmitt 109, sendo também empregados Messerschmitt 110. Durante a noite bombardeiros de grande alcance voando individualmente a altitudes médias ou altas continuam a executar pesados ataques, quando as condições de tempo permitem, contra Londres e zonas industriais.

Parece não haver dúvida que a tentativa feita pelos alemães durante Agosto e Setembro para obterem supremacia do ar, falhou; raids diversos em grande escala feitos por bombardeiros revelaram-se demasiado caros, e estes ataques são agora executados apenas por grandes formações de caças que não passam para norte de Londres ou por bombardeiros isolados a coberto de nuvens.

Quanto à tentativa para desmoralizar e destruir Londres, que começou em 7 de Setembro, tudo indica que falhou completamente".