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domingo, 13 de março de 2011

Os orgulhosos salvadores do "Sines"

Por Carlos Guerreiro


A fotografia saiu na edição de 23 de Março de 1943 do "Século Ilustrado", numa página com várias outras imagens e uma legenda muito simples: “A tripulação do vapor Sines que salvou 71 náufragos dum barco americano torpedeado no Atlântico”.

Tratava-se de uma pequena nota de rodapé num conflito que trouxe até portos portugueses centenas de náufragos de todas as nacionalidades. Não é por acaso que logo em Abril de 1940 se instala em Lisboa o “British Seaman Institute”, com o objectivo de dar apoio aos marinheiros britânicos - diga-se aliados - que passavam pelo porto da capital e, especialmente, aos náufragos que iam chegando aterras portuguesas trazidos por navios de guerra, comércio ou pesca.

Os 71 homens salvos pelo Sines não chegaram à capital e foram transportados para o porto da Horta, ilha que se encontrava bastante mais próxima do local onde foram atingidos pelo torpedo do submarino alemão U-172, cerca de 450 milhas a oeste dos Açores.

Pertenciam ao cargueiro “Keystone” de 5,5 toneladas que seguia integrado num comboio constituído por 45 navios, denominado UGS-6. Partira dos Estados Unidos da América (12 de Março) com destino a Gibraltar (19 de Março).

O “Keystone” seria a primeira vítima de uma “alcateia” de submarinos alemães que patrulhava o Atlântico nas imediações dos Açores. Logo após a partida teve problemas na casa de máquinas que o atrasaram e quando foi atingido por um torpedo – às 22.28 horas do dia 13 - já se encontrava a 50 milhas do resto do comboio (cerca de 100 quilómetros).

A primeira explosão matou dois dos homens a bordo e incapacitou-o de imediato. Após o abandono por parte dos tripulantes um segundo torpedo partiu-o ao meio e ele afundou-se em poucos minuto.

Mas este não seria a única vítima deste confronto. Entre os dias 13 e 18 de Março os submarinos conseguiriam afundar quatro embarcações e danificar outra, apesar da escolta constituída por sete “destroyers” americanos.

Os orgulhosos tripulantes do Sines encontrariam as balsas com os sobreviventes sete horas após o afundamento e cumpriram as regras dos homens do mar, recolhendo todos os que encontraram.

Não seriam os únicos portugueses a fazê-lo... mas merecem o ar orgulhoso que mostram na fotografia.

Para saber mais sobre o comboio USG-6 clique aqui.

Para saber mais sobre o "Keystone" clique aqui.

Fontes: www.uboat.net / Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão / War Diaries 1942-1945 - NARA

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