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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dirigíveis americanos nos Açores

Entre 31 de Maio e 1 de Julho de 1944 a base das Lajes assistiu à passagem de aeronaves que pareciam vir da guerra combatida 20 anos antes. Seis dirigíveis americanos passaram pela base no seu longo percurso de cerca de 3000 mil milhas náuticas (mais de 5400 quilómetros) entre os Estados Unidos e o Norte de África.

A foto refere apenas que se trata de um dirigível americano nos Açores em 1944. Não é possível ver qualquer matrícula o que torna difícil identificar a aeronave. 
A imagem foi-me enviada pelo Manuel Oliveira.

Este tipo de aeronaves foram utilizadas por toda a costa americana, tanto no Atlântico como no Pacífico, especialmente no patrulhamento anti-submarino.

Os primeiros dois dirigíveis, com as matrículas K-123 e K-130, chegaram à base das Lajes a 31 de Maio entre as 12.30 e as 13 horas, depois de uma viagem que tinha começado no dia 27 na base de Lakehurst, nos EUA.

Partiriam pouco depois das 15 horas do mesmo dia para aterrar em Port Lyautey (hoje Kenitra), em Marrocos.

Outros dois aparelhos (K-109 e K-134) começaram a sua travessia do Atlântico no dia 12 de Junho mas veriam a sua viagem atrasada devido a ventos fortes que se registam durante todo o percurso. A passagem pelos Açores deverá ter acontecido a 14 e a chegada a Marrocos no dia seguinte.

Segundo os relatórios da Marinha Americana, a que pertenciam estas unidades, os ventos contrários levaram a que a viagem se prolongasse por mais 25 horas em relação à primeira aventura.

No final de Junho outros dois dirigíveis (K-101 e K-112) repetiriam percurso sobre o Atlânico tocando também a base das Lajes. A chegada ao norte de África aconteceu no primeiro dia de Julho.

Estes seis aparelhos constituíram a Esquadrilha de Dirigíveis Catorze (Blimp Squadron Fourteen) e tiveram como principal missão, durante os meses que se seguiram, o patrulhamento antissubmarino, especialmente na zona do estreito de Gibraltar.

Para isso utilizavam um arco magnético em redor da cabina, que detectava actividade submarina. Esse arco era muito semelhante ao que era utilizado por aviões.

A pouca actividade de aviões inimigos naquela zona, numa altura em que o Norte de África e parte importante do sul de França já estava em mãos aliadas, permitiram a utilização deste tipo de aparelhos ao longo de vários meses.

Sempre que era detectada actividade aérea os dirigíveis recebiam imediatamente ordens para retirar. Frente a um avião, por mais desactualizado que este fosse, as suas hipóteses seriam relativamente diminutas.

Mais tarde parte destes aparelhos seriam transferidos para o sul de França e participariam numa outra importante actividade.

A possibilidade pairar e a manobralidade tornavam-nos num importante recurso para a desminagem dos portos mediterrânicos. A sua importância nesta acção foi destacada por vários altos responsáveis da marinha americana e, pelo menos num dos casos, evitaram que um navio draga-minas chocasse com um desses dispositivos salvando várias vidas.

Os Açores voltariam a ver dirigíveis pelo menos mais uma vez. Em Abril de 1945 quatro aeronaves (K-93, K-100, K-126 e K-127) voltaram a atravessar o atlântico, mas agora em direcção ao Reino Unido para formarem a Esquadrilha Quarenta e Dois.

Os serviços prestados no Mediterrâneo tinham mostrado que, afinal, os “velhos balões” ainda tinham utilidade para os militares…

Carlos Guerreiro

1 comentário:

  1. Publiquei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/06/dirigiveis-americanos-nos-acores.html

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