Revista "Século Ilustrado", 4 de Janeiro de 1941
Pesquisar neste blogue
Mostrar mensagens com a etiqueta Século Ilustrado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Século Ilustrado. Mostrar todas as mensagens
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
«Escaparate de Utilidades»
Lubrificantes Esso
Etiquetas:
Esso,
Lubrificantes,
publicidade,
Século Ilustrado
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
«Escaparate de Utilidades»
GRAMOFONES DE VÁRIOS MODELOS
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
«Escaparate de Utilidades»
CHÁ CELESTE
Etiquetas:
1941,
Chá Celeste,
Escaparate de utilidades,
publicidade,
Século Ilustrado
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Passagem de ano no Estoril… 1940/ 41
Como todos os outros meios o “Aterrem em Portugal!” também está atento à actualidade.
Por essa razão também fomos ao encontro das festas de fim de ano e trazemos-lhe o apontamento de uma grande actividade social, que se viveu na noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro… no Estoril.
Para não fugir ao tema do blogue falamos da festa que aconteceu de 1940 para 1941… e que mereceu nada menos que uma página de reportagem no Século Ilustrado de 4 de Janeiro de 1941.
Um bom ano para todos...
Carlos Guerreiro
Por essa razão também fomos ao encontro das festas de fim de ano e trazemos-lhe o apontamento de uma grande actividade social, que se viveu na noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro… no Estoril.
Para não fugir ao tema do blogue falamos da festa que aconteceu de 1940 para 1941… e que mereceu nada menos que uma página de reportagem no Século Ilustrado de 4 de Janeiro de 1941.
Um bom ano para todos...
Carlos Guerreiro
Etiquetas:
1940,
1941,
Casino Estoril,
Estoril,
Passagem de ano,
Século Ilustrado
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
«Escaparate de Utilidades»
MOREY
Etiquetas:
1940,
Escaparate de utilidades,
Morey,
publicidade,
Século Ilustrado
segunda-feira, 2 de abril de 2012
A “Riviera” em Lisboa
Na imprensa portuguesa da época não são fáceis de encontrar artigos relacionados com a presença ou as actividades dos refugiados que a partir de meio de 1940 começaram a chegar a Portugal.
A censura estava instruída para eliminar, ou pelo menos aliviar, os “incómodos” que iam atingindo o país e a questão dos refugiados era claramente um desses casos.
Mais tarde a chegada de dezenas de crianças judaicas, numa operação que tinha Lisboa como porta de saída para Inglaterra e para os Estados Unidos, viria a merecer outro destaque na imprensa nacional, mas nos primeiros anos a “invasão” de refugiados foi olhado como uma grande inconveniência.
Uma das formas de contornar a censura passava por copiar artigos que tinham saído na imprensa internacional. Não se pense que esta era muito mais livre que a Portuguesa, pois os correspondentes estrangeiros também tinham de sujeitar os seus artigos às autoridades portuguesas antes destes serem enviados para os respectivos países.
Quem não o fizesse estava sujeito a ordem de expulsão, enquanto os jornais podiam ser proibidos de circular ou de manter outros correspondentes radicados, naquela que era uma das últimas portas para uma Europa continental cada vez mais fechada.
Portugal era por isso uma montra onde circulavam as mais recentes notícias e boatos oriundos dos países ocupados. Por vezes acontecia que esta censura aos correspondentes estrangeiros não era tão rigorosa como acontecia à imprensa caseira e esta tentava aproveitar-se disto.
No dia 2 de Abril de 1941 O Diário de Lisboa, puxava para a primeira página uma reportagem do “Daily Telegraph”. Por considerar que se trata de um interessante retrato do clima que se vivia em Lisboa, voltamos a fazê-lo 71 anos depois…
Subindo e descendo o pavimento empedrado do Chiado que é a “Bond Street” e o “Strand” de Lisboa, desde manhã até muito depois da meia-noite, vê-se a multidão mais cosmopolita que é possível encontrar em qualquer parte do mundo.
Se nos aproximamos dos grupos que passam podemos ouvir meia dúzia de línguas diferentes. Dezoito meses depois do deflagrar da guerra e oito após a derrota da França, os refugiados continuam ainda a chegar em números importantes.
Os estrangeiros que dispõem de fundos são objecto de vaga suspeita da parte dos seus companheiros, mas usualmente, seja qual for a nacionalidade dos indivíduos que despertam essas suspeitas, a explicação é simples: têm a felicidade de dispor de dinheiro na América.
Contudo, mesmo os mais afortunados vivem à margem de um futuro incerto. Ninguém sabe até quando pode durar a chegada de fundos.
Os Serviços de Repatriação de refugiados britânicos estão organizados com a maior ordem e eficiência. Os escritórios que tratam desse serviço em Lisboa são ocupados especialmente por empregados voluntários, os quais têm acudido e facilitado os meios de regressar à pátria a muitas centenas de ingleses aqui recém-chegados.
Mesmo agora, aqueles escritórios são frequentados por mais duma centena de refugiados mensalmente que ali vão pedir indicações sobre assuntos de dinheiro e para obterem passagens para Inglaterra.
Em França são os americanos que prestam o primeiro auxílio aos ingleses que regressam ao seu país. Dali é feita a comunicação para Lisboa, após a qual decorrem várias semanas até à entrada dos interessados em Portugal.
É na estação fronteiriça portuguesa de Marvão que os refugiados entram pela primeira vez, sob a protecção directa dos Serviços de Repatriação, os quais lhes oferecem uma recepção carinhosa e lhes facultam todo o auxílio possível. Muitas das pessoas que chegam aqui são pessoas ricas, mas temporariamente estão sem dinheiro algum.
Ricos e pobres sujeitam-se igualmente aos mesmos preceitos, visto que os fundos britânicos devem ser mantidos para objectivos mais importantes do que o interesse individual. Os Serviços de Repatriação impõem um limite de 10 libras esterlinas por mês para as despesas de cada refugiado enquanto aguarda passagem para a pátria, mas felizmente é possível viver com duas libras esterlinas por semana nas pensões modestas ou em casas particulares.
Além disso é também fornecido dinheiro àqueles que precisam adquirir vestuário ou às pessoas idosas ou enfermas. Ninguém ignora que refugiados que vêm de sofrer privações usuais em França preferem viver em Portugal, mesmo que seja apenas com 10 libras por mês, ao mesmo tempo que figuram na sua imaginação e abominam os bombardeamentos, o apagar de luzes e o racionamento na Grã-Bretanha, mas o governo não desmobiliza as suas divisas para que as pessoas troquem por outra, uma vida que se assemelha à da “Riviera”.
O único documento que pode garantir a autorização para uma mais longa permanência nesta agradável terra é um atestado médico. O abono de 10 Libras termina com a partida do navio para o qual o interessado tem bilhete de passagem. Outros governos estrangeiros têm igualmente os seus organismos para refugiados em Lisboa.
O organismo holandês fez seguir cerca de 200 refugiados do seu país para as Índias Orientais Neerlandesas, assim como alguns belgas seguiram para o Congo. Apesar destes drenos ainda se encontram aqui cerca de 1200 refugiados, na sua maior parte polacos, demorados em Portugal.
E embora Lisboa pareça toda cheia com estas idas e vindas duma população poliglota, verifica-se apenas uma pequena proporção no que diz respeito à enorme multidão de europeus sem asilo. Só em território da França não ocupada há cerca de 50 mil pessoas exiladas até ao fim da guerra.
Os refugiados em Lisboa são os felizes. Ainda que vivam da caridade ou a crédito estejam impossibilitados de exercer os seus ofícios ou profissões vivem, no entanto, debaixo do sol de um país livre.
Um olhar do outro lado, sobre um Portugal que era um dos centros do mundo…
Carlos Guerreiro
Mais tarde a chegada de dezenas de crianças judaicas, numa operação que tinha Lisboa como porta de saída para Inglaterra e para os Estados Unidos, viria a merecer outro destaque na imprensa nacional, mas nos primeiros anos a “invasão” de refugiados foi olhado como uma grande inconveniência.
Crianças refugiadas de passagem por Portugal em 1943.
(Século Ilustrado, edição de 24 de Abril 1943)
Uma das formas de contornar a censura passava por copiar artigos que tinham saído na imprensa internacional. Não se pense que esta era muito mais livre que a Portuguesa, pois os correspondentes estrangeiros também tinham de sujeitar os seus artigos às autoridades portuguesas antes destes serem enviados para os respectivos países.
Quem não o fizesse estava sujeito a ordem de expulsão, enquanto os jornais podiam ser proibidos de circular ou de manter outros correspondentes radicados, naquela que era uma das últimas portas para uma Europa continental cada vez mais fechada.
Portugal era por isso uma montra onde circulavam as mais recentes notícias e boatos oriundos dos países ocupados. Por vezes acontecia que esta censura aos correspondentes estrangeiros não era tão rigorosa como acontecia à imprensa caseira e esta tentava aproveitar-se disto.
No dia 2 de Abril de 1941 O Diário de Lisboa, puxava para a primeira página uma reportagem do “Daily Telegraph”. Por considerar que se trata de um interessante retrato do clima que se vivia em Lisboa, voltamos a fazê-lo 71 anos depois…
Lisboa saída de recurso para os refugiados da Europa
Subindo e descendo o pavimento empedrado do Chiado que é a “Bond Street” e o “Strand” de Lisboa, desde manhã até muito depois da meia-noite, vê-se a multidão mais cosmopolita que é possível encontrar em qualquer parte do mundo.
Se nos aproximamos dos grupos que passam podemos ouvir meia dúzia de línguas diferentes. Dezoito meses depois do deflagrar da guerra e oito após a derrota da França, os refugiados continuam ainda a chegar em números importantes.
Os estrangeiros que dispõem de fundos são objecto de vaga suspeita da parte dos seus companheiros, mas usualmente, seja qual for a nacionalidade dos indivíduos que despertam essas suspeitas, a explicação é simples: têm a felicidade de dispor de dinheiro na América.
Contudo, mesmo os mais afortunados vivem à margem de um futuro incerto. Ninguém sabe até quando pode durar a chegada de fundos.
Os Serviços de Repatriação de refugiados britânicos estão organizados com a maior ordem e eficiência. Os escritórios que tratam desse serviço em Lisboa são ocupados especialmente por empregados voluntários, os quais têm acudido e facilitado os meios de regressar à pátria a muitas centenas de ingleses aqui recém-chegados.
Mesmo agora, aqueles escritórios são frequentados por mais duma centena de refugiados mensalmente que ali vão pedir indicações sobre assuntos de dinheiro e para obterem passagens para Inglaterra.
Em França são os americanos que prestam o primeiro auxílio aos ingleses que regressam ao seu país. Dali é feita a comunicação para Lisboa, após a qual decorrem várias semanas até à entrada dos interessados em Portugal.
A entrada em Portugal
É na estação fronteiriça portuguesa de Marvão que os refugiados entram pela primeira vez, sob a protecção directa dos Serviços de Repatriação, os quais lhes oferecem uma recepção carinhosa e lhes facultam todo o auxílio possível. Muitas das pessoas que chegam aqui são pessoas ricas, mas temporariamente estão sem dinheiro algum.
Ricos e pobres sujeitam-se igualmente aos mesmos preceitos, visto que os fundos britânicos devem ser mantidos para objectivos mais importantes do que o interesse individual. Os Serviços de Repatriação impõem um limite de 10 libras esterlinas por mês para as despesas de cada refugiado enquanto aguarda passagem para a pátria, mas felizmente é possível viver com duas libras esterlinas por semana nas pensões modestas ou em casas particulares.
Além disso é também fornecido dinheiro àqueles que precisam adquirir vestuário ou às pessoas idosas ou enfermas. Ninguém ignora que refugiados que vêm de sofrer privações usuais em França preferem viver em Portugal, mesmo que seja apenas com 10 libras por mês, ao mesmo tempo que figuram na sua imaginação e abominam os bombardeamentos, o apagar de luzes e o racionamento na Grã-Bretanha, mas o governo não desmobiliza as suas divisas para que as pessoas troquem por outra, uma vida que se assemelha à da “Riviera”.
O único documento que pode garantir a autorização para uma mais longa permanência nesta agradável terra é um atestado médico. O abono de 10 Libras termina com a partida do navio para o qual o interessado tem bilhete de passagem. Outros governos estrangeiros têm igualmente os seus organismos para refugiados em Lisboa.
O organismo holandês fez seguir cerca de 200 refugiados do seu país para as Índias Orientais Neerlandesas, assim como alguns belgas seguiram para o Congo. Apesar destes drenos ainda se encontram aqui cerca de 1200 refugiados, na sua maior parte polacos, demorados em Portugal.
E embora Lisboa pareça toda cheia com estas idas e vindas duma população poliglota, verifica-se apenas uma pequena proporção no que diz respeito à enorme multidão de europeus sem asilo. Só em território da França não ocupada há cerca de 50 mil pessoas exiladas até ao fim da guerra.
Os refugiados em Lisboa são os felizes. Ainda que vivam da caridade ou a crédito estejam impossibilitados de exercer os seus ofícios ou profissões vivem, no entanto, debaixo do sol de um país livre.
E.T.
Um olhar do outro lado, sobre um Portugal que era um dos centros do mundo…
Carlos Guerreiro
Etiquetas:
1941,
crianças,
Daily Telegraph,
II Guerra Mundial,
imprensa estrangeira,
refugiados,
Século Ilustrado
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Uma guerra acaba, outra se adivinha
Nos princípios de 1939 o semanário “Século Ilustrado”, conhecido pelas suas capas com rostos femininos, destacou dois momentos da actualidade. A 28 de Janeiro Francisco Franco espreitava, às portas de Barcelona, o fim da guerra civil espanhola e uma semana depois, a 4 de Fevereiro, era Hitler que olhava o mundo do alto do seu púlpito.
No primeiro número os “clichés do correspondente particular” da revista, Enrique Gartner, sobre a ofensiva de Barcelona começam por ocupar as páginas centrais da publicação.
Franco está no centro da acção, rodeado de fotografias dos seus principais generais, da cidade, da frente de combate e também de “provas” da presença e das atrocidades dos “vermelhos”.
Estamos em vésperas da vitória total dos nacionalistas comandados por Franco o que, segundo o “Século Ilustrado”, “corresponde a dizer que a Espanha está prestes a ver-se (…) senhora dos seus próprios destinos (…) sem influências alheias à sua própria vontade”.
Mas o destaque dado à guerra de Espanha não termina nas centrais. Oito páginas mais à frente mostram-se fotografias de “milhares de prisioneiros de todas as raças feitos no assalto a Barcelona”.
A notícia refere que “entre essa mocidade não se encontram apenas espanhóis batendo-se contra os próprios irmãos. Há gente de todas as raças, novos e velhos, que o chamado governo de Negrin contratara para cumprir as nefastas e terminantes ordens de Moscovo”.
Não há qualquer referência ao facto da agressão ter sido conduzida inicialmente pelos nacionalistas que desencadearam a guerra contra um governo eleito democraticamente. A intervenção dos Soviéticos e das chamadas brigadas internacionais, que trouxeram gente de todos os continentes para combater ao lado dos republicanos, são posteriores ao ataque que partiu de Marrocos em Julho de 1936.
Uma semana depois o grande destaque é o discurso de Hitler durante a comemoração dos seis anos da subida ao poder do partido Nacional Socialista. Um grande destaque para uma notícia que ocupa… meia página.
Só a tensão da hora justifica a importância dada ao discurso onde, garante o “Século Ilustrado”, o “Fuhrer” falou “claro, com senso e com calma, como homem que sabe as responsabilidades que pesam sobre os seus ombros”.
Em poucas linhas e meia página o “Século Ilustrado” conta os pormenores sobre o discurso de Hitler.
Setenta anos depois da publicação um olhar para as últimas linhas da notícia deixa uma estranha sensação: “Aos que esperavam que o fuhrer soprasse o clarim anunciador das grandes batalhas – o discurso de Hitler causou, possivelmente, decepção. Mas agradou e bem dispôs a todos que crêem que na estabilidade da Paz está a melhor maneira de os povos se engrandecerem e dignificarem!”
Oito meses depois as tropas alemãs cruzavam a fronteira polaca e davam os primeiros disparos naquela que viria a ser chamada a II Guerra Mundial…
Carlos Guerreiro
Franco às portas de Barcelona. Capa do “Século Ilustrado” de 28 de Janeiro de 1939.
Hitler discursa no sexto aniversário da subida ao poder na Alemanha do Nacional Socialismo. Capa do “Século Ilustrado” de 4 de Fevereiro de 1939.
No primeiro número os “clichés do correspondente particular” da revista, Enrique Gartner, sobre a ofensiva de Barcelona começam por ocupar as páginas centrais da publicação.
Franco está no centro da acção, rodeado de fotografias dos seus principais generais, da cidade, da frente de combate e também de “provas” da presença e das atrocidades dos “vermelhos”.
Estamos em vésperas da vitória total dos nacionalistas comandados por Franco o que, segundo o “Século Ilustrado”, “corresponde a dizer que a Espanha está prestes a ver-se (…) senhora dos seus próprios destinos (…) sem influências alheias à sua própria vontade”.
As páginas centrais (em cima) dedicadas à batalha de Barcelona. Em baixo, algumas imagens e o texto dessa página.
Mas o destaque dado à guerra de Espanha não termina nas centrais. Oito páginas mais à frente mostram-se fotografias de “milhares de prisioneiros de todas as raças feitos no assalto a Barcelona”.
A notícia refere que “entre essa mocidade não se encontram apenas espanhóis batendo-se contra os próprios irmãos. Há gente de todas as raças, novos e velhos, que o chamado governo de Negrin contratara para cumprir as nefastas e terminantes ordens de Moscovo”.
Página com “clichés” sobre os prisioneiros estrangeiros feitos às portas de Barcelona: “estrangeiros que sem a ideia de Pátria se batiam numa pátria que não era deles”.
Não há qualquer referência ao facto da agressão ter sido conduzida inicialmente pelos nacionalistas que desencadearam a guerra contra um governo eleito democraticamente. A intervenção dos Soviéticos e das chamadas brigadas internacionais, que trouxeram gente de todos os continentes para combater ao lado dos republicanos, são posteriores ao ataque que partiu de Marrocos em Julho de 1936.
Uma semana depois o grande destaque é o discurso de Hitler durante a comemoração dos seis anos da subida ao poder do partido Nacional Socialista. Um grande destaque para uma notícia que ocupa… meia página.
Só a tensão da hora justifica a importância dada ao discurso onde, garante o “Século Ilustrado”, o “Fuhrer” falou “claro, com senso e com calma, como homem que sabe as responsabilidades que pesam sobre os seus ombros”.
Em poucas linhas e meia página o “Século Ilustrado” conta os pormenores sobre o discurso de Hitler.
Em poucas linhas e meia página o “Século Ilustrado” conta os pormenores sobre o discurso de Hitler.
Setenta anos depois da publicação um olhar para as últimas linhas da notícia deixa uma estranha sensação: “Aos que esperavam que o fuhrer soprasse o clarim anunciador das grandes batalhas – o discurso de Hitler causou, possivelmente, decepção. Mas agradou e bem dispôs a todos que crêem que na estabilidade da Paz está a melhor maneira de os povos se engrandecerem e dignificarem!”
Oito meses depois as tropas alemãs cruzavam a fronteira polaca e davam os primeiros disparos naquela que viria a ser chamada a II Guerra Mundial…
Carlos Guerreiro
Etiquetas:
1939,
Franco,
Guerra Civil de Espanha,
hitler,
Século Ilustrado
domingo, 27 de novembro de 2011
O cão medalhado
Nas últimas semanas fomos bombardeados com histórias de cães que esperam donos em paragens de autocarro ou de comboio (alguns durante meses), e que são heróis por isto ou aquilo...
Não é coisa nova o interesse dos meios de comunicação pelos feitos de animaizinhos de estimação...
Para "seguir a moda" e partir à conquista de mais uns leitores - espero que muitos - fica o apontamento de um cão herói, que até mereceu a recebeu uma medalha de prata como retribuição pelo seu acto...
A estória e os "Clichés" - como se dizia na época - foram publicados no "Século Ilustrado" do dia 4 de Fevereiro de 1939.
Carlos Guerreiro
Não é coisa nova o interesse dos meios de comunicação pelos feitos de animaizinhos de estimação...
Para "seguir a moda" e partir à conquista de mais uns leitores - espero que muitos - fica o apontamento de um cão herói, que até mereceu a recebeu uma medalha de prata como retribuição pelo seu acto...
A estória e os "Clichés" - como se dizia na época - foram publicados no "Século Ilustrado" do dia 4 de Fevereiro de 1939.
Carlos Guerreiro
Etiquetas:
cão,
herói,
Século Ilustrado
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Uma ponte para a verdade
Dois meses depois da Invasão da Polónia pelos alemães – e do início da II Guerra Mundial - o “Século Ilustrado” publicou esta página e chamou-lhe simplesmente “Assim se faz história”.
Certamente existiriam outras frases para descrever o conjunto de imagens publicada por este semanário a 4 de Novembro de 1939:
- “A primeira vítima da guerra é a verdade”;
- “A verdade de cada um”;
- “Uma boa imagem vale por mil palavras” (ou por todas as palavras que quisermos);
- “Seis formas de o enganar…”
Muitas outras também fariam sentido…
O esquema utilizado é bastante simples. Repete-se a imagem e mudam as legendas, mostrando a facilidade como se alteram ou criam acontecimentos. É uma crítica directa à manipulação e à propaganda que, por aqueles tempos, dava já passos firmes visando o controlo da sociedade…
Não deixa de ser curioso que isto aconteça num jornal editado sob a bandeira da censura do Estado Novo, também criada para policiar e controlar informação…
Quem sabe se o autor da página não pretende mesmo isso:
- “Já agora, não acredite em tudo o que lê” - (mesmo que o leia aqui)…
Ficam a foto e as legendas…
Carlos Guerreiro
Certamente existiriam outras frases para descrever o conjunto de imagens publicada por este semanário a 4 de Novembro de 1939:
- “A primeira vítima da guerra é a verdade”;
- “A verdade de cada um”;
- “Uma boa imagem vale por mil palavras” (ou por todas as palavras que quisermos);
- “Seis formas de o enganar…”
Muitas outras também fariam sentido…
O esquema utilizado é bastante simples. Repete-se a imagem e mudam as legendas, mostrando a facilidade como se alteram ou criam acontecimentos. É uma crítica directa à manipulação e à propaganda que, por aqueles tempos, dava já passos firmes visando o controlo da sociedade…
Não deixa de ser curioso que isto aconteça num jornal editado sob a bandeira da censura do Estado Novo, também criada para policiar e controlar informação…
Quem sabe se o autor da página não pretende mesmo isso:
- “Já agora, não acredite em tudo o que lê” - (mesmo que o leia aqui)…
Ficam a foto e as legendas…
NUMA REVISTA INGLESA: O brutal invasor da Polónia fez na nação mártir estragos, como este, no valor de muitos milhões de libras.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
NUMA REVISTA FRANCESA: A pata do invasor. Selvagens bombardeamentos alemães destruíram na Polónia obras de engenharia sem valor militar.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
NUMA REVISTA ALEMÃ: O capitalismo inglês levou os polacos à loucura de destruírem pontes para retardar a libertação da Polónia.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
NUMA REVISTA ITALIANA: O avanço glorioso das tropas germânicas obrigou os polacos a destruírem pontes para retardar a invasão da Polónia.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
NUMA REVISTA JAPONESA: O mal entendido entre a Polónia e a Alemanha originou estragos lamentáveis.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
LEGENDA PORTUGUESA: Uma ponte construída pelos polacos e desfeita não se sabe por quem.
(Século Ilustrado - Arquivo Municipal de Portimão)
Carlos Guerreiro
Etiquetas:
Polónia,
propaganda,
Século Ilustrado
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
O mar no "Século Ilustrado..."
No dia 2 de Setembro saía a edição 87 do "Século Ilustrado".
Apostando muito na utilização de fotografia e de imagens este jornal/revista semanal já adivinhava uma guerra que se iria prolongar pelos anos seguintes.
(Capa do "Século Ilustrado" de 2 de Setembro 1939 - Centro de Documentação/ Arquivo Histórico de Portimão)
Só não adivinhou que seria uma guerra total, que se decidiria em todos os cenários e não apenas no mar...
Apostando muito na utilização de fotografia e de imagens este jornal/revista semanal já adivinhava uma guerra que se iria prolongar pelos anos seguintes.
(Capa do "Século Ilustrado" de 2 de Setembro 1939 - Centro de Documentação/ Arquivo Histórico de Portimão)
Só não adivinhou que seria uma guerra total, que se decidiria em todos os cenários e não apenas no mar...
Etiquetas:
1 de Setembro,
Século Ilustrado
Subscrever:
Mensagens (Atom)