Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta BBC. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta BBC. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Postalinho...
Pena de Morte para quem ouvir a BBC


Postal britânico de propaganda que salienta as medidas de censura adoptadas pelo regime Nazi, com o objectivo de tentar evitar que estes ouvissem a propaganda emitida pela BBC.

A guerra da propaganda contou com a aparição do rádio, uma novíssima e versátil tecnologia, que permitia atravessar fronteiras de forma impune e chegar à casa dos inimigos.

Tanto os aliados como o eixo tiveram emissões de propaganda com o objectivo de passar mensagens ao inimigo. O lado britânico contou nas fileiras da BBC com refugiados alemães, judeus ou antinazis, enquanto do lado alemão havia britânicos que acreditavam na mensagem do nazismo. Entre estes últimos destacou-se Lord Haw-Haw, aliás William Joyce, um britânico que seria capturado no final da guerra e julgado como traidor.Foi enforcado...

Portugal também foi alvo desta guerra de frequências. Alemães e Italianos de um lado, britânicos e americanos do outro, emitiam boletins noticiosos, programas culturais e musicais em diversos horários.

Também por aqui de tentou limitar o impacto das mensagens emitidas pelos estrangeiros. Não houve uma proibição de ouvir as emissões, e estas eram amplamente publicitadas em jornais e revistas, mas tentou-se impedir que as audições se transformassem em eventos sociais.

A BBC, A Voz da América, a Rádio Berlim ou o Centro Rádio Imperiale entraram pelas casas dos portugueses adentro, mas deviam ser ouvidas na intimidade com legislação a proibir a audição em sessões públicas ou grupos alargados. Obviamente muitos portugueses – incluindo certas forças locais - fizeram vista grossa à legislação obrigando as autoridades a intervir e em certos casos, a apreender os aparelhos.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 10 de março de 2014

«Escaparate de Utilidades»
BBC, Lições de Inglês pela Rádio

Jornal "Diário de Lisboa", 22 de Março de 2012

segunda-feira, 6 de maio de 2013

«Escaparate de Utilidades»
BBC ANUNCIA AO MUNDO A VITÓRIA


Jornal "O Século", 8 de Maio de 1945.
(Hemeroteca de Lisboa)



Revista "Mundo Gráfico", Edição Especial Maio de 1945.
(Hemeroteca de Lisboa)

Em Maio de 1945 a notícia da rendição alemã era esperada a qualquer momento e acabaria por ser confirmada  na tarde do dia 7.

Ao jornais portugueses da tarde, como o “Diário de Lisboa” trouxeram a informação no mesmo dia já depois da conformação ter sido feita através da BBC. Um facto que a emissora britânica soube capitalizar…

segunda-feira, 29 de abril de 2013

«Escaparate de Utilidades»
FERNANDO PESSA, A VOZ DE LONDRES

Jornal "Diário de Notícias", 6 de Fevereiro de 1941.
(Hemeroteca de Lisboa)

Há onze anos morria o centenário Fernando Pessa.

Durante a II Guerra foi a voz das emissões da BBC em português (ver AQUI), uma imagem que se colou a Pessa até ao final da vida…

Fica um anúncio da Philips de 1941, onde a imagem do locutor e da marca se misturam…

Uma boa semana...

Carlos Guerreiro

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

«Ministério das Propagandas» A VOZ... DA BBC

A BBC é uma das marcas mais respeitadas do mundo no panorama duro panorama dos meios de comunicação social. Mesmo hoje – e apesar dos cortes que anunciam milhares de despedimentos nos próximos anos – a marca BBC continua a ser olhada como um serviço público de referência, especialmente pela qualidade que imprime tantos aos programas de entretenimento como de informação.

A Bristish Broadcasting Corporation – enquanto emissora de rádio - já granjeara o respeito dos britânicos logo no seu nascimento e durante os anos 20 e 30. A sua expansão mundial dá-se durante o período da II Guerra Mundial. A necessidade de ter um instrumento capaz de levar “A voz de Londres”aos quatro cantos do mundo levou o governo britânico a expandir o seu serviço, investindo na internacionalização das emissões.

O serviço em português foi inaugurado pouco antes de rebentar a guerra e rapidamente Fernando Pessa transformou-se num dos seus ex-libris. Para divulgar as emissões internacionais realizou-se também um grande investimento que em Portugal passou pela publicação de vários panfletos – em português - e pela contínua inclusão de anúncios nos principais jornais e revistas nacionais.


As capas de dois panfletos de divulgação da BBC. A “Voz de Londres”, aparenta ser o mais antigo, datando de 1940. A foto é do edifício sede da emissora. “A Voz de Londres na Guerra”, não tem data, mas indicia ser posterior pois refere os bombardeamentos da capital britânica. 
(Colecção do autor)


O facto de ter persistido a suspeita – até 1942 - de que Portugal poderia invadido a qualquer momento pelos alemães parece ter levado os britânicos a intensificar a divulgação das emissões de rádio. Uma forma de deixar para trás um mensageiro escondido nas ondas artesianas…



“A Voz de Londres”


Na “Voz de Londres” pode ler-se o discurso do Embaixador Português em Londres, Armindo Monteiro, na inauguração do serviço.
(Colecção do autor) 





Visitas portuguesas à BBC…
(Colecção do autor) 


“A voz de Londres na Guerra”

N’ “A voz de Londres na Guerra” as fotos assumem maior interesse mostrando vários aspectos da redacção portuguesa.

A começar pelo Fernando Pessa…





Panfleto Multilingue



Em Portugal foi também distribuído este panfleto em dez línguas onde a BBC garantia as últimas notícias verídicas e autênticas…
(Colecção do autor) 


Na imprensa



Alguns anúncios da BBC publicados em jornais portugueses.
(Fonte "Diário de Lisboa") 




Um bom ano novo


Postal de ano novo – sem data. Nas traseiras podiam ler-se as horas dos noticiários e das actualidades e as respectivas frequências.
(Colecção do autor) 


Para ler mais sobre as transmissões de rádio estrangeiras em Portugal clique AQUI.


Carlos Guerreiro

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os senhores que mandavam no rádio…

Por Carlos Guerreiro

“A medida é violenta mas indispensável porque – digo-o com a maior das preocupações e desgosto – em quase todo o Algarve não se cumprem as ordens do Governo da Nação, relativamente às emissões radiofónicas de propaganda dos países beligerantes, seus aliados e simpatizantes, que foram expressamente proibidas”.

Anúncio da Philips mostrando vários modelos de rádio daquela companhia. Publicado no "Diário de Lisboa" em Setembro de 1939. 
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)

Este é apenas um dos parágrafos de circular enviada às várias câmaras do distrito pelo Governador Civil de Faro, Armando Monteiro Leite, em 5 de Maio de 1943. Com a circular seguiam cópias de um edital a ser colocado nos locais públicos exigindo a entrega de todos os aparelhos de rádio às autoridades para serem selados.

Num tom, por vezes quase irado, o documento salienta que o momento se “reveste de extraordinária gravidade, porquanto a indiferença da maioria das autoridades revela afinal que não é suficientemente avaliada a responsabilidade moral assumida por Portugal ao declarar e definir a sua posição de neutralidade em face da horrorosa tragédia que vive a humanidade”.

Desde o princípio do conflito que as várias facções da guerra bombardeavam o país com propaganda. Diversas publicações – como por exemplo a “Signal” (alemã) ou a “Neptuno” (britânica), entre outras começaram a circular, especialmente, a partir de 1940.



A BBC foi uma das primeiras estações de rádio a realizar, em onda curta, transmissões para Portugal. Este é um dos muitos anúncios publicados na imprensa portuguesa diária.  Fernando Pessa era um dos "radialistas" mais conhecidos e ouvidos.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)











Os “sagrados interesses da Pátria”

A rádio é um dos mais poderosos meios de propaganda da época e cedo emissoras alemãs, britânicas, italianas, soviéticas e americanas criam programas em português. A procura de informação por parte da população juntava multidões nos locais onde existiam rádios. Tabernas, agremiações sociais, culturais e de recreio eram muito procurados pois os aparelhos em residências particulares eram escassos.

Destas aglomerações resultavam manifestações públicas que preocupavam o regime. O aumento do número de emissões levou o governo a publicar diversos editais. Um, em Maio de 1941, é acompanhado de um documento onde Armando Monteiro Leite esclarece que o objectivo é evitar “actos que se prestem a criar embaraços ao Governo”, até porque “acima de simpatias e antipatias de ordem pessoal estão os sagrados interesses da Pátria”.



Os muitos interesses da Alemanha em Portugal não deixaram o regime hitleriano descurar a propaganda para o país.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)












Esta “Circular Confidencial”, enviada aos autarcas, explica que “infelizmente, na sombra, elementos suspeitos procuram prejudicar a unidade nacional, explorando ódios e paixões, levando a confusão a espíritos locais e incultos, tentando (…) contrariar a acção do Governo”.

Fica, a partir daquela data, proibida a audição em locais públicos de emissões “que captem postos estrangeiros (…) para retransmissão de notícias e comunicados de guerra”.





Com entrada dos Estados Unidos da América na Guerra chegou também a Portugal uma das mais poderosas máquinas de propaganda do mundo.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)










São anunciadas ainda outras restrições como a colocação de cartazes, “revistas fotográficas” ou outro tipo de propaganda dos beligerantes em montras. Proíbe também que os populares “usem emblemas e insígnias representativas ou alusivas a países beligerantes”, e a sua venda em estabelecimentos portugueses.

Proibido… mas não muito

Dois anos depois, e em relação à rádio, poucas destas imposições eram cumpridas. Mais grave era o facto do desrespeito pelas normas ser feito à vista de todos, como confirmam vários exemplos referidos na circular “que denotam a brandura de algumas autoridades que conduziram a abusos de ousadia que podem originar situações melindrosas”:

a) Numa vila, sede de concelho, chegou-se a utilizar alto-falantes para retransmissão pública de notícias divulgadas por postos estrangeiros;

b) Numa cidade, defronte de um largo público, determinada casa particular abria de par em par as janelas, para que uma massa confusa de pessoas de rudimentar cultura e obcecado facciosismo escutasse as emissões de terminados postos estrangeiros.

c) Em *todas as associações de recreio - algumas tendo como directores *autoridades – se permitem as emissões de notícias de guerra de postos estrangeiros de radiodifusão.

d) Tendo-se reprimido em uma ou outra Casa de Povo o uso de aparelhos de rádio para a audição de notícias estrangeiras (…), os seus sócios deixaram de frequentar as sedes para assistirem nas tabernas locais às audições de programas de notícias e propaganda de guerra, feitas por postos estrangeiros de radiodifusão, inclusive os da Rússia Comunista.

Estas são algumas das razões que levam à selagem e ao envio de uma relação dos aparelhos existentes na região para o Governo Civil.

De fora ficam apenas os locais onde seja possível exercer um “eficiente vigilância”. Também poderão ser desbloqueados alguns rádios, depois de se averiguar a “idoneidade moral e política dos requerentes”.

As ordens são para cumprir de imediato, mas a vontade de ferro do Governador Civil é vencida com alguma rapidez.






Todos os beligerantes tentaram passar a sua mensagem, incluindo os Italianos. Não podemos esquecer que comunidade italiana em Portugal era bastante grande. Em, Olhão, no Algarve, onde os italianos dominavam a indústria de conservas, existiu mesmo um núcleo de "Camisas Negras", onde só se podia entrar com convite.
(Século Ilustrado/Arquivo Municipal de Portimão)













À boa maneira portuguesa, apenas 22 dias passados, as ordens são suavizadas, num novo edital. Continua proibida a audição de emissões em “tabernas, cafés, hotéis e restaurantes”, mas nas associações de recreio, “desde que os seus directores se responsabilizem” e prometam não ouvir postos estrangeiros poderão ser devolvidos os aparelhos.

* - sublinhado no documento original