Jornal "Diário de Lisboa", 24 de Fevereiro de 1945
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
«Escaparate de Utilidades»
Reparações Supersom Rádio
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segunda-feira, 2 de maio de 2016
«Escaparate de Utilidades»
Transforme o seu receptor num gramofone
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Valentim de Carvalho
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
O Postalinho...
Pena de Morte para quem ouvir a BBC
Postal britânico de propaganda que salienta as medidas de censura adoptadas pelo regime Nazi, com o objectivo de tentar evitar que estes ouvissem a propaganda emitida pela BBC.
A guerra da propaganda contou com a aparição do rádio, uma novíssima e versátil tecnologia, que permitia atravessar fronteiras de forma impune e chegar à casa dos inimigos.
Tanto os aliados como o eixo tiveram emissões de propaganda com o objectivo de passar mensagens ao inimigo. O lado britânico contou nas fileiras da BBC com refugiados alemães, judeus ou antinazis, enquanto do lado alemão havia britânicos que acreditavam na mensagem do nazismo. Entre estes últimos destacou-se Lord Haw-Haw, aliás William Joyce, um britânico que seria capturado no final da guerra e julgado como traidor.Foi enforcado...
Portugal também foi alvo desta guerra de frequências. Alemães e Italianos de um lado, britânicos e americanos do outro, emitiam boletins noticiosos, programas culturais e musicais em diversos horários.
Também por aqui de tentou limitar o impacto das mensagens emitidas pelos estrangeiros. Não houve uma proibição de ouvir as emissões, e estas eram amplamente publicitadas em jornais e revistas, mas tentou-se impedir que as audições se transformassem em eventos sociais.
A BBC, A Voz da América, a Rádio Berlim ou o Centro Rádio Imperiale entraram pelas casas dos portugueses adentro, mas deviam ser ouvidas na intimidade com legislação a proibir a audição em sessões públicas ou grupos alargados. Obviamente muitos portugueses – incluindo certas forças locais - fizeram vista grossa à legislação obrigando as autoridades a intervir e em certos casos, a apreender os aparelhos.
Carlos Guerreiro
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segunda-feira, 11 de agosto de 2014
«Escaparate de Utilidades»
Rádio Lincoln
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Dia Mundial da Rádio…
No dia Mundial da Rádio o “Aterrem em Portugal!” deixa-lhe algumas das vozes – e das caras – dos que fizeram a história da rádio portuguesa.
Na edição de 27 de Novembro de 1943 a revista “Século Ilustrado” trazia uma reportagem onde apresentava ao público as vozes da Emissora nacional…
Deixo a sintonia de 1943...
Desejo a todos um bom dia da Rádio…
Na edição de 27 de Novembro de 1943 a revista “Século Ilustrado” trazia uma reportagem onde apresentava ao público as vozes da Emissora nacional…
Deixo a sintonia de 1943...
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Os rádios do senhor Batalim
“Era moço novo e tinha casado há pouco tempo. Queria lá levantar-me de madrugada, Mas bateram tanto à porta quem tive de vir cá abaixo”, explicava-me o senhor Batalim, que fora dono de uma “venda” em Monchique, no Algarve.
O edifício onde durante anos vendeu copos de tinto à mistura com azeite ou arroz encontrava-se no Largo dos Chorões, ainda hoje uma zona central daquela vila algarvia. Foi nesse largo que o encontrei, já lá vão muitos anos, nem sei bem quantos.
Na altura já estava empenhado na procura das histórias sobre os aviões da guerra e recordo que ele referiu, de forma vaga, um ou outro caso que lhe “tinham contado”, mas a história que me ficou na memória foi outra.
Foi a epopeia dos seus rádios, durante a guerra, que me fizeram rir. Na altura não tirei muitos apontamentos e quando, anos depois, falei com um amigo de Monchique sobre este caso ele lamentou dar-me a notícia do falecimento do protagonista da história.
As linhas que deixo são, assim, uma mistura de apontamentos e memórias. Faltam certamente pormenores e haveria com certeza mais para dizer… As expressões dele eram riquíssimas. Se alguém tiver mais a acrescentar ficarei, como sempre, agradecido pelo seu contacto.
Pouco antes de rebentar a segunda guerra o senhor Batalim conseguiu comprar a tal “venda” do Largo do Chorão. Já lá trabalhava quando os sócios decidiram vender o estabelecimento e, com algum dinheiro que tinha juntado, resolveu aventurar-se.
Para além do balcão, das prateleiras e outras comodidades habituais num estabelecimento deste tipo também recebeu dois aparelhos de rádio. De facto apenas um funcionava e estava por detrás do balcão, enquanto o outro se encontrava avariado num dos anexos.
Os rádios eram uma das atracções do espaço comercial. Nem todas as pessoas tinham condições para ter um aparelho e ouvir as notícias ou outras emissões na “venda” não era anormal.
Um dia entraram-lhe pela porta adentro o presidente da câmara e alguns fiscais. Vinham a apreender rádio e levaram não só o que funcionava como também o avariado.
O senhor Batalim reconheceu que às vezes “era normal” fechar a porta ainda com alguns clientes para ouvir as emissões da BBC durante a noite. Terá sido por cometer este “crime” que os rádios voaram das suas prateleiras para o depósito da autarquia.
Com a guerra em crescendo os principais beligerantes passaram a emitir noticiário em português. Para evitar que os “sagrados interesses da Pátria” fossem afectados, nomeadamente a sua política de neutralidade, o Governo decretou em 1941 a proibição de ouvir emissores estrangeiros em grupo.
Em muitos locais esta proibição foi cumprida à portuguesa como revela um édito emitido em 1943 pelo Governador Civil de Faro que refere vários casos onde a legislação foi “torneada”. Nesse documento era também decretada a apreensão de todos os aparelhos de rádio que se encontravam em espaços públicos. Apesar de não se lembrar da data em que ocorreu a apreensão esta pode ter acontecido na sequência desta ordem.
Avaria providencial
É alguns dias depois desta apreensão que o senhor Batalim se viu arrancado da cama a altas horas da noite. Quem insistia em bater era um membro da comitiva do então governador civil, Major Armando Monteiro Leite, que nesse dia se deslocara ao conselho para uma visita oficial.
Já no regresso uma viatura da comitiva sofreu uma avaria e sem outra possibilidade tiveram de regressar a Monchique. A “venda” do Largo dos Chorões tinha um dos poucos telefones públicos da vila, razão para o insistente bater na porta. Telefonar não era tão fácil como hoje. A ligação partia de Monchique até à estação telefónica de Portimão onde alguém, manualmente e com um sistema de fichas, assegurava a ligação à estação seguinte até chegar a Faro. Esta última ligava depois ao número de telefone desejado.
Era um percurso demorado que Batalim aproveitou para meter conversa com a filha do Governador Civil. “Era uma rapariga jeitosa” relembrou. Conversa puxa conversa e o caso dos rádios também veio à baila com o comerciante a mostrar-se incrédulo com o que tinha acontecido e contar o episódio como se fosse uma anedota. Terminada a crise regressou à cama e não voltou a pensar no assunto.
Dias mais tarde recebeu um preocupado recado do presidente da câmara. Queria que este fosse à autarquia com urgência. O senhor Batalim lá foi, sem perceber muito bem a razão para tanta pressa. Uma apreensão que se adensou com a conversa e o autarca a tentar explicar que os rádios tinham sido apreendidos por ordem superior. Por fim o autarca foi directo e perguntou-lhe: “Oh Batalim, mas quem é tu conheces?”…
“Não interessa quem eu conheço…” respondeu-lhe o comerciante ainda desconfiado com o rumo da conversa. Por fim o presidente da câmara explicou-se. Tinha recebido uma nota do Governo Civil a dar ordem para que os equipamentos fossem devolvidos, especificando que se referia tanto ao rádio que funcionava como ao outro, o avariado.
Batalim insistiu em não dar mais esclarecimentos. Recuperou os dois rádios e voltou à sua actividade normal… “Só depois do 25 de Abril contei ao presidente da câmara quem eram os meus conhecimentos…e ele acabou por se rir”, concluiu orgulhoso.
Lá diz o ditado: “Não interessa quem tu conheces, mas sim quem pensam que conheces…”
Carlos Guerreiro
O edifício onde durante anos vendeu copos de tinto à mistura com azeite ou arroz encontrava-se no Largo dos Chorões, ainda hoje uma zona central daquela vila algarvia. Foi nesse largo que o encontrei, já lá vão muitos anos, nem sei bem quantos.
Na altura já estava empenhado na procura das histórias sobre os aviões da guerra e recordo que ele referiu, de forma vaga, um ou outro caso que lhe “tinham contado”, mas a história que me ficou na memória foi outra.
Publicidade a um rádio da marca Siemens de 1943
As linhas que deixo são, assim, uma mistura de apontamentos e memórias. Faltam certamente pormenores e haveria com certeza mais para dizer… As expressões dele eram riquíssimas. Se alguém tiver mais a acrescentar ficarei, como sempre, agradecido pelo seu contacto.
Pouco antes de rebentar a segunda guerra o senhor Batalim conseguiu comprar a tal “venda” do Largo do Chorão. Já lá trabalhava quando os sócios decidiram vender o estabelecimento e, com algum dinheiro que tinha juntado, resolveu aventurar-se.
Para além do balcão, das prateleiras e outras comodidades habituais num estabelecimento deste tipo também recebeu dois aparelhos de rádio. De facto apenas um funcionava e estava por detrás do balcão, enquanto o outro se encontrava avariado num dos anexos.
Os rádios eram uma das atracções do espaço comercial. Nem todas as pessoas tinham condições para ter um aparelho e ouvir as notícias ou outras emissões na “venda” não era anormal.
Um dia entraram-lhe pela porta adentro o presidente da câmara e alguns fiscais. Vinham a apreender rádio e levaram não só o que funcionava como também o avariado.
O senhor Batalim reconheceu que às vezes “era normal” fechar a porta ainda com alguns clientes para ouvir as emissões da BBC durante a noite. Terá sido por cometer este “crime” que os rádios voaram das suas prateleiras para o depósito da autarquia.
Com a guerra em crescendo os principais beligerantes passaram a emitir noticiário em português. Para evitar que os “sagrados interesses da Pátria” fossem afectados, nomeadamente a sua política de neutralidade, o Governo decretou em 1941 a proibição de ouvir emissores estrangeiros em grupo.
Em muitos locais esta proibição foi cumprida à portuguesa como revela um édito emitido em 1943 pelo Governador Civil de Faro que refere vários casos onde a legislação foi “torneada”. Nesse documento era também decretada a apreensão de todos os aparelhos de rádio que se encontravam em espaços públicos. Apesar de não se lembrar da data em que ocorreu a apreensão esta pode ter acontecido na sequência desta ordem.
Avaria providencial
É alguns dias depois desta apreensão que o senhor Batalim se viu arrancado da cama a altas horas da noite. Quem insistia em bater era um membro da comitiva do então governador civil, Major Armando Monteiro Leite, que nesse dia se deslocara ao conselho para uma visita oficial.
Já no regresso uma viatura da comitiva sofreu uma avaria e sem outra possibilidade tiveram de regressar a Monchique. A “venda” do Largo dos Chorões tinha um dos poucos telefones públicos da vila, razão para o insistente bater na porta. Telefonar não era tão fácil como hoje. A ligação partia de Monchique até à estação telefónica de Portimão onde alguém, manualmente e com um sistema de fichas, assegurava a ligação à estação seguinte até chegar a Faro. Esta última ligava depois ao número de telefone desejado.
Era um percurso demorado que Batalim aproveitou para meter conversa com a filha do Governador Civil. “Era uma rapariga jeitosa” relembrou. Conversa puxa conversa e o caso dos rádios também veio à baila com o comerciante a mostrar-se incrédulo com o que tinha acontecido e contar o episódio como se fosse uma anedota. Terminada a crise regressou à cama e não voltou a pensar no assunto.
Dias mais tarde recebeu um preocupado recado do presidente da câmara. Queria que este fosse à autarquia com urgência. O senhor Batalim lá foi, sem perceber muito bem a razão para tanta pressa. Uma apreensão que se adensou com a conversa e o autarca a tentar explicar que os rádios tinham sido apreendidos por ordem superior. Por fim o autarca foi directo e perguntou-lhe: “Oh Batalim, mas quem é tu conheces?”…
“Não interessa quem eu conheço…” respondeu-lhe o comerciante ainda desconfiado com o rumo da conversa. Por fim o presidente da câmara explicou-se. Tinha recebido uma nota do Governo Civil a dar ordem para que os equipamentos fossem devolvidos, especificando que se referia tanto ao rádio que funcionava como ao outro, o avariado.
Batalim insistiu em não dar mais esclarecimentos. Recuperou os dois rádios e voltou à sua actividade normal… “Só depois do 25 de Abril contei ao presidente da câmara quem eram os meus conhecimentos…e ele acabou por se rir”, concluiu orgulhoso.
Lá diz o ditado: “Não interessa quem tu conheces, mas sim quem pensam que conheces…”
Carlos Guerreiro
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
«Escaparate de Utilidades»
Reparações Rema-Rádio
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segunda-feira, 29 de abril de 2013
«Escaparate de Utilidades»
FERNANDO PESSA, A VOZ DE LONDRES
Jornal "Diário de Notícias", 6 de Fevereiro de 1941.
(Hemeroteca de Lisboa)
Há onze anos morria o centenário Fernando Pessa.
Durante a II Guerra foi a voz das emissões da BBC em português (ver AQUI), uma imagem que se colou a Pessa até ao final da vida…
Fica um anúncio da Philips de 1941, onde a imagem do locutor e da marca se misturam…
Uma boa semana...
Carlos Guerreiro
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segunda-feira, 8 de abril de 2013
«Escaparate de Utilidades»
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
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ABERTURA DA CAÇA
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012
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RÁDIO STEWART-WARNER
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
«Ministério das Propagandas» A VOZ... DA BBC
A BBC é uma das marcas mais respeitadas do mundo no panorama duro panorama dos meios de comunicação social. Mesmo hoje – e apesar dos cortes que anunciam milhares de despedimentos nos próximos anos – a marca BBC continua a ser olhada como um serviço público de referência, especialmente pela qualidade que imprime tantos aos programas de entretenimento como de informação.
A Bristish Broadcasting Corporation – enquanto emissora de rádio - já granjeara o respeito dos britânicos logo no seu nascimento e durante os anos 20 e 30. A sua expansão mundial dá-se durante o período da II Guerra Mundial. A necessidade de ter um instrumento capaz de levar “A voz de Londres”aos quatro cantos do mundo levou o governo britânico a expandir o seu serviço, investindo na internacionalização das emissões.
O serviço em português foi inaugurado pouco antes de rebentar a guerra e rapidamente Fernando Pessa transformou-se num dos seus ex-libris. Para divulgar as emissões internacionais realizou-se também um grande investimento que em Portugal passou pela publicação de vários panfletos – em português - e pela contínua inclusão de anúncios nos principais jornais e revistas nacionais.
O facto de ter persistido a suspeita – até 1942 - de que Portugal poderia invadido a qualquer momento pelos alemães parece ter levado os britânicos a intensificar a divulgação das emissões de rádio. Uma forma de deixar para trás um mensageiro escondido nas ondas artesianas…
“A Voz de Londres”
“A voz de Londres na Guerra”
Panfleto Multilingue
Na imprensa
Um bom ano novo
Carlos Guerreiro
A Bristish Broadcasting Corporation – enquanto emissora de rádio - já granjeara o respeito dos britânicos logo no seu nascimento e durante os anos 20 e 30. A sua expansão mundial dá-se durante o período da II Guerra Mundial. A necessidade de ter um instrumento capaz de levar “A voz de Londres”aos quatro cantos do mundo levou o governo britânico a expandir o seu serviço, investindo na internacionalização das emissões.
O serviço em português foi inaugurado pouco antes de rebentar a guerra e rapidamente Fernando Pessa transformou-se num dos seus ex-libris. Para divulgar as emissões internacionais realizou-se também um grande investimento que em Portugal passou pela publicação de vários panfletos – em português - e pela contínua inclusão de anúncios nos principais jornais e revistas nacionais.
As capas de dois panfletos de divulgação da BBC. A “Voz de Londres”, aparenta ser o mais antigo, datando de 1940. A foto é do edifício sede da emissora. “A Voz de Londres na Guerra”, não tem data, mas indicia ser posterior pois refere os bombardeamentos da capital britânica.
(Colecção do autor)
O facto de ter persistido a suspeita – até 1942 - de que Portugal poderia invadido a qualquer momento pelos alemães parece ter levado os britânicos a intensificar a divulgação das emissões de rádio. Uma forma de deixar para trás um mensageiro escondido nas ondas artesianas…
“A Voz de Londres”
Na “Voz de Londres” pode ler-se o discurso do Embaixador Português em Londres, Armindo Monteiro, na inauguração do serviço.
(Colecção do autor)
Visitas portuguesas à BBC…
(Colecção do autor)
“A voz de Londres na Guerra”
N’ “A voz de Londres na Guerra” as fotos assumem maior interesse mostrando vários aspectos da redacção portuguesa.
A começar pelo Fernando Pessa…
Panfleto Multilingue
Em Portugal foi também distribuído este panfleto em dez línguas onde a BBC garantia as últimas notícias verídicas e autênticas…
(Colecção do autor)
Na imprensa
Alguns anúncios da BBC publicados em jornais portugueses.
(Fonte "Diário de Lisboa")
Um bom ano novo
Postal de ano novo – sem data. Nas traseiras podiam ler-se as horas dos noticiários e das actualidades e as respectivas frequências.
(Colecção do autor)
Carlos Guerreiro
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Os senhores que mandavam no rádio…
Por Carlos Guerreiro
“A medida é violenta mas indispensável porque – digo-o com a maior das preocupações e desgosto – em quase todo o Algarve não se cumprem as ordens do Governo da Nação, relativamente às emissões radiofónicas de propaganda dos países beligerantes, seus aliados e simpatizantes, que foram expressamente proibidas”.
Anúncio da Philips mostrando vários modelos de rádio daquela companhia. Publicado no "Diário de Lisboa" em Setembro de 1939.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)
Este é apenas um dos parágrafos de circular enviada às várias câmaras do distrito pelo Governador Civil de Faro, Armando Monteiro Leite, em 5 de Maio de 1943. Com a circular seguiam cópias de um edital a ser colocado nos locais públicos exigindo a entrega de todos os aparelhos de rádio às autoridades para serem selados.
Num tom, por vezes quase irado, o documento salienta que o momento se “reveste de extraordinária gravidade, porquanto a indiferença da maioria das autoridades revela afinal que não é suficientemente avaliada a responsabilidade moral assumida por Portugal ao declarar e definir a sua posição de neutralidade em face da horrorosa tragédia que vive a humanidade”.
Desde o princípio do conflito que as várias facções da guerra bombardeavam o país com propaganda. Diversas publicações – como por exemplo a “Signal” (alemã) ou a “Neptuno” (britânica), entre outras começaram a circular, especialmente, a partir de 1940.
A BBC foi uma das primeiras estações de rádio a realizar, em onda curta, transmissões para Portugal. Este é um dos muitos anúncios publicados na imprensa portuguesa diária. Fernando Pessa era um dos "radialistas" mais conhecidos e ouvidos.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)
Os “sagrados interesses da Pátria”
A rádio é um dos mais poderosos meios de propaganda da época e cedo emissoras alemãs, britânicas, italianas, soviéticas e americanas criam programas em português. A procura de informação por parte da população juntava multidões nos locais onde existiam rádios. Tabernas, agremiações sociais, culturais e de recreio eram muito procurados pois os aparelhos em residências particulares eram escassos.
Destas aglomerações resultavam manifestações públicas que preocupavam o regime. O aumento do número de emissões levou o governo a publicar diversos editais. Um, em Maio de 1941, é acompanhado de um documento onde Armando Monteiro Leite esclarece que o objectivo é evitar “actos que se prestem a criar embaraços ao Governo”, até porque “acima de simpatias e antipatias de ordem pessoal estão os sagrados interesses da Pátria”.
Os muitos interesses da Alemanha em Portugal não deixaram o regime hitleriano descurar a propaganda para o país.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)
Esta “Circular Confidencial”, enviada aos autarcas, explica que “infelizmente, na sombra, elementos suspeitos procuram prejudicar a unidade nacional, explorando ódios e paixões, levando a confusão a espíritos locais e incultos, tentando (…) contrariar a acção do Governo”.
Fica, a partir daquela data, proibida a audição em locais públicos de emissões “que captem postos estrangeiros (…) para retransmissão de notícias e comunicados de guerra”.
Com entrada dos Estados Unidos da América na Guerra chegou também a Portugal uma das mais poderosas máquinas de propaganda do mundo.
(Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares)
São anunciadas ainda outras restrições como a colocação de cartazes, “revistas fotográficas” ou outro tipo de propaganda dos beligerantes em montras. Proíbe também que os populares “usem emblemas e insígnias representativas ou alusivas a países beligerantes”, e a sua venda em estabelecimentos portugueses.
Proibido… mas não muito
Dois anos depois, e em relação à rádio, poucas destas imposições eram cumpridas. Mais grave era o facto do desrespeito pelas normas ser feito à vista de todos, como confirmam vários exemplos referidos na circular “que denotam a brandura de algumas autoridades que conduziram a abusos de ousadia que podem originar situações melindrosas”:
a) Numa vila, sede de concelho, chegou-se a utilizar alto-falantes para retransmissão pública de notícias divulgadas por postos estrangeiros;
b) Numa cidade, defronte de um largo público, determinada casa particular abria de par em par as janelas, para que uma massa confusa de pessoas de rudimentar cultura e obcecado facciosismo escutasse as emissões de terminados postos estrangeiros.
c) Em *todas as associações de recreio - algumas tendo como directores *autoridades – se permitem as emissões de notícias de guerra de postos estrangeiros de radiodifusão.
d) Tendo-se reprimido em uma ou outra Casa de Povo o uso de aparelhos de rádio para a audição de notícias estrangeiras (…), os seus sócios deixaram de frequentar as sedes para assistirem nas tabernas locais às audições de programas de notícias e propaganda de guerra, feitas por postos estrangeiros de radiodifusão, inclusive os da Rússia Comunista.
Estas são algumas das razões que levam à selagem e ao envio de uma relação dos aparelhos existentes na região para o Governo Civil.
De fora ficam apenas os locais onde seja possível exercer um “eficiente vigilância”. Também poderão ser desbloqueados alguns rádios, depois de se averiguar a “idoneidade moral e política dos requerentes”.
As ordens são para cumprir de imediato, mas a vontade de ferro do Governador Civil é vencida com alguma rapidez.
Todos os beligerantes tentaram passar a sua mensagem, incluindo os Italianos. Não podemos esquecer que comunidade italiana em Portugal era bastante grande. Em, Olhão, no Algarve, onde os italianos dominavam a indústria de conservas, existiu mesmo um núcleo de "Camisas Negras", onde só se podia entrar com convite.
(Século Ilustrado/Arquivo Municipal de Portimão)
À boa maneira portuguesa, apenas 22 dias passados, as ordens são suavizadas, num novo edital. Continua proibida a audição de emissões em “tabernas, cafés, hotéis e restaurantes”, mas nas associações de recreio, “desde que os seus directores se responsabilizem” e prometam não ouvir postos estrangeiros poderão ser devolvidos os aparelhos.
* - sublinhado no documento original
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