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terça-feira, 27 de maio de 2014

Páginas de BD e espionagem

Até ao final do mês há a possibilidade de assistir ao relançamento de uma obra maior da banda desenhada mundial e também conversar com um autor que muito tem trabalhado sobre a temática da espionagem em Portugal. Já na quarta-feira o Goethe-Institut, em Lisboa, recebe o relançamento de “MAUS - uma história de um sobrevivente” de Art Spiegelman.

Maus, que quer dizer rato em alemão, conta a história de Vladek Spiegelman, um judeu polaco que sobreviveu a Auschwitz. Narrou a sua história ao filho, o cartoonista Art Spiegelman, que a transformou no livro, considerado um clássico contemporâneo da BD.

 Em 1986 foi publicada a primeira parte e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prémio Pulitzer de literatura. Esta nova edição reúne num só as duas edições.

A apresentação deste livro está a cargo de Ricardo Presumido, vice-presidente da Memoshoá - Associação Memória e Ensino do Holocausto, e da jornalista Sara Figueiredo Costa.

No última dia de Maio, no Estoril, será a vez de conversar com José António Barreiros, a propósito do seu livro “Traição a Salazar”, que conta a história real da rede de operacionais ao serviço dos britânicos que ficou conhecida como Rede Shell e que foi desmantelada pela antecessora da PIDE, a PVDE.

Esta rede era constituída quase na totalidade por Portugueses, e coordenada por elementos do Special Operations Executive (SOE), e tinham como missão sabotar instalações essenciais caso a Alemanha invadisse o país.


Tudo foi organizado sem conhecimento das autoridade portugueses o que causou, para além da prisão de várias dos seus elementos, um problema diplomático de grande dimensões.

"Traição a Salazar" é apenas um dos vários livros que José António Barreiros dedicou à segunda Guerra Mundial e à espionagem que teve em Lisboa um dos seus grandes centros de actividade.

Certamente tema para uma boa conversa…

Para mais informações consulte a nossa AGENDA.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 26 de maio de 2014

«Escaparate de Utilidades»
Paillard, aparelhos para tocar discos

Jornal "O Século", 30 de Maio de 1943

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Documentário localiza refugiados da 2ª Guerra

Há algumas semanas referi que o realizador Nicholas Oulman procurava refugiados judeus que tivessem passado por Portugal, durante a 2ª Guerra Mundial, com o objectivo de realizar um documentário sobre o tema.

Pode ouvir aqui a reportagem de Sandy Gageiro, da Antena 1, com Nicholas Oulman, sobre o trabalho de pesquisa relacionado com a localização de refugiados judeus que passaram em Portugal durante a 2ª Guerra Mundial.

O trabalho começou há pouco cerca de dois meses e já foram localizados cerca de três dezenas de pessoas que estiveram em Portugal entre 1939 e 1945 como refugiados. A quase totalidade das pessoas passou por Lisboa enquanto crianças ou jovens, acompanhados dos pais e irmãos.

Alguns vieram integrados nos “kindertransporte”, transportes de crianças órfãs ou separadas dos pais que receberam vistos especiais para poder viajar para Inglaterra ou os EUA.

Os trabalhos de busca continuam, especialmente, por intervenientes portugueses que tenham estado relacionados, de alguma forma, com a passagem dos refugiados pelo nosso país. Qualquer tipo de testemunho é bem-vindo.

 Os contactos podem ser feitos para o e-mail: ww2.refugees.portugal@gmail.com

Há algumas semanas, Nicholas Oulman, revelou algumas informações sobre o resultado das pesquisas, durante uma entrevista à jornalista Sandy Gageiro, da Antena 1.

A reportagem passou no dia 7 de Maio…

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Conversas sobre asas

Nos próximos dias os apaixonados por aviação vão ter pelo menos duas possibilidades de ficar a conhecer mais sobre o tema em conferências que vão decorrer em Lisboa e Sintra.


Já na próxima sexta-feira, dia 23, A Associação da Força Aérea Portuguesa recebe o historiador Lourenço Henrique-Mateus para falar sobre “Um Século de Aviação Militar em Portugal”.

O encontro está marcado para a sede da Associação na Avenida gago Coutinho, por volta das 18.30 horas. No dia 7 de Junho as atenções centram-se em Sintra para mais um Dakota Talks.


É o quinto encontro à volta do Dakota do Museu, desta vez dedicado à 2ª Guerra Mundial e ao Dia D.

Muitas propostas para voar nos próximos dias, e na nossa AGENDA há mais por onde escolher.

Carlos Guerreiro

terça-feira, 20 de maio de 2014

Escritor austríaco conta fuga do nazismo em Lisboa

O escritor austríaco Peter Berczeller apresenta no dia 22 (quinta-feira), por volta das 19 horas, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, o seu livro autobiográfico “Der kleine weiße Mantel” (O pequeno casaco branco).


Berczeller era uma criança quando foi obrigado a fugir com os pais após a anexação da Áustria pela Alemanha em 1938. O pai, médico, judeu e socialista estava marcado pelo regime de Hitler.

É a história da fuga familiar da Europa e a vida nos EUA que Berczeller conta neste livro.

A sessão conta com o historiador Ansgar Schäfer, enquanto moderador, e com o jornalista austríaco Christof Habres. A conversa pretende ser um fórum para a partilha de ideias sobre as temáticas da identidade, do regresso, da emigração e do fascismo.

Sobre o livro a editora Metroverlag escreveu:

"O seu amor pela medicina começou aos três anos de idade, quando o vienense Peter Berczeller pôde acompanhar o seu pai médico em visitas domiciliárias pela província. A profissão médica revelou-se ser também a sua própria vocação. Porém não no seu país de origem, mas, por obrigação, nos Estados Unidos da América… Peter Berczeller conseguiu entrelaçar as duas narrativas – a da sua emigração e a do seu desenvolvimento profissional – de maneira maravilhosa. Em primeiro plano encontra-se a seguinte questão fulcral: A discussão intensa do holocausto transformou o mesmo num tema 'perceptível' – mas o que aconteceu aqueles que não morreram? Peter Berczeller salvou e ainda salva vidas e dedicou-lhes este livro."

Trata-se de uma iniciativa da Embaixada da Áustria e do Goethe-Institut Portugal.

Para mais informações pode consultar a nossa Agenda.

Carlos Guerreiro

segunda-feira, 19 de maio de 2014

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O Postalinho...
Quem nos poderá comprar mais?

Postal de propaganda alemão, desenhado especificamente para Portugal, onde se evidência a política britânica de impedir o tráfico comercial entre Portugal e a Alemanha, que em última estância impedia o normal comércio entre o país e as suas colónias.


Portugal estava muito dependente das matérias-primas que chegavam especialmente de África, e os britânicos tinham imposto um duro sistema de certificados navais (Navicerts), que impedia a normal circulação de mercadorias.

Deste modo pretendiam impedir o contrabando de produtos para Alemanha, e a poderosa frota que a Royal Navy fiscalizava, com mão de ferro, os navios que se tornassem suspeitos.

Era necessários declarar o que era transportado e qual o destino. Qualquer produto que fosse considerado estratégico poderia ficar retido. O mesmo acontecia quando os britânicos não consideravam os comerciantes de confiança ou estes tinham ligações conhecidas aos alemães.

A situação criou um grande mal-estar diplomático, ao ponto do Embaixador Britânico em Lisboa ter alertado para a necessidade de aliviar e facilitar a passagem dos Navicerts, sob pena de Portugal pender claramente – por necessidade – para o lado alemão.

A situação foi aproveitada de forma constante pela máquina de propaganda alemã. Este postal é apenas mais um exemplo disso.

Carlos Guerreiro

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Exposição das crianças Austríacas em Beja

Beja recebe até ao próximo dia 17 a exposição “Crianças Cáritas” que conta a história de mais de cinco mil crianças austríacas que no final da II Guerra Mundial foram enviadas pela Cáritas para Portugal com o objectivo de as afastar da guerra e dar a possibilidade às famílias de recuperar alguma qualidade de vida.


A embaixada austríaca patrocina esta exposição como forma de agradecimento pela forma como os portugueses receberam aquelas crianças há mais de 60 anos.

Há alguns anos tive o prazer de entrevistar duas pessoas que fizeram parte deste grupo de crianças. A reportagem passou na Atena 1…

Para ouvir essa reportagem clique no Play (seta branca).

Boas saídas
Carlos Guerreiro 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O Postalinho...
Salvando a Holanda da fome

O Postalinho de hoje é um pouco diferente dos que habitualmente publico por aqui. Não se trata de um postal de propaganda, nem é português. Trata-se do agradecimento pela ajuda alimentar, fornecida no último inverno da guerra, pelos aviadores aliados ao povo holandês.

Milhares de pessoas morreram de fome e inanição e muitas mais teriam perecido se os beligerantes e a Cruz Vermelha não tivessem sido capazes de realizar um acordo que permitiu às tripulações dos bombardeiros aliados lançar comida em vez de bombas sobre os países baixos.


Apesar de ténue, esta história tem também algumas ligações a Portugal.

Lisboa serviu de depósito para milhares de toneladas de comida compradas pela Suíça e pela Cruz Vermelha, que cedo tinham recebido informações da Holanda alertando para a escalada catastrófica da fome no país.

A 26 de Janeiro de 1945 zarpou do Tejo o vapor suíço Henry Dunant. Tinha como destino a cidade de Delfzijl. Primeiro ainda passou passou pela Suécia, onde carregou medicamentos entregando um total  de cinco mil toneladas de abastecimentos.

Parece muito, mas não chegava…


As operação Market Garden, Maná e Chowhound

A fome tomou conta da Holanda, em 1944, por razões diversas.

Por um lado o país continuava ocupado pelos nazis, um regime em desagregação e com óbvios problemas de abastecimento. A política de racionamento dividia alimentos cada vez mais escassos e os soldados alemães tinham prioridade.

Mas os aliados também eram responsáveis pelo agravamento da situação.

Em Setembro de 1944 avançaram com a operação Market Garden com o objectivo de libertar a Holanda. Foram utilizadas forças paraquedistas e terrestres e resultou num desastre, com milhares de perdas.

Pouco antes da operação, e para evitar que os alemães recebessem reforços, foi pedida à resistência que tornasse inoperante a rede de caminho-de-ferro. Centenas de maquinistas abandonaram o trabalho e entraram na clandestinidade.


Imagens das operações Maná e Chowhound. Em cima: parte de um documentário onde se conta a história da operação. As imagens têm má qualidade. Em baixo: imagens captadas pelos holandeses de Roterdão de uma dessas operações. 
 
Quando a operação militar não conseguiu alcançar os objectivos, a falta de ligações de comboio complicaram ainda mais a distribuição dos alimentos. Muitos lares tinham ainda de dividir as escassas rações com os maquinistas que continuaram escondidos.

A situação degradou-se de tal forma que a Cruz Vermelha da Suíça conseguiu mediar um acordo entre beligerantes. Para garantir um abastecimento pelo ar o comandante das forças alemãs autorizou que em determinadas horas e rotas pudessem circular aviões aliados. Estavam montadas as operações Maná e Chowhound.

Maná foi o nome da operação britânica que começou a 29 de Abril. No total realizaram quase 3300 sortidas com diversos tipos de bombardeiros e caças-bombardeiros.

Os americanos iniciaram a Chowhound logo depois realizando mais de 2000 mil sortidas.

Como as pessoas foram avisadas das largadas saíram aos milhares para os campos para poder receber os abastecimentos. Registaram-se alguns incidentes. Pelo menos um avião foi atingido por fogo antiaéreo e, vários outros, apresentaram marcas de disparos de armas ligeiras quando regressaram às bases.

Perderam-se três aviões devido a acidentes, mas no final tinham sido lançadas mais de dez mil toneladas de comida… Muitos aviadores aliados que consideraram estas as mais importantes operações em que participaram.

A guerra terminaria oficialmente no dia 8…

Em 1983 foi realizada um grande cerimónia de agradecimento pelo estado holandês. Vários aviadores britânicos e americanos foram convidados a voltar ao país, agora como heróis.

Mas logo em Maio e Junho de 1945 foram impressos milhares de postais - como o que está no topo desta página - agradecendo os esforços realizados. Os holandeses enviaram-nos para Inlgaterra e para os Estados Unidos.

Talvez o destino exista e - lembrando a carga do Henry Dunant - pelo menos um dos postais chegou a Portugal. Comprei-o por 50 cêntimos, numa daquelas feiras que misturam antiguidades com artesanato.

Era uma história boa demais para não a trazer para aqui…

Bons voos
Carlos Guerreiro

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Exposições para Maio

Até ao dia 18 pode continuar a visitar, no Museu Militar de Lisboa, uma interessante exposição que reúne peças de fardamento da colecção particular de António Fragoeiro e armas e equipamentos do espólio do Museu Militar.

Trata-se de uma interessante combinação que traz ao público dezenas de equipamentos e armas utilizados por diversas forças envolvidas na II Guerra Mundial. Na mostra pode também ver-se material utilizado pelas forças portuguesas da época.

No dia 3 de Maio é inaugurada, no Espaço Memória do Exílios, no Estoril, a exposição “Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial”. Trata-se de um trabalho realizado por 14 alunos do Agrupamento de Escolas de Vilela, no ano lectivo 2012/2013.

Este trabalho foi realizado no âmbito do Projeto N.O.M.E.S. (Nomes e Olhares para a Memória e o Ensino da Shoá). Os alunos realizaram uma reconstituição histórica da vida de oito pessoas que escaparam ao Holocausto passando por Portugal, através do contacto os próprios ou com familiares dessas pessoas.

As pessoas referidas são Ruth Arons, Yvette Davidoff, Henrique e Matilde Feist, Bernard Krisher, Nella Maissa e Walter e Brunhilde Weinreb.

A inauguração, que está marcada para as 15 horas contas com a presença da com a presença da Professora Sandra Costa e dos alunos que recolheram e trataram os testemunhos.

No dia 5 será a vez da Galeria de Exposições da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa inaugurara a exposição "Anne Frank: uma história para hoje".

Trata-se de uma organização da CLEPUL, CESNova e Núcleo de Cinema da Associação de Estudantes e reúne mais de 200 fotografias pessoais do arquivo da família Frank, assim como por excertos do famoso Diário de Anne Frank, organizados em 34 painéis educativos que narram a vida de Anne tendo como pano de fundo a história da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto.

Durante esta exposição terão lugar diversas iniciativas relacionadas com a temática dos Direitos Humanos, especialmente dirigidas aos jovens, mas também para grupos especiais como os agentes educativos e, também, o universo feminino.

Há razões para dar uma voltas pela região de Lisboa e arredores… para obter mais informações sobre horários e moradas pode consultar a nossa Agenda.


Boas saídas
Carlos Guerreiro