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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fantasia Lusitana traz-nos de volta os anos 40

O filme documentário estreia no dia 29 e pelo que já foi possível ver temos obra e da grada, mais que não seja pela colecção de imagens que a "Fantasia Lusitana" apresenta. Por razões profissionais já tinha pesquisado na cinemateca, exactamente imagens do período da II Guerra Mundial. Confesso que fiquei boquiaberto depois de um dia passado a visionar imagens em "bruto" e filmes montados captados durante aquele período. A aquisição dessas imagens não é barata e essa foi uma das razões porque o projecto em que estava envolvido nunca avançou. Fico satisfeito por rever algumas dessas imagens no trailer do filme do João Canijo. Finalmente alguém teve coragem para pegar naquilo e fazer alguma coisa. O trailer é apelativo. Espero que o filme também corresponda às expectativas.
Fica também uma entrevista dada ao Jornal "i" pelo realizador.





João Canijo.
"Por cá as coisas passam e desaparecem sem deixar marca"
por Luís Leal Miranda, Publicado em 22 de Abril de 2010

Pela primeira vez a abertura do IndieLisboa é um filme português. João Canijo faz as honras com um documentário, "Fantasia Lusitana


Por causa de filmes como "Sapatos Pretos", "Ganhar a Vida" ou, mais recentemente, "Mal Nascida" (2007), João Canijo tornou-se o realizador que filmava um país que julgávamos já não existir. Com "Fantasia Lusitana", o seu primeiro documentário, Canijo mostra-nos um Portugal que não sabíamos que alguma vez tinha existido. É o filme de estreia da sétima edição do festival IndieLisboa e o primeiro documentário português sobre o Estado Novo a chegar ao cinema. Nele, a história de um país a viver na ilusão da paz e da prosperidade é contada com recurso a imagens de propaganda do Antigo Regime - e contrastada pelos testemunhos de refugiados da II Grande Guerra que passaram por Lisboa. "Quem tiver olhinhos vê que o nosso país não mudou assim tanto", sentencia.

Porque decidiu filmar "Fantasia Lusitana"?

Foi uma encomenda da Periferia Filmes, uma produtora jovem que tinha alinhavado um projecto sobre refugiados famosos que passaram por Portugal durante a II Grande Guerra.

Aceitou logo?

Sim, mas mudei o ângulo da coisa: quis colocar em oposição a realidade fantasista nacional e a realidade nua e crua da guerra no resto mundo. Tendo já a noção de que cá a Grande Guerra era vista como uma coisa que se estava a passar noutro planeta.

Como escolheu as imagens de arquivo que iria usar?

Decidi-as logo no início. O documentário sobre a Exposição do Mundo Português eu sabia que existia, lembrava-me do meu pai me falar daquilo e tinha a ideia de que era uma coisa fantástica. O resto das imagens foram recolhidas por um rapaz novo formado em História em França, o Hugo dos Santos. Esteve quase um ano metido nos arquivos do ANIM e em sites de arquivos de imagens. Ele via e fazia resumos muito bem-feitos do que estava na fita. Eu fiz uma pré-selecção depois do trabalho dele, vi e escolhi.

O que é que conhecia sobre este tema?

Aquilo que me contavam o meu pai e o meu avô: as plateias na esplanada em frente à pastelaria Suíça para ver as mulheres estrangeiras a fumar de perna cruzada. A animação que havia em Lisboa naquela época devida aos estrangeiros. E um pormenor chocante que me fazia crer que as coisas não estavam a ser todas contadas por aqui: o facto de as pessoas terem de ligar a BBC na onda média para ouvir notícias da guerra. Lembro-me, porque tenho idade para isso, dos noticiários que davam antes dos filmes relatados por um senhor muito eloquente que terminavam sempre com a frase: "E assim vai o mundo".

Como é que estruturou o documentário daquela maneira?

O ponto de partida foi sempre a oposição entre a fantasia e a realidade. Logo no primeiro dia de montagem veio o título e o título define o filme: "Fantasia Lusitana". Depois de termos um primeiro alinhamento, passámos a investigar se a passagem de tanta gente por Portugal naquele período tinha afectado o país. A resposta foi: não, não deixou marca.

Quando viu as imagens escolhidas, o que é que sentiu?

Vi que os telejornais e o documentário sobre a Exposição do Mundo Português são ainda mais delirantes do que aquilo que pensava. Um delírio, uma irrealidade e um fantasismo completamente incríveis.

Por exemplo?

[começa a imitar partes do filme] "Aí vemos uma família timorense a descer da sua habitação lacustre" ou "emocionante, verdadeiramente emocionante, a excursão composta exclusivamente de operários católicos a Fátima". E no final, "o Cristo-Rei que nos observa do cimo em perene solicitude". [Risos]

Como realizador, como olha para aquelas imagens?

O nosso produtor estava sempre contra a minha escolha de imagens porque achava que aquilo não tinha qualidade. Achei que isso seria indiferente.

É propaganda mal feita?

É mal filmado, mal editado, tudo mau. Contemporâneo daquilo é a Leni Riefenstahl e não se pode comparar esse trabalho ao dos homens descritos pela propaganda como "os realizadores dos anos de ouro do cinema português".

O que é que quer provar com este filme?

Não quero provar nada. A ideia é apenas mostrar como as coisas eram. E quem tiver olhinhos vê que a herança ainda cá está e o nosso país não mudou assim tanto. Há uma coisa no documentário que é chocante: o Salazar escrevia os seus discursos para pessoas que ele sabia serem ignorantes. Ele falava contando sempre com a falta de educação do povo português. E esse continua a ser o mal de Portugal, as pessoas preocupam-se muito pouco com a educação.

O documentário não tem entrevistados, nem um texto em off. Porque recusou qualquer tipo de explicação?

Foi uma premissa desde um início. E as imagens falam por si.

Tem filhos adolescentes, mostrou-lhes o filme?

Mostrei na mesa de montagem ao meu filho de 17 anos, ficou boquiaberto. Mas queixou-se que não percebia algumas coisas, partes do filme que deviam ter umas explicações. Mas eu não cedi.

Acha que o filme vai chegar a muita gente?

Ao início estava desconfiado, mas tenho recebido reacções tão boas de tanta gente que neste momento acredito que sim.

Essa parte da nossa história não está bem contada na escola?

Não tem a ver com isso. Tem a ver com o mal português de nada deixar marca. As coisas passam e desaparecem, sem deixar rasto. Vamos ao interior de uma aldeia portuguesa e não conseguimos fazer a ligação entre a parte antiga e a parte actual. A aldeia original desapareceu, a arquitectura tradicional desapareceu sem que ninguém se preocupasse com isso. Não deixou marca nenhuma.

Como se explica isso?

Pode ser uma reacção à miséria de outros tempos, mas essa explicação não me satisfaz.

A marca da ditadura mantém-se?

Ainda vai demorar uns anitos a desaparecer esta herança negativa. Eu ainda fui criado com as referências da ditadura e os meus filhos vão ser criados por mim, com esses preceitos. Por isso os meus netos ainda vão ter um bocado disso.

Pode descrever um pouco o filme que está a fazer agora?

É sobre a maneira como o amor consegue sobreviver na aridez e num ambiente tão agressivo e opressor como a periferia de Lisboa, onde as condições de vida são terríveis.

Está a filmar no Bairro Padre Cruz, na Pontinha. Porquê?

É uma espécie de bairro social dos anos 50, com casinhas em vez de prédios na parte antiga. Uma versão pobre do Bairro da Encarnação ou Caselas. Não é um bairro da lata nem um típico bairro social de prédios. É um tipo muito particular.

Depois da antestreia no IndieLisboa, "Fantasia Lusitana" vai poder ser visto nos cinemas a partir do dia 29

Link:
http://www.ionline.pt/conteudo/56343-joao-canijo-por-ca-as-coisas-passam-e-desaparecem-sem-deixar-marca

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O anexo de Anne Frank na Net

Saiu a notícia no "JN" e é interessante. Mais uma vez não é em Portugal mas é uma daquelas coisas em que vale a pena dar "uma voltinha", para se ficar a conhecer melhor aquilo que aconteceu por esta Europa durante a II Guerra Mundial.

Fica a notícia do JN (o link aparece no final) e também o vídeo do Youtube.Fique atento/a porque no final aparecem outros vídeos associados onde a história pode ser aprofundada.




Casa de Anne Frank abre portas na net

Museu do anexo onde a jovem judia se escondeu durante a II Guerra Mundial lançou uma visita virtual aos espaços encobertos em que viveu com a família. Veja o vídeo.

A casa onde Anne Frank viveu durante a II Guerra Mundial vai deixar de ser visitável apenas fisicamente. O museu Anne Frank, com 50 anos de existência e um milhão de visitantes por ano, vai disponibilizar, no website oficial, um "tour" virtual do anexo onde a jovem judia se escondeu das forças Nazis com a família e amigos durante dois anos, entre 1942 e 1944.

"Por várias razões, nem todos conseguem visitar o anexo, quer seja devido a limitações físicas, quer por viverem muito longe. E devido ao espaço reduzido, apenas uma pequena fracção do espólio pode ser exposta no museu", pode ler-se na página oficial do Museu Anne Frank, que explica assim a decisão de criar a visita virtual.

O tour virtual apresenta detalhadamente items como as fotografias nas paredes, o padrão da roupa de cama e a cozinha apertada onde as oito pessoas viveram diariamente, sempre com medo de serem descobertas. Para além da mostra virtual do espaço físico, o plano avançado pelo Museu Anne Frank inclui ainda uma base de dados do espólio e uma "Linha de Tempo".

Anne Frank nasceu em 1929 em Frankfurt am Main, Alemanha, tendo posteriormente mudado para Amsterdão, Holanda. Em 1942, devido à chamada da irmã mais velha de Anne, Margot, para um campo de concentração, a família Frank escondeu-se num anexo atrás dos escritórios onde Otto, o pai, trabalhava. A eles juntaram-se Fritz Pfeffer e a família Van Pels.

Durante dois anos, as oito pessoas viveram escondidas e Anne detalhou minuciosamente, no seu diário, o dia-a-dia no anexo. Uma denúncia anónima levou à invasão do espaço pela autoridades nazis em Agosto de 1944. Anne Frank acabou por morrer de febre tifóide no campo de Bergen-Belsen em 1945, poucas semanas antes das tropas inglesas libertarem o lugar.

Otto Frank foi o único sobrevivente dos habitantes do anexo. O diário de Anne, publicado em mais de 60 línguas, é um dos mais famosos testemunhos do Holocausto nazi.

Link:
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=1555332

sábado, 24 de abril de 2010

Feira do Livro


Entre 29 de Abril e 16 de Maio decorre no Parque Eduardo VII em Lisboa a Feira do Livro. No dia 1 vou estar no pavilhão EI08, entre as 15 e as 18 horas para uma sessão de autógrafos. O meu livro, "Aterrem em Portugal!" terá, segundo a editora um desconto interessante.

Os mais interessados poderão também dar uma vista de olhos pelo site (ainda incompleto) que será publicado em Junho ou Julho, e onde poderá completar as informações contidas nos anexos do livro publicado em 2008.

Nos próximos dias vou também divulgar neste blog outros livros que podem ser certamente encontrados na Feira do Livro e que estão relacionados com o tema da II Guerra Mundial em Portugal. Gostaria também de divulgar se algum dos seus autores estará presente em sessões de autógrafos mas foi impossível descobrir até ao momento - e segue o recado para quem de direito - um calendário com essas informações. Aliás os site oficial da Feira - a menos de uma semana - ainda não está activo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Filme sobre Katyn na RTP 2


Nunca vi o filme ou ouvi falar dele, mas a RTP passa na noite de 23 de Abril um filme sobre o massacre de Katyn. Começa às 23.41 horas... fica a sinopse:

Katyn descreve a tragédia de uma geração. O filme segue a história de quatro famílias polacas, cujas vidas são separadas quando, no início da Segunda Guerra Mundial, um grande número de soldados polacos (que também são pais, maridos e irmãos) cai nas mãos das tropas soviéticas e mais tarde, brutalmente se tornam vítimas do estalinismo. O filme também destaca a complicada situação da posição da Polónia, tanto na guerra como depois dela.

"Katyn" narra a história através dos olhos das mulheres, mães, esposas e filhas das vítimas executadas por ordem de de Estaline, a NKVD em 1940.
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Morreu o último herói timorense... da II Guerra Mundial


Surgiu agora a notícia da morte de Rufino Alves Correia, um dos dos últimos - aliás tido como o último - combatente timorense da II Guerra Mundial. Rufino "aliou-se" a comandos australianos quando os japoneses invadiram a ilha. Fica aqui a notícia que saiu hoje na Lusa e também, para aqueles que percebem inglês, uma entrevista em vídeo onde Rufino conta algumas das suas aventuras - vale a pena ver - e também duas notícias de jornais australianos sobre o caso que está a levantar alguma polémica. Fica também uma petição que circulava na net para que a Austrália medalhasse o homem.

Notícia da Lusa

Rufino Alves Correia, considerado o último sobrevivente

dos timorenses que combateram ao lado das forças australianas na II Guerra
Mundial morreu quarta feira e hoje a enterrar, com honras militares, no
cemitério de Santa Cruz, em Díli.

Rufino Alves Correia, que tinha 94 anos, integrou em 1942 a 2. companhia
independente, uma unidade de elite, como soldado, na guerra de guerrilha
das tropas australianas atrás das linhas inimigas.

Os jovens timorenses eram geralmente incumbidos de fornecer informações,
de tratar do abastecimento alimentar e de encontrar abrigo nas aldeias.

Rufino Correia foi um dos poucos timorenses a participar diretamente
em ações de combate, nomeadamente no ataque às posições nipónicas na cidade
de Díli pelo pelotão B, segundo Paul Cleary, jornalista e escritor australiano,
autor de "Os homens que saíram do chão".

O Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, na impossibilidade
de estar presente nas exéquias, enviou de Phnom Penh, onde se encontra em
visita oficial, uma mensagem de condolências, prestando tributo "a um
verdadeiro herói que demonstrou uma bravura extraordinária em jovem".

"Rufino emergiu do período mais trágico da história da Humanidade como
uma inspiração geracional", refere Ramos-Horta na sua mensagem, lembrando
que "nunca esqueceu os amigos australianos nem foi jamais esquecido pelos
soldados australianos a quem serviu".

O Chefe de Estado timorense havia condecorado Rufino Alves Correia com
a Medalha Presidencial de Mérito, por ocasião do 10. aniversário da consulta
popular que determinou a independência, a 30 de agosto de 1999, "pelo serviço
que prestou a Timor-Leste e à Humanidade".


MSO.


Link para entrevista em vídeo:
http://www.suaimediaspace.org/the-documentaries/interviews/recollections-of-a-criado-rufino-alves-correia/
Link para notícias dos jornais australianos:
http://www.theage.com.au/national/no-medal-for-a-timor-war-hero-20100422-tfva.html
http://www.theaustralian.com.au/news/east-timor-presidents-anger-over-forgotten-criados/story-e6frg6n6-1225857167462
Petição
http://www.mmiets.org.au/documents/AwardPetition_001.pdf


Boas leituras

terça-feira, 20 de abril de 2010

Exposição "Correio em Tempo de Guerra"


O anuncio da exposição vem no Boletim da Liga dos Combatentes. A exposição também já andou por Setúbal e parece interessante.

Correio em Tempo de Guerra — II Guerra Mundial, exposição com início a 26 de Abril de 2010, até 31 de Maio de 2010; no Forte do Bom Sucesso (junto à Torre de Belém).
Para evocação deste conflito, o Clube Militar de Oficiais de Setúbal apresenta uma exposição de objectos postais na qual serão exibidos exemplares da correspondência de militares, refugiados, prisioneiros de guerra, campos de concentração, etc.
Trata-se de um evento cultural em memória de mais de 60 milhões de mortos e de centenas de milhões de pessoas cujas vidas foram afectadas e uma homenagem aos Correios de todo o mundo que, num contexto extremamente difícil, mantiveram a comunicação entre os homens.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que aconteceu em Katyn


Nos últimos dias, e devido à morte do presidente da Polónia, falou-se muito em Katyn. Para os menos informados tratou-se de um massacre que eliminou milhares de polacos da elite militar logo a seguir à divisão do país entre alemães e russos. Quem revelou o massacre seriam os alemães ainda no decorrer da II Guerra Mundial. Os Russos negaram durante décadas a autoria do massacre mas mais recentemente acabaram por reconhecer que as seus comissários políticos eram os autores da atrocidade. Fica aqui um texto sobre o Museu da Katyn, publicado no site da RTP. Trata-se de uma exposição um pouco longa... mas traz tudo perfeitamente claro. (O link encontra-se no final do texto)


Museu de Katyn
Mais de 20 mil oficiais e polícias polacos eliminados por Estaline

por Paulo Alexandre Amaral, RTP

O Museu de Katyn, na capital polaca de Varsóvia, contém documentos e objectos pessoais que permitem de forma particular perceber a dimensão da tragédia que foram os massacres dos polacos em território soviético durante a II Grande Guerra.

Acima de tudo, o Museu de Katyn é uma luta pela memória, um esforço das famílias dos 20 mil polacos assassinados pela polícia secreta de Joseph Estaline para recuperar uma verdade que permaneceu obliterada por décadas de simulações: a detenção, expatriação, encarceramento e execuções sumárias dos oficiais do exército e da polícia polacos levados a cabo pelos estalinistas durante a II GG, precisamente entre Setembro de 1939 e a Primavera de 1940.

Os meses de Abril e Maio de 1940 ficarão para a história como o período em que, na sequência de uma proposta de Lavrentyi Beria, o chefe da secreta de Estaline (NKVD - Narodniy Komissariat Vnutrennikh Diel, o Comissariado do Povo para os Assuntos Internos), é levado a cabo um dos maiores massacres da guerra 1939-1945, sendo totalmente ignoradas as determinações da Convenção de Genebra: são executados, por norma com uma bala na nuca, 21 768 oficiais do exército, polícias e outros cidadão proeminentes da sociedade polaca.

Depois de décadas a apadrinhar versões que atribuíam aos nazis o papel de verdugos, apenas em 1990, meio século após a II GG, a Rússia, então em mudança de regime, assumiria as responsabilidades pelo homicídio em massa. Por isso, mais do que a homenagem, foi pela reposição e preservação da verdade que lutou a Federação das Famílias de Katyn. A 25 de Março de 1992 pedem ao Presidente Lech Walesa para que, também enquanto chefe máximo das Forças Armadas, apadrinhe o projecto.

A 27 de Março de 1992, o exército declara-se preparado para criar o Museu de Katyn, que ficará instalado no Forte Militar N.º XI "JH Dabrowski, em Varsóvia. O museu abre portas cerca de um ano depois, a 29 de Junho de 1993 como "o símbolo da política de extermínio do governo soviético sobre a nação polaca". São abertas na altura duas salas com os objectos recuperados nas primeiras exumações (1991). O museu virá a ter cinco secções (400 m2 são acrescentados aos 200 m2 iniciais) que aglomeram o espólio desenterrado nas valas comuns soviéticas em trabalhos de exumação posteriores. É a procura de conservar a história e as histórias dos acontecimentos da Primavera de 1940 num arquivo que ficará aberto ao Mundo e que disponibiliza objectos e documentos recuperados das valas da morte na floresta de Katyn (pequena localidade próxima da cidade russa de Smolensk), Kharkov (actualmente a segunda cidade da Ucrânia, na altura parte da União Soviética) e Miednoje (Rússia).

Em Katyn foram executados cerca de 4500 oficiais que estavam encarcerados no campo de Kozielsk; em Kalinin (depois enterrados em Miednoje) 6300 oficiais da polícia que eram mantidos no campo de Ostachkov; e em Kharkov 3800 oficiais do campo de Starobielsk (enterrados em Piatykhatky). Escapam ao massacre 395 prisioneiros: 205 de Kozielsk, 112 de Ostachkov e 78 de Starobielsk.

A ordem de execução foi assinada a 5 de Março por quatro membros do Politburo: Estaline, Vyacheslav Molotov, Kliment Voroshilov e Anastas Mikoyan. O documento determinava a morte de 25 700 polacos "nacionalistas e contra-revolucionários", deportados em finais de 1939 para os campos russos e prisões na Ucrânia e Bielorrússia (os restantes campos eram os de Jukhnov, Kozielchtchan, Oran, Putyvl, Wologod e Griazov).

O museu guarda objectos, documentos, arquivos, testemunhos, imagens, filmes, fotografias relacionadas com as vítimas, que estão enumeradas num ficheiro central.

Museu dividido em cinco secções

Na primeira secção é traçado o cenário preparado entre a Alemanha de Hitler e a URSS de Estaline e que permitiria os terríveis acontecimentos de 1940. Após fortes ataques à Polónia concertados entre os dois países durante o mês de Setembro, a 23 de Outubro de 1939 os ministros dos Negócios Estrangeiros alemão e soviético, Joachim Ribbentrop e Vyacheslav Molotov, assinam em Moscovo um pacto de não-agressão. Era na verdade um pacto de cooperação para a partilha do território polaco mediante a fronteira constituída pelos rios Narvia, Vístula e San.

A França e a Inglaterra, que tinham com a Polónia um pacto de defesa comum no caso de uma invasão, nada fizeram. Esta passividade passou a ser referida como um acto de traição e a Polónia passava então a ser partilhada entre Alemanha e URSS, que a 28 de Setembro voltavam a dividir o país através da linha Ribbentrop-Molotov. Os soviéticos garantem 202 000 km2 a Leste e os alemães 188 000 km2 a Oeste.

O cenário era perfeito para a intervenção da NKVD. O controle de vários sectores e estruturas da sociedade era uma das funções da secreta de Estaline. Outra era a repressão de qualquer actividade considerada contra-revolucionária, dentro e fora da URSS. Imbuída de um espírito estalinista - que a todo o custo deveria ser implementado nos movimentos de esquerda por todo o Mundo - as actividades da NKVD, que apenas responde perante Joseph Estaline, visam os inimigos do Estado soviético (os inimigos do povo).

Esta é a sorte que está reservada aos militares polacos que, seguindo ordens superiores, tentavam reorganizar-se fora do país (na Hungria e na Roménia). No entanto, surpreendidos pela força invasora, mais de 240 000 seriam feitos prisioneiros e em breve enfrentariam a arbitrariedade da secreta soviética.

Os documentos mostram que nos campos de prisioneiros se encontravam vários generais, oficiais de carreira, mais de oito mil, e oficiais de reserva (académicos, professores de Liceu, universitários, médicos, veterinários, farmacêuticos, advogados, engenheiros, padres de todos os credos, deputados, senadores, funcionários dos ministérios, diplomatas, banqueiros, industriais, investidores do imobiliário, escritores, artistas, músicos, políticos, desportistas e campeões olímpicos). Os generais, oficiais, altos funcionários do exército e do Estado foram conduzidos a Kozielsk e Starobielsk. Os agentes de informações e contra-espionagem, funcionários do corpo de segurança e fronteiras, guardas prisionais, elementos da polícia são colocados em Ostachkov.

Décadas depois é ainda discutida a verdadeira motivação de Estaline para levar por diante o massacre de Katyn. Os cenários do pós-guerra, a manutenção do domínio sobre os territórios Leste da Polónia e, por conseguinte, a decapitação e enfraquecimento do Estado polaco, são algumas das razões apontadas.

A partir deste momento e até à execução, os processos sumários repetem-se aos milhares. O Museu de Katyn revela o documento assinado por Beria no qual fica explícita a única intenção dos soviéticos: a eliminação da totalidade dos prisioneiros polacos. Dirigindo-se a Estaline, o chefe da secreta remete um comunicado em que propõe a morte por fuzilamento (na verdade, a prática será o tiro na nuca - com pistolas Walter alemãs porque as russas dão um coice que torna as execuções penosas para os carrascos), explicando os procedimentos, desde o teor da acusação (na realidade, ausência de acusação) até às conclusões dos inquéritos. Nesse documento ultra-secreto Beria discrimina a condição dos prisioneiros, militar e profissionalmente.

Prisioneiros do campo de Kozielsk
A segunda secção do Museu de Katyn é dedicada aos prisioneiros do campo de Kozielsk, situado 250 km a Leste de Smolensk, onde serão levadas a cabo as execuções. Os 4750 polacos são colocados nas instalações abandonadas de um antigo convento: Optina Pustin.

Do convento, os prisioneiros eram levados primeiro de comboio e depois de autocarro até à floresta de Katyn, onde eram colocados à beira das valas comuns e assassinados com uma bala na nuca. As viagens começaram a ser feitas a 3 de Abril e o processo só estaria concluído a meio de Maio.

Katyn é o primeiro local a levantar o véu do plano Beria-Estaline. Em 1942, trabalhadores polacos ao serviço dos alemães, que entretanto haviam avançado sobre o território soviético e dominavam a região de Smolensk, ouviram dos habitantes locais sobre a existência de valas comuns contendo os corpos de oficiais polacos.

Na verdade, a Alemanha apenas mostraria interesse em 1943. No entanto, rompidos os acordos Ribbentrop-Molotov, rapidamente o regime nazi procura capitalizar com o massacre. Uma comissão exuma 4143 cadáveres, apenas interrompendo os trabalhos em Junho devido às temperaturas elevadas. Foi possível recuperar vários objectos cujo destino seria Cracóvia, para um estudo mais detalhado. Na mesma altura, foram identificados os corpos de dois generais, a quem foi dada sepultura individual.

No que se tornaria um esgrimir de culpas arrastado por décadas, e apesar de logo em 1943 se terem imprimido títulos nos jornais polacos a imputar responsabilidades aos soviéticos (jornais expostos pelo museu), o exército vermelho reconquista aquele território e recorre desde logo a expedientes para que os nazis venham a lidar com o crime: desenterram os corpos e voltam a enterrá-los com cartas e jornais datados de 1941, aquando da invasão pelas tropas do eixo, para provar que os polacos estavam vivos à data e que, portanto, teriam sido os nazis os responsáveis pela sua eliminação.

Durante o julgamento de Nuremberga, os soviéticos tentaram ainda apontar os nazis como responsáveis, mas a ausência de provas fez cair esta tese pela base. Em 1990, meio século após o massacre de Katyn, a TASS (Agência Telegráfica da União Soviética) emite uma declaração na qual a responsabilidade por Katyn é atribuída ao regime estalinista, nomeadamente Beria e Merkoulov, um dos membros do partido que deveria assinar as ordens de execução.

Campo de Starobielsk

A terceira secção do museu é dedicada aos cerca de 4000 prisioneiros de Starobielsk, cujo campo é mantido num velho convento na Ucrânia. O extermínio decorreu aqui entre 5 de Abril e 12 de Maio. Levados para a sede do NKVD em Dzierjinski, o método repetia-se: uma bala na nuca.

No total, foram executados 3809 oficiais, entre os quais oito generais.

Uma das particularidades deste campo tem a ver com o facto de ali terem sido recuperados os corpos de duas mulheres, as únicas vítimas do sexo feminino neste massacre. Um dos corpos pertencia à filha de um general que tinha uma patente militar equivalente a tenente.

Outras das particularidades de Starobielsk tem a ver com os objectos que foram recuperados durante as exumações. Estes permitiram datar de forma precisa a data dos eventos e a identidade das vítimas.

O campo reservado aos oficiais da polícia polaca

O campo de Ostachkov era ocupado por 6300 elementos da polícia polaca (também guardas-fronteiriços, funcionários do Estado-Maior do Exército e do Ministério da Justiça), que seriam assassinados em Kalinin. Mais uma vez, solo religioso foi o local escolhido para instalar a prisão: serviu a função o mosteiro ortodoxo Nilova Pustyn.

A recomendação de Beria seria ali tomada entre 4 de Abril e 19 de Maio e os corpos enterrados em Miednoje. Após as exumações dos corpos dos prisioneiros de Ostachkov, que tiveram lugar em 1991 e estão documentadas na quarta secção do Museu de Katyn, foi também possível determinar três elementos fundamentais neste episódio da história: a identidade das vítimas, a data da execução e a autoria do crime.

Sala da homenagem

Na última secção, a sala da homenagem, estão expostos objectos pessoais das vítimas, fotografias e, por fim, o texto que assinalou a inauguração do monumento dedicado "aos mortos e aos assassinados no Leste, vítimas da agressão soviética", que se encontra em Varsóvia.

Nesta quinta secção acrescenta o Museu de Katyn documentos que comprovam que a guerra colheu, para além dos polacos de uniforme, vítimas civis, homens e mulheres de todas as idades. É dado testemunho de quatro deportações de polacos durante esse ano de 1940, entre Fevereiro e Junho, em particular de todos aqueles que fossem familiares de membros do exército e da polícia. Foram 330 000 os deportados que seguiram rumo à União Soviética. Mais de 200 000 jovens seriam forçados a alistar-se no Exército Vermelho.


Link: http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Mais-de-20-mil-oficiais-e-policias-polacos-eliminados-por-Estaline.rtp&article=337087&visual=3&layout=10&tm=

sábado, 17 de abril de 2010

Museu virtual Aristides Sousa Mendes


Vale a pena dar uma volta por este museu. Um projecto já com algum tempo e muito bem conseguido. Tem imagens espantosas do Portugal da II Guerra Mundial, da chegada dos refugiados e outros pormenores muito interessantes e que poucos conhecem. Demora algum tempo a ver tudo e, por isso, é preferível esperar pelo momento certo para aceder ai site...

De resto existe também um blog interessante que vai dando pistas sobre o país nos anos 40.

Um projecto bem documentado, de fácil acesso e muito interessante... na verdade algo pouco habitual por estes lados.

O endereço do site é:
http://mvasm.sapo.pt/

e do blog é:
http://aeiou.expresso.pt/museuvirtualasm

Os promotores do projecto querem passar à segunda fase e traduzir o site para Inglês. Isso era uma excelente realização...

Boas viagens pelo Portugal dos refugiados...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Exposição em Angra sobre a II Guerra Mundial


É uma exposição que deve valer a pena visitar até Junho em Angra do Heroísmo...

O Museu de Angra do Heroísmo terá patente até 13 de Junho, na Sala de Destaques, a exposição “Memórias de uma Encruzilhada: Ilha Terceira – Açores”.

A exposição ilustra a presença das Forças Britânicas e Americanas, na Ilha Terceira, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os Açores, devido à sua posição estratégica, se viram involuntariamente incluídos nos planos de guerra de todas as potências beligerantes.

Nesta exposição, apresentam-se memórias e recordações de um tempo que corria rápido para o Mundo e que levou a alterações definitivas, nele e nestas ilhas: distintivos, armas, fotografias, mapas, jornais da época e outros documentos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Faleceu tripulante do "Enola Gay"


Mais uma vez não é em Portugal, mas tem a ver com aviação. Faleceu mais um dos tripulantes do "Enola Gay". O caderno P2 do Público traz hoje notícia muito bem explicadinha...

Fica o link e a transcrição da notícia:
http://jornal.publico.pt/noticia/12-04-2010/temas-19165741.htm

1922-2010 Morris R. Jeppson
O jovem tenente que activou a bomba atómica e nunca se arrependeu

A 6 de Agosto de 1945 "Dick" ia a bordo do Enola Gay. Tinha uma missão a cumprir e cumpriu-a. Sem alegria, mas também sem remorsos. Viveu quase 65 anos com as memórias daquele dia



Morris R. Jeppson, um dos dois activadores que armaram a bomba atómica que foi lançada sobre Hiroxima em 1945, acelerando a rendição das tropas japonesas e o fim da Segunda Guerra Mundial, morreu a 30 de Março, aos 87 anos, num hospital de Las Vegas. A família não avançou com uma causa específica para a sua morte, mas declarou que ele fora hospitalizado devido a dores nas costas e uma forte dor de cabeça.

Conhecido como "Dick", Jeppson tinha 23 anos e era segundo-tenente da Força Aérea dos Estados Unidos quando embarcou no Enola Gay, um bombardeiro B-29, para aquela que seria a sua primeira e última missão de combate.

Foi às primeiras horas de 6 de Agosto de 1945, e "Little Boy", a bomba que iria apresentar ao mundo o conceito de armamento nuclear, estava na barriga do avião em modo de segurança. Tinha que ser armada durante o voo em direcção ao seu alvo, para evitar uma possível detonação durante a descolagem do avião.

Às duas horas e 45 minutos, o Enola Gay e a sua carga descolaram da ilha de Tinian, no arquipélago das Marianas, e dirigiram-se para Hiroxima, situada a 2900 quilómetros e seis horas de distância. O tenente Jeppson, oficial de testes de armamento, e o seu superior directo, capitão da Marinha William S. Parsons, içaram-se até ao compartimento do avião onde se encontrava a bomba para preparar a "Little Boy" para ser lançada.

Parsons era responsável pela instalação da carga que seria disparada para o núcleo de urânio da arma, desencadeando uma explosão nuclear. Jeppson activou o sistema eléctrico da bomba, retirando três cavilhas de segurança verdes e substituindo-as por cavilhas vermelhas para disparo.

Apenas os dois activadores sabem com certeza qual dos dois foi o último a tocar na cabeça da bomba que albergava o material explosivo e o detonador.

Mas é provável que tenha sido Jeppson a "colocar na bomba a última peça que a colocou operacional", afirma Dik Daso, conservador de aviões militares no Museu Nacional do Ar e do Espaço da Smithsonian Institution, em Washington.

Os dois homens terminaram o seu trabalho cerca de meia hora após a descolagem. Depois subiram para a cabina pressurizada e aguardaram mais cinco horas e meia até que o avião subitamente se elevou no ar, o que significava que a "Little Boy" tinha sido lançada.

O clarão surgiu 43 segundos depois, enviando uma imensa nuvem em forma de cogumelo em direcção ao céu e matando e ferindo mais de 100 mil pessoas. "Não senti na altura nenhuma alegria", disse Jeppson em 2005 à revista Time. "Foi um trabalho que estava terminado."

Um segredo bem guardado

O Enola Gay regressou a Tinian, onde os 12 homens da tripulação foram recebidos como heróis. Uma semana mais tarde, após uma segunda bomba atómica ter sido lançada sobre a cidade de Nagasáqui, os japoneses aceitaram render-se. A rendição oficial foi assinada a 2 de Setembro.

Jeppson recebeu a medalha Estrela de Prata e, enquanto civil, seguiu uma carreira na área da electrónica e de radiações aplicadas. Sempre manteve que não tinha remorsos em relação à bomba. Disse a jornalistas que o carro da sua mulher tinha um autocolante onde se lia "Se não tivesse acontecido Pearl Harbor, não teria acontecido Hiroxima."

Morris Richard Jeppson nasceu em Logan, no Utah, a 23 de Junho de 1922. Alistou-se na Força Aérea quando tinha 19 anos, ansioso por ser piloto. Mas, não conseguindo passar nos testes de visão, foi enviado para os programas de treino em electrónica e radar nas universidades de Yale e Harvard e no MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Integrou um pequeno grupo enviado para se juntar ao 509º Grupo Composto em Wendover, no Utah. Treinaram-se para a sua missão atómica em segredo na região dos lagos salgados de Bonneville, uma perturbadora paisagem lunar a oeste de Salt Lake City.

A preparação dos militares para o uso de uma bomba atómica era tão secreta que Jeppson teve que retirar as insígnias do seu uniforme quando visitou cientistas no Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México.

"As palavras "atómico" ou "nuclear" nunca eram ouvidas em Wendover", contou Jeppson a um jornal de Las Vegas em 2005. "A verdadeira missão do 509º Grupo era um segredo que foi mantido até estarmos no ar e a caminho de Hiroxima."

Depois da guerra

Após a guerra, Jeppson recebeu o bacharelato em Física pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Foi trabalhar no laboratório de radiações desta universidade e no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, e mais tarde fundou a sua própria companhia, que fabricava aceleradores lineares para investigação e aplicações médicas.

Em 1962, lançou uma segunda empresa, que produziu fornos de micro-ondas industriais. Reformou-se em 1970, após ter vendido esta companhia. Morou na Califórnia, até se mudar para Las Vegas, há cerca de 20 anos. O seu primeiro casamento, com Marge Jeppson, terminou em divórcio. Estão ainda vivos os seguintes familiares: a segunda esposa, Molly Ann Hussey, de Las Vegas, com quem esteve casado 49 anos; duas filhas do seu primeiro casamento - Carol English, de Medford, estado do Oregon, e Nancy Hoskins, de Colorado Springs; uma filha do segundo casamento, Sally Jeppson, de Gackle, Dakota do Norte; três enteados - Jane Ross, de Midland, Ontário, Mike Sullivan, de Pahrump, Nevada, e John Sullivan, de Lakeport, Califórnia; um irmão; 11 netos; e dez bisnetos.

Dos nove tripulantes e três cientistas que voaram até Hiroxima a bordo do Enola Gay, apenas um ainda sobrevive: o navegador Theodore van Kirk.

Em 2002, Jeppson abriu um cofre onde, ao longo de mais de meio século, tinha guardado duas cavilhas da bomba "Little Boy". Uma era uma cavilha de segurança verde; outra era uma sobressalente com cobertura vermelha. Vendeu-as em leilão por 167.500 dólares.

O Departamento de Justiça dos EUA processou-o, visando impedir que a venda se realizasse, argumentando que o desenho de peças de armamento era secreto.

Apoiando Jeppson, um juiz decidiu que as cavilhas poderiam ser entregues ao comprador, um antigo cientista de foguetões que afirma que a bomba o inspirou a ser físico.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Indíce Visão História


A Visão História já apresentou o "menu" da sua próxima edição dedicada à II Guerra Mundial. A revista estará cá fora no dia 15 com um centena de páginas...
Fica para já a ementa:

*Imagens

- Grandes fotografias da época
- Mapas

- A Guerra na Europa...
- ... e no Pacífico

*Cronologias
- 1919-1938, os anos entre as duas Grandes Guerras
- 1939-1945, os anos de chumbo

*Política

- Portugal, Salazar e a Guerra
Desde há décadas incensado pelos seus admiradores por ter mantido Portugal fora da II Guerra Mundial, apontado por uns como pró-Eixo e por outros como sensível à Aliança Inglesa, o ditador português soube, antes, gerir entre os dois blocos antagonistas uma por vezes difícil "rigorosa neutralidade"

- Capital de Portugal em África
Durante a guerra, o ministro das Colónias fez uma longa estada em Angola e Moçambique. Seria portador de documentos que o habilitavam a instalar o governo em África, caso Portugal fosse invadido

- Bases dos Açores, o trunfo português
Salazar começou por negociar com a Inglaterra a base das Lajes por receio de ser atacado pelo "doido do Hitler", mas acabou por cedê-la para salvar o regime. Nisso, contou com a ajuda preciosa do jovem major aeronáutico... Humberto Delgado

- Aristides de Sousa Mendes, o homem que salvou milhares de judeus
por Diana Andringa
Desrespeitando as ordens de Salazar, o cônsul de Portugal em Bordéus abdicou o futuro da sua carreira para permitir a entrada no País de milhares de judeus perseguidos pelos nazis

*Quotidiano
- Estranhos entre nós
Uns 100 mil refugiados terão passado por Portugal durante a II Guerra Mundial. Foram anos de uma Lisboa diferente, de racionamentos... mas também menos provinciana

- Jornais domesticados
Mantida com rédea curta, a imprensa portuguesa acabou por servir a estratégia de Salazar, de neutralidade face à Alemanha e à Inglaterra

- A febre do volfrâmio
Portugal foi deixado à míngua de bens essenciais por ingleses e alemães, apesar de ter os cofres cheios de ouro e divisas. Os Aliados queriam impedir a venda de volfrâmio aos países do Eixo, mas a tentação da fortuna fácil foi maior do que o bloqueio

- O País à mesa
Em Lisboa, uma professora católica rompe uma embalagem de açúcar e fica aflita com a perda. Em Lebução, há crianças a morrer à fome e o padre desperdiça comida. Por todo o País, os racionamentos de pão e de outros géneros dão à luz motins, greves e protestos

- A menina da rádio
A actriz Maria Eugénia simboliza a dupla de entretenimentos que deslumbrava os portugueses durante os anos da guerra: o cinema e os êxitos radiofónicos que todos conheciam e cantavam

- Exposição do Mundo Português, a grande festa de Belém
por Marina Tavares Dias
Em tempo de guerra na Europa, a solidão portuguesa reveste-se de cosmopolitismo. Em nenhum lado brilhou como na Exposição de 1940

*Operações

- Exércitos de sombras
por José António Barreiros
Portugal foi uma placa giratória dos serviços secretos estrangeiros porque era um país neutral e assim permitia contactos seguros entre agentes dos serviços secretos e outro pessoal ligado às informações

- O espião português de Hitler na frota do bacalhau
Aqui se conta a façanha de um português que ia tramando o desembarque Aliado no Norte de África e como os nazis se infiltraram nos bacalhoeiros. Tudo com a complacência de Henrique Tenreiro, uma das mais destacadas figuras do salazarismo

- Duque de Windsor: crónica de um rapto falhado
Ribbentrop enviou a Lisboa um dos melhores homens das SS para sequestrar o germanófilo duque de Windsor. Walter Schellenberg veio contrariado

- Leslie Howard, e tudo o vento levou
Leslie Howard, o famoso actor britânico que encarnou a personagem de "Asley Wilkes" no grande épico sobre a Guerra da Secessão americana, voou de Lisboa para a morte, em plena II Guerra Mundial

- Combates nos céus portugueses
por Carlos Guerreiro
A neutralidade nem sempre foi respeitada. Afinal a guerra também passou por aqui, deixando a sua quota parte de mortos

- Timor: amor em tempos de guerra
A história de Cacilda e António Oliveira Liberato, mas também a do único território português que foi ocupado durante o conflito mundial. E ainda a história de um império muito hábil na arte de manter a sua neutralidade

*Pós-Guerra

- E quando a paz chegou
Salazar sobreviveu ao jogo da neutralidade e Portugal foi fundador das grandes organizações ocidentais de Economia e Defesa, nascidas no pós-guerra. No plano interno, a política do ditador durante o conflito ganhava uma aura providencial

- Em busca do paraíso
Mais de cinco mil crianças austríacas foram "adoptadas" por famílias portuguesas a partir de 1947. Aqui esqueciam o caso e a fome. E ganhavam laços para a vida

- O ouro também fala?
Os negócios entre o Portugal de Salazar e a Alemanha de Hitler ainda escondem mais do que revelam. E a versão oficial da "Comissão Soares" sobre o ouro nazi deixou uma série de pontas soltas. Lentamente, porém, segredos comprometedores vieram à tona...

- Cinema e literatura: a luz de Lisboa
Desde o mítico filme Casablanca a um famoso romance de Remarque, a capital portuguesa nos anos da guerra deixou um sulco no cinema, na literatura e noutras artes

Boas leituras...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Bombas na Alemanha

Não é em Portugal, mas serve para recordar que os efeitos do conflito ainda se sentem, mesmo em termos físicos.

Alemanha
Bomba da Segunda Guerra Mundial encerra aeroporto de Berlim
A descoberta de uma bomba da II Guerra Mundial no maior aeroporto internacional de Berlim levou hoje ao seu encerramento temporário, mas os voos entre Lisboa e a capital alemã não estão a ser afectados, assegurou a Aeroportos de Portugal

A bomba, com cerca de 250 quilogramas, foi descoberta durante a tarde por trabalhadores da construção civil que laboravam na zona norte do aeroporto de Tegel, tendo a polícia bloqueado todas as vias de acesso ao local.

Até o engenho ser desactivado, nenhum voo foi autorizado a descolar ou a aterrar no aeroporto, que esteve encerrado entre as 17h e as 19h30 por razões de segurança.

O encerramento temporário causou algum atraso nas partidas, obrigando a cancelar cinco voos e a desviar cerca de vinte aparelhos em fase de aterragem para o aeroporto de Schönefeld, também em Berlim.

Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da ANA - Aeroportos de Portugal, Rui Oliveira, garantiu que o fecho momentâneo do aeroporto de Tegel não teve impacto nos voos entre Lisboa e Berlim.

Apesar de terem passado 65 anos sobre o final da II Grande Guerra, este tipo de incidentes continua a ser muito comum na Alemanha, sobretudo nas cidades que foram mais bombardeadas.

Ainda na terça-feira uma linha de metro da capital alemã esteve interrompida durante várias horas após ter sido encontrada uma bomba semelhante.

Lusa / SOL

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Visão História" sobre II Guerra Mundial sai dia 15

A revista "Visão História" dedicada à II Guerra Mundial vai sair no próximo dia 15.
Entre os temas que vão ser abordados nos vários artigos podemos encontrar a invasão de Timor pelos japoneses, a questão dos refugiados e o caso Aristides de Sousa Mendes. Há também artigos sobre outros temas: os racionamentos; o volfrâmio; a imprensa da época; o ouro nazi; os espiões; a tentativa de rapto do Duque de Windsor em Lisboa; Leslie Howard e seu voo fatal entre Lisboa e Bristol; as negociações dos Açores; as batalhas aéreas sobre o território português e a realidade social da época.
Como se vê há muito para ler...