Aos poucos ficamos a conhecer o Portugal da II Guerra Mundial. A notícia vem no Diário de Notícias da Madeira. Trata-se de ficção, baseada em factos reais… afinal o nazismo e a sua ideologia tinha braços longos, que se estendia para lá do continente.
Já agora fica mais uma informação. Talvez poucos saibam que em Olhão, no Algarve, chegou a existir um clube de camisas castanhas italianos. A PVDE (antecessora da PIDE) seguia as suas actividades com atenção. Não podemos esquecer que em Olhão existia uma forte comunidade italiana, empresários da indústria conserveira, e artífices na fundação do Sporting Clube Olhanense – aquele que voltou ao primeiro escalão do futebol português no ano passado.
Quem sabe destas coisas da bola já deve ter reparado que o equipamento do clube – listas verticais negras e rubras – é idêntico ao do Milão. Não é por acaso…
Fica a notícia do lançamento do livro que se chama o “Bazar Alemão”, e não faço classificações sobre a sua qualidade, pois não o li ainda...
Nazis na ilha inspiram ficção
A forma insidiosa e perversa como a ideologia nazista se propagou aos quatro cantos do mundo, não poupando sequer a 'Pérola do Atlântico' em vésperas da Segunda Guerra Mundial, é a temática de 'O Bazar Alemão', novo livro da escritora madeirense Helena Marques, a autora de obras aplaudidas como 'O Último Cais', 'A Deusa Sentada' ou 'Os Íbis Vermelhos da Guiana', entre várias outras.
De facto, e por incrível que pareça, houve mesmo tentativas de perseguição e de causar prejuízos pessoais e profissionais a judeus alemães residentes no Funchal, na época, por parte dos simpatizantes do nazismo, que incluíam não só alemães como também madeirenses.
'O Bazar Alemão', que vai para as livrarias a 18 de Julho, e cujo lançamento oficial só deverá ser realizado em Setembro (mas que já tivemos oportunidade de ler) é um livro interessante, não só pela capacidade narrativa da autora, que consegue interessar o leitor até à última página, como pela singularidade de basear-se em factos reais, ocorridos na Madeira, que, na época, era verdadeiramente paradisíaca para muitos cidadãos estrangeiros e até para locais e, num certo sentido, mesmo cosmopolita. Essa capacidade de retratar um Funchal romântico e entretanto já quase totalmente desaparecido, com as suas quintas, as suas 'garden parties' e 'cocktail parties', a sua vida social, a época em que as telefonias eram o último grito tecnológico para nos mantermos a par do que se passava no mundo (inclusive ouvindo a BBC), a descrição convincente do quotidiano numa cidade que reconhecemos geograficamente pela toponímia de muitas ruas e espaços que ainda hoje subsistem, abona em favor da capacidade evocativa e descritiva de Helena Marques.
Investigação universitária inspirou
Mas o que verdadeiramente inspirou este livro foi, explicou-nos a autora, a leitura de um trabalho de investigação de Anne Martina Emonts, docente do Departamento de Estudos Alemães da Universidade da Madeira, que, debruçando-se sobre o espólio do Consulado Alemão no Funchal entre os anos de 1938 e 1939 (hoje no Arquivo Político alemão, em Berlim) descobriu cartas de denúncia anti-semita enviadas à Gestapo em Berlim, com repercussões, no Funchal, sobre o Consulado Alemão e sobre as vidas dos denunciados. Era uma consequência da 'Lei da Protecção do Sangue Alemão e da Honra Alemã', promulgada pelo III Reich em Setembro de 1935, e que, como diz Helena Marques, "por mais extraordinário que pareça", despertou "zelos persecutórios" em núcleos alemães no estrangeiro. E mesmo no nosso meio!
Curiosamente, estas informações não transpiraram para a opinião pública e os perseguidos e denunciados calaram, em termos gerais, a sua revolta. Pelo que estes factos só foram descobertos muito mais tarde.
"Penso que esse fenómeno era desconhecido da esmagadora maioria dos madeirenses. Não me recordo de história semelhante. Na minha família, tinha o caso de uma tia-avó casada com um alemão, e lembro-me que o meu avô, anglófilo e que 'torcia' pelos Aliados, dizia que quando os tios-avôs viessem a casa, não se falava da Guerra. Mas nunca suspeitei que uma história como a que conto no meu livro fosse possível. Tanto quanto sei, estava condenada a desaparecer, se a Anne Martina Emonts não tivesse feito uma investigação sobre a Escola Alemã do Funchal, que a conduziu a este assunto, que achei perfeitamente espantoso".
No romance, Helena Marques narra, entre outras tramas, a história de Elizabeth e Eugen, estes sim personagens reais, cujos nomes próprios não foram alterados (os apelidos, sim), e que viram a sua felicidade enquanto casal ameaçada por denúncias e perseguições anti-semitas de péssimo gosto.
"Eu recordo-me desse casal, que conheci quando eles já tinham 50 e tal anos... E continuavam a ser pessoas felizes, muito bem dispostas... O amor deles não foi efémero, foi realmente para a vida toda, e isso, do meu ponto de vista, torna ainda mais interessante este encontro dos dois na ilha, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial. Não tiveram filhos, mas eram muito simpáticos, luminosos... Não sei quando casaram, quando conseguiram romper aquele círculo vicioso e maléfico. Mas a verdade é que conseguiram". O facto de a autora os ter conhecido 20 anos mais tarde, felizes, é que a deixou estupefacta quanto à "tragédia que, de facto, ia destruindo as vidas deles".
'O Bazar Alemão' reflecte as relações cordiais entre madeirenses e estrangeiros, a privilegiada situação dos ingleses na Madeira, mas também a vivência de cidadãos oriundos de outras nacionalidades, incluindo uma colónia alemã, e a forma como as relações entre uns e outros decorriam com cordialidade mas num clima de alguma tensão contida, face ao conflito armado que se avizinhava. E tudo isto numa ilha agradável e de clima ameno, longe dos futuros cenários de batalha, num Portugal fascista cuja lealdade tenderia naturalmente para a associação com Hitler, Mussolini e Franco, mas que cultivava, com a Grã-Bretanha, a mais antiga aliança europeia. Um equilíbrio estranho e algo precário, portanto.
Helena Marques tomou liberdades e criou personagens que nunca existiram (afinal, este é um romance) mas recuperou a memória de algumas pessoas que existiram de facto, como a de uma alemã que dirigia o restaurante do Terreiro da Luta, e sobre a qual, no entanto, muito pouco conseguiu saber. Na história figuram tipos humanos interessantes como o médico judeu Franz Schönberg [inventado] que ajudam a compor o ambiente.
"Nós estamos tão habituados ao lado anglo-saxónico da Madeira, que esquecemos que houve uma colónia alemã também grande, influente. Eu era uma miúda na altura da Segunda Guerra Mundial, nasci em 1935, mas lembro-me muito bem do pós-Guerra, e dessa presença germânica. Não tinha, porém, a noção de que tivesse havido uma colónia alemã tão numerosa, capaz de criar, ao fim e ao cabo, esses nichos de influência".
Madeirenses germanófilos
Simpatizantes madeirenses da doutrina nacional-socialista, como o Visconde do Porto da Cruz [que surge, no livro, 'disfarçado' com o nome de Barão da Penha de Águia], e que era conhecido também de Helena Marques e da sua família, também ajudam a completar o 'ramalhete'. "Ele era, de facto, um germanófilo entusiasta, com uma posição francamente pró-nazi. Achei que era uma personagem que daria também o outro lado da história, ou seja, que nem todos os madeirenses eram anglófilos. Nunca imaginei que a Alemanha estivesse tão empenhada em disputar a influência britânica sobre a Madeira"... A ilha era mesmo vista, então, como um potencial destino futuro de férias para as élites nazis, uma vez vencida, pela Alemanha, a 2ª Guerra...
Para escrever este livro, Helena Marques socorreu-se não só da sua memória, mas também de muita investigação. Cria uma reconstituição muito convincente do Funchal da época, com o seu Hotel Reid's, o seu Golden Gate, a movimentação marítima e toda a vivência social da altura... "Conversava-se muito, sabe?", diz a escritora.
E a descrição das visitas de trabalhadores alemães nacional-socialistas ao Funchal, desembarcando cada qual com a bandeirinha da cruz suástica na mão, em excursões dirigidas pela organização 'A Força pela Alegria', reflecte a originalidade de uma cidade cosmopolita no Atlântico, flutuando entre influências e tensões internacionais, à beira de uma Guerra devastadora... Este é um livro que entretém, educa e lança um olhar esclarecedor sobre o nosso passado.
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domingo, 11 de julho de 2010
A madeira na rota do nazismo... e outras histórias
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O misterioso caso do 'doutor morte'
O Diário de Notícias continua a desenvolver a história de mais esta busca... a reportagem é da jornalista CATARINA REIS DA FONSECA...
Médico nazi matou centenas de pessoas em campos de concentração. Usava o crânio de uma das suas vítimas como pisa- -papéis, operava sem anestesia e cronometrava o tempo que os prisioneiros demoravam a morrer. Autoridades continuam à procura de provas oficiais da sua morte
Todos os dias caminhava mais de 20 quilómetros por entre as movimentadas ruas do Cairo. A máquina fotográfica era a sua companhia enquanto deambulava pela capital egípcia. E a fotografia era um dos seus passatempos preferidos.
Apesar da idade avançada, Tarek Hussein Farid conservava vestígios do jogador de hóquei de porte atlético da sua juventude. Passava horas a jogar ténis com os filhos do dono do hotel onde vivia. Para as crianças era o tio Tarek, o austríaco que aos 49 anos, em 1963, decidiu mudar-se para o Egipto.
A mudança do nome que recebeu à nascença foi justificada pela conversão ao islão e o trabalho como médico da polícia secreta egípcia fazia parte de um quotidiano insuspeito.
Mas a inocente história da sua vida no Cairo não permitia adivinhar o passado negro que carregava. Nascido em Bad Radkersburg, em 1914, Farid era, afinal, Aribert Heim, o médico nazi que durante a II Guerra Mundial assassinou centenas de pessoas nos campos de concentração de Mauthausen, Buchenwald e Sachsenhausen.
É um dos mais perseguidos criminosos nazis de todos os tempos. É ou era? Ainda não existe uma resposta definitiva para esta questão. No ano passado, uma investigação levada a cabo pelo New York Times concluiu que Heim morrera em 1992, mas o óbito nunca foi oficialmente comprovado. Isto porque as autoridades egípcias recusam fornecer provas concretas do falecimento do homem que ficou conhecido como 'Doutor Morte'.
As razões para a atribuição da alcunha não são difíceis de perceber. Heim submetia os prisioneiros judeus a todo o tipo de experiências macabras, que invariavelmente conduziam à morte. Realizava cirurgias sem anestesia para testar a resistência à dor e removia órgãos de jovens saudáveis, deixando-os morrer na mesa de operações. Com a ajuda do farmacêutico Eric Wasicky injectava líquidos como gasolina, fenol ou água envenenada no coração das vítimas e cronometrava o tempo que demoravam a morrer.
Heim, que iniciou os estudos de Medicina em Graz, terminou a licenciatura em Viena em 1940. A sua ligação ao Partido Nacional Socialista começou em 1935, até que cinco anos mais tarde decidiu alistar-se como voluntário nas Waffen-SS. No ano seguinte foi destacado para trabalhar no campo de Mauthausen. A sua estada durou menos de dois meses, mas ao que tudo indica terá assassinado cerca de 300 pessoas.
Durante anos, desde o seu desaparecimento, em 1962, a polícia alemã analisou mais de 240 pistas sobre o seu paradeiro, mas nenhuma delas conduziu a Heim. De acordo com informações avançadas pelo filho do médico, assim que soube que ia ser julgado Heim apressou-se a deixar Baden Baden, a cidade alemã onde tinha um consultório. Espanha, Argentina ou Chile são alguns dos países que foram apontados como possíveis refúgios do homem que muitos recusam chamar médico. Até que, no ano passado, o seu filho, Rudiger Heim, revelou numa emissão de TV que o pai esteve sempre escondido no Cairo. "Atravessou de carro França e Espanha e depois entrou no Egipto, através de Marrocos, com um visto de turista", garantiu.
Disse que estava ao lado do pai quando este morreu em 1992, vítima de cancro no cólon. Mas restam dúvidas sobre a veracidade da história.
Efraim Zuroff, conhecido como "o último caçador de nazis" e director do Centro Simon Wiesenthal, recusa aceitar a teoria do falecimento do Doutor Morte até que as autoridades egípcias apresentem provas concretas. "Não há corpo, não há ADN, não há campa", afirmou Zuroff.
Caso esteja vivo, Aribert Heim terá chegado aos 96 anos. Escapou sem nunca responder por nenhum dos seus crimes.
Médico nazi matou centenas de pessoas em campos de concentração. Usava o crânio de uma das suas vítimas como pisa- -papéis, operava sem anestesia e cronometrava o tempo que os prisioneiros demoravam a morrer. Autoridades continuam à procura de provas oficiais da sua morte
Todos os dias caminhava mais de 20 quilómetros por entre as movimentadas ruas do Cairo. A máquina fotográfica era a sua companhia enquanto deambulava pela capital egípcia. E a fotografia era um dos seus passatempos preferidos.
Apesar da idade avançada, Tarek Hussein Farid conservava vestígios do jogador de hóquei de porte atlético da sua juventude. Passava horas a jogar ténis com os filhos do dono do hotel onde vivia. Para as crianças era o tio Tarek, o austríaco que aos 49 anos, em 1963, decidiu mudar-se para o Egipto.
A mudança do nome que recebeu à nascença foi justificada pela conversão ao islão e o trabalho como médico da polícia secreta egípcia fazia parte de um quotidiano insuspeito.
Mas a inocente história da sua vida no Cairo não permitia adivinhar o passado negro que carregava. Nascido em Bad Radkersburg, em 1914, Farid era, afinal, Aribert Heim, o médico nazi que durante a II Guerra Mundial assassinou centenas de pessoas nos campos de concentração de Mauthausen, Buchenwald e Sachsenhausen.
É um dos mais perseguidos criminosos nazis de todos os tempos. É ou era? Ainda não existe uma resposta definitiva para esta questão. No ano passado, uma investigação levada a cabo pelo New York Times concluiu que Heim morrera em 1992, mas o óbito nunca foi oficialmente comprovado. Isto porque as autoridades egípcias recusam fornecer provas concretas do falecimento do homem que ficou conhecido como 'Doutor Morte'.
As razões para a atribuição da alcunha não são difíceis de perceber. Heim submetia os prisioneiros judeus a todo o tipo de experiências macabras, que invariavelmente conduziam à morte. Realizava cirurgias sem anestesia para testar a resistência à dor e removia órgãos de jovens saudáveis, deixando-os morrer na mesa de operações. Com a ajuda do farmacêutico Eric Wasicky injectava líquidos como gasolina, fenol ou água envenenada no coração das vítimas e cronometrava o tempo que demoravam a morrer.
Heim, que iniciou os estudos de Medicina em Graz, terminou a licenciatura em Viena em 1940. A sua ligação ao Partido Nacional Socialista começou em 1935, até que cinco anos mais tarde decidiu alistar-se como voluntário nas Waffen-SS. No ano seguinte foi destacado para trabalhar no campo de Mauthausen. A sua estada durou menos de dois meses, mas ao que tudo indica terá assassinado cerca de 300 pessoas.
Durante anos, desde o seu desaparecimento, em 1962, a polícia alemã analisou mais de 240 pistas sobre o seu paradeiro, mas nenhuma delas conduziu a Heim. De acordo com informações avançadas pelo filho do médico, assim que soube que ia ser julgado Heim apressou-se a deixar Baden Baden, a cidade alemã onde tinha um consultório. Espanha, Argentina ou Chile são alguns dos países que foram apontados como possíveis refúgios do homem que muitos recusam chamar médico. Até que, no ano passado, o seu filho, Rudiger Heim, revelou numa emissão de TV que o pai esteve sempre escondido no Cairo. "Atravessou de carro França e Espanha e depois entrou no Egipto, através de Marrocos, com um visto de turista", garantiu.
Disse que estava ao lado do pai quando este morreu em 1992, vítima de cancro no cólon. Mas restam dúvidas sobre a veracidade da história.
Efraim Zuroff, conhecido como "o último caçador de nazis" e director do Centro Simon Wiesenthal, recusa aceitar a teoria do falecimento do Doutor Morte até que as autoridades egípcias apresentem provas concretas. "Não há corpo, não há ADN, não há campa", afirmou Zuroff.
Caso esteja vivo, Aribert Heim terá chegado aos 96 anos. Escapou sem nunca responder por nenhum dos seus crimes.
terça-feira, 6 de julho de 2010
II Guerra: Acordo permite expor livro de registos de Aristides de Sousa Mendes em Nova Iorque
Finalmente uma solução
Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.
Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.
João Crisóstomo, vice-presidente do projeto "Dia da Consciência", que procura divulgar o papel de Sousa Mendes no salvamento de milhares de judeus perseguidos pela Alemanha Nazi, disse à Lusa que o livro será oficialmente apresentado no Museu da Herança Judaica a 19 de julho, data que marca os 125 anos do nascimento do diplomata.
Inicialmente previsto para estar em Nova Iorque no dia 17 de junho, o "Dia da Consciência", a exposição chegou a estar em risco por causa das exigências do Instituto Diplomático, segundo aquela fonte.
"O Instituto Diplomático, que detém a guarda do livro, exigia que o mesmo fosse transportado por uma companhia especializada no transporte de peças de arte e segurado em 150 mil dólares (119 mil euros), o que era incomportável para o Museu", disse João Crisóstomo.
O livro de registos já esteve exposto no Museu há cinco anos, também por iniciativa de ativistas de Sousa Mendes na comunidade luso-americana.
As condições acordadas, segundo João Crisóstomo, são as mesmas de então: transporte por mala diplomática e um seguro de 25 mil dólares (20 mil euros).
Foi graças à intervenção direta do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que foi possível a vinda do livro nos mesmos moldes de há cinco anos, disse.
O livro deverá chegar à Missão de Portugal junto da ONU, em Nova Iorque, para ser entregue ao Museu, em princípio na próxima quarta feira.
Deverá ficar depois em exposição durante um ano numa vitrina no Museu da Herança Judaica especialmente criada para o efeito e ao lado do passaporte da senhora Kostman, a quem Aristides de Sousa Mendes concedeu um visto, permitindo, assim, a sua fuga para o Brasil.
Há cinco anos, também por iniciativa de João Crisóstomo, em colaboração com a International Raoul Wallenberg Foundation, o documento e a caneta com que Aristides de Sousa Mendes assinou alguns dos vistos, estiveram em exposição no mesmo museu durante cerca de dois anos.
O Museu da Herança Judaica fica no Batery Park City, no sul de Manhattan, virado para a baía de Nova Iorque com a estátua da Liberdade em fundo.
O seu objetivo é perpetuar a memória do Holocausto lembrando os milhões de vítimas que morreram às mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.
A Lusa contatou o Instituto Diplomático para pedir um comentário, mas ninguém se manifestou disponível para falar sobre o assunto.
O "Dia da Consciência" marca a data em que o então cônsul de Portugal em Bordéus começou a conceder vistos em massa a judeus e a outros refugiados sem autorização de Lisboa, permitindo-lhes a fuga para os Estados Unidos, América do Sul, entre outros destinos.
Esse dia foi marcado por várias iniciativas a nível mundial de homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus, que salvou milhares de judeus e outros refugiados das mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.
Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.
Nova Iorque, 05 jul (Lusa) -- O livro de registos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, será exposto em Nova Iorque a partir de 19 de julho, depois de o Instituto Diplomático português ter recuado nas exigências feitas.
João Crisóstomo, vice-presidente do projeto "Dia da Consciência", que procura divulgar o papel de Sousa Mendes no salvamento de milhares de judeus perseguidos pela Alemanha Nazi, disse à Lusa que o livro será oficialmente apresentado no Museu da Herança Judaica a 19 de julho, data que marca os 125 anos do nascimento do diplomata.
Inicialmente previsto para estar em Nova Iorque no dia 17 de junho, o "Dia da Consciência", a exposição chegou a estar em risco por causa das exigências do Instituto Diplomático, segundo aquela fonte.
"O Instituto Diplomático, que detém a guarda do livro, exigia que o mesmo fosse transportado por uma companhia especializada no transporte de peças de arte e segurado em 150 mil dólares (119 mil euros), o que era incomportável para o Museu", disse João Crisóstomo.
O livro de registos já esteve exposto no Museu há cinco anos, também por iniciativa de ativistas de Sousa Mendes na comunidade luso-americana.
As condições acordadas, segundo João Crisóstomo, são as mesmas de então: transporte por mala diplomática e um seguro de 25 mil dólares (20 mil euros).
Foi graças à intervenção direta do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que foi possível a vinda do livro nos mesmos moldes de há cinco anos, disse.
O livro deverá chegar à Missão de Portugal junto da ONU, em Nova Iorque, para ser entregue ao Museu, em princípio na próxima quarta feira.
Deverá ficar depois em exposição durante um ano numa vitrina no Museu da Herança Judaica especialmente criada para o efeito e ao lado do passaporte da senhora Kostman, a quem Aristides de Sousa Mendes concedeu um visto, permitindo, assim, a sua fuga para o Brasil.
Há cinco anos, também por iniciativa de João Crisóstomo, em colaboração com a International Raoul Wallenberg Foundation, o documento e a caneta com que Aristides de Sousa Mendes assinou alguns dos vistos, estiveram em exposição no mesmo museu durante cerca de dois anos.
O Museu da Herança Judaica fica no Batery Park City, no sul de Manhattan, virado para a baía de Nova Iorque com a estátua da Liberdade em fundo.
O seu objetivo é perpetuar a memória do Holocausto lembrando os milhões de vítimas que morreram às mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.
A Lusa contatou o Instituto Diplomático para pedir um comentário, mas ninguém se manifestou disponível para falar sobre o assunto.
O "Dia da Consciência" marca a data em que o então cônsul de Portugal em Bordéus começou a conceder vistos em massa a judeus e a outros refugiados sem autorização de Lisboa, permitindo-lhes a fuga para os Estados Unidos, América do Sul, entre outros destinos.
Esse dia foi marcado por várias iniciativas a nível mundial de homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus, que salvou milhares de judeus e outros refugiados das mãos dos nazis na Segunda Grande Guerra.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010
À procura dos últimos...
A história vem no Diário de Notícas. Procuram-se as últimas pontas soltas de um regime brutal...
Fic a notícia porque já vi, por diversas vezes utilizarem a expressão "Dr. Morte", mesmo em filmes, e é importante perceber que nem tudo é ficção.
Caso de desaparecimento do 'Doutor Morte' por desvendar
Usava o crânio de uma das suas vítimas como pisa-papéis. Injectava líquidos como gasolina, fenol ou água envenenada directamente no coração de prisioneiros e cronometrava o tempo que demoravam a morrer.
Aribert Heim, o médico austríaco que o mundo conhece como "Doutor Morte", assassinou centenas de pessoas no campo de concentração nazi de Mauthausen, um dos locais onde exerceu funções durante a II Guerra Mundial.
Na certidão de óbito de Heim, um dos mais procurados criminosos nazis de sempre, consta que terá morrido há 18 anos no Cairo, onde se encontraria escondido desde 1963. Mas, até hoje, as autoridades alemãs ainda não conseguiram ter acesso a dados que comprovem o seu falecimento.
"Está provado que Heim viveu no Egipto durante anos, mas não há uma prova de ADN ou forense de que morreu ali em 1992." Quem o garante, em declarações ao El País de ontem, é Efraim Zuroff, chefe da Operação Última Oportunidade, levada a cabo pelo Centro Simon Wiesenthal para localizar os últimos criminosos nazis vivos. Mas também a polícia alemã se tem esforçado para apurar a verdade. Em Maio do ano passado, foram enviados ao Cairo dois agentes de Estugarda, que tentaram ter acesso às declarações do médico que, supostamente, presenciou a morte de Heim. Mas, segundo informações avançadas pelo mesmo diário espanhol, tudo o que receberam foi um "silêncio ensurdecedor".
O filho do "Doutor Morte" assegura que o pai - que, se ainda estiver vivo, terá 96 anos - "sofria de cancro no cólon e morreu a 10 de Agosto de 1992". Rüdiger Heim afirma que o pai abandonou as consultas de pediatria que dava na Alemanha em 1962, pouco depois de ter sido emitida uma ordem de detenção. "Atravessou de carro França e Espanha e depois entrou no Egipto, através de Marrocos, com um visto de turista", garante.
Foi no Cairo que, durante 30 anos, trabalhou como médico ao serviço da polícia secreta egípcia.
Heim foi preso pelos Aliados em 1945, mas libertado dois anos depois, sem nunca ter respondido pelos seus crimes.
Link para a notícia
Fic a notícia porque já vi, por diversas vezes utilizarem a expressão "Dr. Morte", mesmo em filmes, e é importante perceber que nem tudo é ficção.
Caso de desaparecimento do 'Doutor Morte' por desvendar
Usava o crânio de uma das suas vítimas como pisa-papéis. Injectava líquidos como gasolina, fenol ou água envenenada directamente no coração de prisioneiros e cronometrava o tempo que demoravam a morrer.
Aribert Heim, o médico austríaco que o mundo conhece como "Doutor Morte", assassinou centenas de pessoas no campo de concentração nazi de Mauthausen, um dos locais onde exerceu funções durante a II Guerra Mundial.
Na certidão de óbito de Heim, um dos mais procurados criminosos nazis de sempre, consta que terá morrido há 18 anos no Cairo, onde se encontraria escondido desde 1963. Mas, até hoje, as autoridades alemãs ainda não conseguiram ter acesso a dados que comprovem o seu falecimento.
"Está provado que Heim viveu no Egipto durante anos, mas não há uma prova de ADN ou forense de que morreu ali em 1992." Quem o garante, em declarações ao El País de ontem, é Efraim Zuroff, chefe da Operação Última Oportunidade, levada a cabo pelo Centro Simon Wiesenthal para localizar os últimos criminosos nazis vivos. Mas também a polícia alemã se tem esforçado para apurar a verdade. Em Maio do ano passado, foram enviados ao Cairo dois agentes de Estugarda, que tentaram ter acesso às declarações do médico que, supostamente, presenciou a morte de Heim. Mas, segundo informações avançadas pelo mesmo diário espanhol, tudo o que receberam foi um "silêncio ensurdecedor".
O filho do "Doutor Morte" assegura que o pai - que, se ainda estiver vivo, terá 96 anos - "sofria de cancro no cólon e morreu a 10 de Agosto de 1992". Rüdiger Heim afirma que o pai abandonou as consultas de pediatria que dava na Alemanha em 1962, pouco depois de ter sido emitida uma ordem de detenção. "Atravessou de carro França e Espanha e depois entrou no Egipto, através de Marrocos, com um visto de turista", garante.
Foi no Cairo que, durante 30 anos, trabalhou como médico ao serviço da polícia secreta egípcia.
Heim foi preso pelos Aliados em 1945, mas libertado dois anos depois, sem nunca ter respondido pelos seus crimes.
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