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segunda-feira, 30 de março de 2015

«Escaparate de Utilidades»
Havaneza Valmor

Jornal  "Diário de Lisboa", 17 de Março de 1944

quinta-feira, 26 de março de 2015

O Postalinho...
O progresso do Homem


Postal britânico de propaganda de data desconhecida, mas que deve ter sido desenhado no princípio da batalha de Inglaterra, quando os aviões alemães iniciaram os bombardeamentos das cidades.

Hermann Goering foi um dos dirigentes nazis mais caricaturados ao longo do conflito, desenhado a maior parte das vezes como uma personagem boçal. Neste caso é identificado com um homem-macaco, um exemplo de retrocesso na evolução humana.

O autor, Clive Uptton, trabalhou em várias revistas como cartoonista políticos e durante os anos da guerra colaborou em diversas publicações e para o Ministério da Informação britânico, responsável pelas campanhas de propaganda no país e no estrangeiro.

Carlos Guerreiro

quarta-feira, 25 de março de 2015

Conversas pelo Algarve

(Fotografias: Carla Quirino e João Conceição)

As conversas pelo Algarve relacionadas com o que se vai fazendo pelo Blogue do “Aterrem em Portugal!” foi excelente…

Fnac de Faro e Monte do Malhão, em Castro Marim, reuniram grupos pequenos, mas interessados e o principal foi mesmo trocar impressões e conviver…

O meu obrigado para a Ana Narciso da Fnac de Faro, e para a Susana Sousa, o Alexandre e a pequena grande família do Monte do Malhão…

Obrigado também a todos os que estiveram presentes…

Boas Histórias
Carlos Guerreiro

terça-feira, 24 de março de 2015

Conversa em Castro Marim

No dia 19 de Junho de 1941 o navio britânico “Empire Warrior” preparava-se para subir o Guadiana, quando foi afundado pelos alemães…

Noutro ponto do globo, em Novembro de 1942, o navio da marinha portuguesa Afonso de Albuquerque arrancava quase duzentas vidas ao mar, mas não conseguiu salvar a maior parte dos que vinham no “Nova Scotia”. Morreram mais de 800 pessoas.

Estas são algumas das histórias que vamos recordar esta tarde no Monte do Malhão, em Castro Marim.

Encontro marcado para as 18.30…


Até lá,
Carlos Guerreiro

sábado, 21 de março de 2015

Encontro marcado na FNAC de Faro


Nos últimos anos foi possível juntar os familiares de dois aviadores britânicos que aterraram em Portugal no princípio da II Guerra Mundial. Tive de traduzir para inglês a letra de uma música bem portuguesa, porque o filho de um piloto a encontrou entre os documentos do pai. Do livro voaram ainda histórias que estão a crescer sozinhas em museus…

 Sete anos depois do lançamento do “Aterrem em Portugal!”, e com a internet a dar uma ajuda, continuam a surgir novas histórias, fotografias e documentos…

São algumas destas histórias que irei abordar na FNAC de Faro, amanhã dia 22 (domingo), a partir das 15 horas…

E na terça vamos até Castro Marim, conversar um pouco sobre náufragos e naufrágios.

Até lá…
Carlos Guerreiro

quinta-feira, 19 de março de 2015

Alemão descreve Portugal em 1940

O autor da carta, que hoje transcrevemos parcialmente, foi Max Arglebe, um cidadão alemão, que residia no Porto durante a II Guerra Mundial. A missiva escrita, a 10 de Março de 1940, faz um retrato de Portugal, dos portugueses e apresenta também algumas preocupações da comunidade alemã a residir no país.

A carta é escrita para a Franz Eher Nachfolger GMBH, uma editora berlinense responsável pela publicação de diversas obras nazis. A empresa era controlada directamente pelo partido e, entre outros livros e jornais, detinha os direitos do “Mein Kampf”, de Adolfo Hitler. Entre os periódicos que controlava estava o “Schwarzes Korps”, o jornal oficial das SS. Na carta Arglebe agradecia o envio gratuito desse semanário, expondo de seguida os seus pontos de vista.

A carta, que contém ainda um Post Scriptum (denominado Tinta Fresca) onde o autor fala da qualidade da recepção das estações de rádio alemãs, foi apanhada e traduzida pela PVDE – antecessora da PIDE – que depois a enviou para o Ministério do Interior, em cujos arquivos se encontra neste momento. A tradução nem sempre é feliz, mas consegue perceber-se a intenção do autor.

Depois das descrições do país feitas por um refugiado alemão e por um jornalista britânico, ficamos agora também com as impressões de um alemão, crente no nazismo, residente no nosso país.

Vista do Porto publicada na revista "A Esfera", de 5 de Dezembro de 1941.

Fica o essencial da carta de Arglebe:

(...)
“A Imprensa em Portugal das cidades maiores é bastante desfavorável para os alemães. Jornais pequenos e da província publicam notícias do DNB ou notícias directas da Alemanha e a tendência dos mesmos pode-se considerar mais germanófila. Os jornais da província publicam-se geralmente uma só vez por semana, as publicações são bastante reduzidas. Posso dizer que 80 por cento do país são contra nós”.

A Reserva dos portugueses contra o estrangeiro em geral dá pouca possibilidade de o conhecer. Ele é muito reservado e em certos pontos de vista admirador da tradição, também no ponto de vista político.(…)

Uma grande influência sobre o País é o antiquíssimo contrato (Aliança) com a Inglaterra e deixou no país uma posição inimiga contra a Espanha, que de vez em quando mostra-se por reportagens bastante amargas. Do ponto de vista comercial a Inglaterra tem uma posição muito forte e tem na sua mão uma grande parte dos valores do país. Primeiro ouve-se sempre o que a Inglaterra diz, em seguida a França, e mais ainda o Papa. Se a Inglaterra deseja, temos que combater contra a Alemanha. Isso é a opinião da maioria do povo. É com certa reserva, e não é com ânimo.

O Dr. Salazar é amigo dos alemães, mas os ingleses não gostam disso e procuram arranjar certas dificuldades internas. Pouco antes de começar a guerra encontraram-se diversos oficiais ingleses cá numa comissão oficial. Procuraram criar dificuldades internas e até conseguir que o Governo actual caísse em desgraça, mas os seus planos foram descobertos e eles tiveram que sair.

A posição verdadeira de Portugal no conflito actual é incerto e o futuro ainda escuro. A posição de Portugal é agradável tanto para a Inglaterra como para a França. Isto provam os fornecimentos para estes países. Se existisse a possibilidade de fornecer para a Alemanha também se fornecia, visto que se deseja ficar neutro.

A propaganda anti-alemã é bastante forte.

Lord Harlech (político inglês) e Jules Brevier (Político Francês) encontraram-se há pouco em Portugal tendo feito conferências nos meios mais elevados tanto em Lisboa, como em Coimbra e no Porto. Encontravam-se em contacto íntimo com o Governo. Havia festas e a imprensa escreveu coisas e loisas. A actuação dos dois políticos certamente não se limitava só aos discursos.

O presidente da Academia Italiana FEDERZONI pouco depois aparecia também. O Duce contrabalançou bem. Federzoni recebeu homenagens do Presidente da República. Também a sua personalidade foi muito indicada nos jornais, (…). Para a opinião geral a sua visita tinha mais influência do que do inglês e do francês. (...) A Itália com a cidade do Vaticano são aspectos que em Portugal com o catolicismo não se pode deixar de encarar.

O comércio da Alemanha depois da grande guerra aumentou constantemente e considerando que os preços sempre diminuíram, é muito mais importante. (…) Estes factos não foram bem vistos pelos ingleses.(…)

A câmara de comércio inglesa e os seus ajudantes só acordaram no mês de Setembro de 1939. Nas cidades mais importantes sentiam-se mais seguros e certamente na província não desejavam viajar porque representava mais trabalho. Seguiram naquela altura também viagem para a província para estudar a razão porque a Alemanha vendeu mais que a Inglaterra. Fizeram perguntas sobre perguntas e prometeram fazer ofertas de firmas inglesas, visto que os fornecimentos da Alemanha acabavam por completo.

No Interior ainda não se liga absolutamente com o fascismo. Também no exterior verifica-se bastante resistência. (….) Para evitar o comunismo concorda-se em parte com o Estado Autoritário. Os primeiros e justos melhoramentos sociais, assim como o esforço do Governo não encontram a ajuda que mereciam. Fala-se muito mas há muitos egoístas. A Legião (na Alemanha a SA) foi criada por decreto. Não nasceu da vontade do Povo. O Governo mostra-se geralmente só de distância. O culto dos doutores e outros titulares é muito resistente.(…)

O Governo procura a pouco e pouco regular o comércio em grémios. Isso no entanto deu como resultado muito desagrado. Os muitos Doutores sem pão receberam lugares e vencimentos. Nos produtos agrícolas o vendedor recebe menos do que recebia e o Grémio autorizado lucrou sem produzir, visto que os preços para o consumidor não baixaram.(…)

No ano passado criou-se o sistema de sindicatos de profissão. Existe como no nosso país, só uma direcção. Estas instituições são mais apreciadas. Com o tempo melhoram-se os conhecimentos de cada um dos grupos e o esmagamento, em certos casos sem fim, do trabalhador acaba. Tanto o empregado como o operário são pessimamente pagos. Certo é que a vida em geral é bastante inferior e o povo é muito mais exigente e o custo de vida é mais económico, também pessoas de bens vivem em muitos casos muito apertadas. O Governo procura o melhor. O povo em grande parte não reconhece este facto. Isso é a tragédia de Portugal.

O novo entendimento entre Espanha e Portugal (e o primeiro) parece ser de grande futuro. Ambos os povos tentam um entendimento comercial e cultural. Também fizeram um pacto de não-agressão. A Itália encontra-se ligada de perto com a Espanha. Pelo facto da guerra espanhola, a Itália-Espanha e Portugal estão mais ligadas do que antes, visto ajudarem-se mutuamente. A Inglaterra poderá partir esta ligação? A experiência não deve tardar. O Dr. Salazar deseja manter a Paz e procura melhoramentos em todos os sentidos. Será possível derrubar o seu governo? No desejo dos aliados de alastrar a guerra para outros países Portugal tem uma importância estratégica muito importante. Isso são perguntas que os Alemães do país fazem. Por ordens da nossa Pátria temos de ficar nos nossos lugares para manter as posições comerciais. As dificuldades criadas contra tudo o que é alemão podem ser grandes, mas fazemos todo o possível por manter as nossas posições. Tudo tem que ser estudado com muito cuidado e por isso mesmo tomo a liberdade de lhes participar a minha maneira de ver.(…)

De mostrar-se abertamente na Legião como sendo germanófilo não é muito aconselhável. Para este fim não só o entendimento Alemanha-Rússia influí, mas também a influência inglesa e mais ainda a igreja. Pessoas conhecidas, pertencendo à legião e à Mocidade chegaram a dizer coisas sobre o Fuhrer que prefiro não mencionar. A Legião não é segura, não nasceu de boa vontade, e portanto não se sabe exactamente o que se deseja.

Pessoas que são germanófilas pelo mínimo em parte e que não podem ver a Inglaterra assustaram-se pelo contracto Russo-Alemão. Também para este facto tenho a minha defesa mas eles não querem crer. Para muitos democráticos é água sobre o Moinho:

1- Perseguição dos católicos da Polónia e da Alemanha.

2- Entendimento com o ateísmo Russo.

Esquecem-se no entanto que a democracia só tem um deus – O DINHEIRO.

Nós Nazis alemães estamos constantemente vigiados e considerados como espiões. Somos, no entanto, muito cuidadosos e respeitamos o País amigo, como aliás é costume dos alemães. Não misturamos os nossos interesses com os interesses interiores do país. No Porto o trabalho do cônsul Francês é especialmente activo contra nós.

Sem ser arrogante como por exemplo o inglês, muitos partidários ainda não pensam como deviam, têm medo e são acanhados. Isto é uma herança antiga da história do nosso povo quando longe da terra e sozinho. Os alemães desta época deviam compreender que não existe o antigo cuidado da Pátria pelos seus compatriotas que vivem no estrangeiro.

Se não existisse o Rádio Alemão só podíamos ler as poucas notícias dos jornais e ficávamos certamente bastante nervosos e sem coragem. Como o nosso Governo evitou que a Alemanha passe novamente fome como na última guerra também evitou que os alemães fiquem sem notícias da sua Pátria. Nas mentiras judaicas nenhuma pessoa de inteligência pode acreditar, visto que não têm lógica. É mentira criminosa que somos obrigados a ler diariamente nos jornais. Mesmo o público daqui começa a duvidar. Começou com as derrotas dos alemães na Polónia e acabou imediatamente, depois de 18 dias com uma vitória absoluta da Alemanha e não da Polónia. Na guerra Russo-Finlandesa acontece exactamente o mesmo.

Durante os 20 anos que resido no estrangeiro, 13 anos em Espanha (Madrid) e 7 anos em Portugal, já notei muita perseguição contra os alemães. Desde 1939 (Setembro) parece que todos os elementos sem escrúpulo a favor dos aliados fazem uma perseguição nunca vista. Não passa um único dia em que os ingleses não sobrevoam Berlim, Viena, Praga, etc. Agora Também já voam sobre a Polónia. Isto ninguém pode compreender e pergunta-se onde estavam estes aviões ingleses quando a Polónia se encontrava em guerra connosco.

Subescrevo-me

Heil Hitler

Assinatura Max Arglebe


Tinta Fresca: Hoje segunda-feira a imprensa portuense traz pela primeira vez o discurso de Hitler completo e isto na primeira página. No que se refere ao Rádio tenho ainda o seguinte a dizer:

A recepção nas ondas médias (estações alemãs) é possível desde as 18 horas alemãs. A recepção infelizmente é muito fraca mas depois das 22 horas é regular. Não seria possível aumentar a força em 20/ 30 por cento? As estações holandesas, francesas e inglesas nas ondas médias são geralmente mais fortes, e muitas vezes não se ouve Bremen, Hamburgo, Koln, Munchen, Frankfurt; em geral outras estações são mais fortes. Na estação de Koln existe um posto francês muito forte que em geral evita qualquer recepção, o que já não se verifica na estação de Frankfurt.

A estação para África não tem uma distinção absoluta das 18 ás 21 horas, a música não é muito clara. Discursos podem-se ouvir melhor. Uma estação russa e outra inglesa devem estar perto demais. A estação da Ásia é muito boa desde às 6 até às 17 horas locais. Heil Hitler

Assinatura M. Arglebe”

sexta-feira, 13 de março de 2015

“Aterrem em Portugal!” pelo Algarve

Nos próximos dias 22 e 24 vamos estar pelo Algarve para conversar sobre o “Aterrem em Portugal!”, - livro e blogue - e sobre alguns dos temas que têm sido assunto por estas páginas.


Assim no dia 22, Domingo, vamos estar pela FNAC de Faro para conversar sobre o livro e sobre o que aconteceu após a sua publicação. Com a colocação on-line de parte do seu conteúdo surgiram novas histórias, novas fotos, novos contactos. É sobre estas novas histórias e sobre a forma como o livro prolongou a sua existência - de diversas formas - que vamos conversar em faro por volta das 15 horas…

No dia 24, terça-feira, o encontro fica marcado para o Monte do Malhão, em Castro Marim.

Por volta das 18.30 h vamos recordar os milhares de náufragos que foram salvos ou receberam assistência de portugueses durante a II Guerra Mundial.Falaremos ainda dos navios portugueses que foram afundados durante o conflito.

"Quanto do teu mar" vai abordar este tema que tem sido pouco estudado, mas que merece atenção redobrada numa altura em que se aproximam os 70 anos do fim da II Guerra Mundial…

Até lá…
Carlos Guerreiro

domingo, 8 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher

No dia em que as mulheres comemoram o seu dia internacional o “Aterrem em Portugal!” deixa um documento para lembrar que, não há muito tempo, as coisas eram diferentes. Por estas páginas da Cartilha do Corporativismo, publicada em 1940, é fácil perceber que a igualdade e a liberdade são conquistas recentes, feitas com luta e a custo.

Da minha parte ficam os desejos de um bom Dia Internacional para todas as mulheres, com tudo o que desejam e têm direito…

Carlos Guerreiro

sexta-feira, 6 de março de 2015

O Postalinho...
Os ingleses dão conta de tudo


Postal de propaganda alemão onde a influência e o controlo britânico sobre o dia-a-dia da vida portuguesa é tema central. A comunidade inglesa, a acção dos seus serviços oficiais e de espionagem é retratada como sendo nefasta, especialmente, para a actividade económica.

O desmantelamento da Rede Shell, uma organização pró-aliada que tinha como objectivo realizar sabotagens caso se registasse uma invasão alemã, foi notícia em 1942 e deixou no ar graves suspeições sobre os ingleses. O receio que estes tivessem infiltrado outros serviços essenciais manteve-se ao longo de todo o conflito.

Também não ajudava às boas relações a obrigatoriedade dos comerciantes, importadores e exportadores portugueses serem obrigados a pedir licenças para realizar o transporte marítimo dos seus produtos. Os famosos “Navycerts” tinham de ser solicitados em todas as circunstâncias e eram exigidas informações sobre quantidade e destino das mercadorias.

Os aliados pretendiam impedir o contrabando de produtos essenciais para a Alemanha, mas a obrigatoriedade de pedir estes certificados causava grande mal-estar, situação explorada pelo Eixo, sempre que possível.

Carlos Guerreuro