Partilhava uma caixa com mapas, calendários, postais, guias de cidades envelhecidos e papéis diversos de cor amarelada e aspecto quebradiço num dos vários alfarrabistas de Lisboa.
Primeiro foi a data que me chamou a atenção, mas depressa esqueci esse pormenor e confesso que me apaixonei por esta… vou chamá-la… declaração de orgulho.
Não sei quem é, ou era, a Dona Emília da aldeia do Torrão.
Não sei se comprou a máquina para ser costureira ou para poder arranjar as calças ao marido e colocar remendos nas camisolas dos filhos.
Um a máquina de costura, nestes tempos, era uma peça importante numa casa.
Pergunto-me se esta D. Emília tinha posses ou levou tempo a juntar o dinheiro. Pode até ser que alguém a tenha oferecido.
1980 escudos (+- 10 Euros), quase dois contos, era muito dinheiro nos idos de 1942… Um trabalhador agrícola ganharia pouco mais de 200 escudos por mês, enquanto um operário fabril receberia à volta de quinhentos.
Na realidade sei muito pouco…
Sei que a dívida ficou saldada neste dia em 1942 e que o vendedor continuou à espera das “prezadas ordens” da cliente.
Sei ainda que gostava de saber mais.
Carlos Guerreiro
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