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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Em tempo de futebol...

O jornal Público recorda o mundial que antecedeu a II Guerra Mundial. O artigo é pequeno mas interessante, e fala de forma leve sobre o caso da selecção Austríaca comandada por um dos jogadores que ainda hoje é tido como um dos melhores do mundo... Infelizmente não jogou. Fica a notícia do público e também um apontamento sobre o "homem de papel".



Histórias de Outros Mundiais
A vitória de Mussolini na prova dos boicotes

O Campeonato do Mundo de 1938, disputado em França, foi um dos mais conturbados de sempre e foram várias as selecções que não marcaram presença devido ao clima bélico que assolava a Europa, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.


No final, a Itália de Mussolini, equipada de negro, acabou por vencer, apesar da enorme hostilidade demonstrada pelo público francês contra os transalpinos durante toda a competição.

A 12 de Março de 1938, sensivelmente a três meses do arranque do Mundial, Adolf Hitler deu início à sua campanha expansionista com a anexação da Áustria. Os austríacos viram a sua selecção, uma das melhores de sempre, desmantelada – os jogadores foram “transferidos” para a Alemanha – e afastaram-se da prova. Apesar da condenação da França e da Inglaterra à invasão nazi – ficaram-se por protestos diplomáticos –, Jules Rimet, presidente da Federação Francesa de Futebol e impulsionador, oito anos antes, do primeiro Campeonato do Mundo de selecções, recusou todos os apelos para que a competição fosse adiada.

Tal como a Áustria, também a Espanha (devido à guerra civil espanhola) e a China e Japão (envolvidos na segunda Guerra Sino-Japonesa) foram impedidos de participar.

Mas não foi apenas o clima de guerra que fez estragos entre os participantes. A decisão de realizar a prova em França, contrariando a política original de organizar o Mundial de forma alternada na Europa e na América, motivou a auto-exclusão de sete países: Argentina, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guiana Holandesa, México e Uruguai. O Brasil, que tinha a intenção de sedear o torneio em 1942 (não foi disputado devido à II Guerra Mundial), e Cuba acabaram por ser as únicas selecções americanas a não aderir ao boicote.


E agora a história de Sindelar copiado de uma página brasileira. A foto é da Wikipédia




Matthias Sindelar
O maior jogador de futebol dos anos 30, símbolo da resistência à ideologia nazista.

Único filho homem de uma família judaica proletária de imigrantes tchecos, nasceu nasceu em 10 de fevereiro de 1903 na vila de Kozlau, na Morávia, hoje República Tcheca. Ainda garoto mudou-se com a mãe e as três irmãs para Viena, na época capital do Império Austro-Húngaro.

Dono de um estilo apurado e clássico, elegante, inteligente e simplificador. Rápido, centroavante difícil de marcar, alto e magro, a exatidão e a leveza com que driblava ou executava os passes levaram o torcedor a apelidá-lo de “Der Papierene”(feito de papel). Com jogadas imprevisíveis e gols de rara beleza, tornou-se chefe de família aos 14 anos, após o falecimento de seu pai, na Primeira Guerra Mundial. Enquanto trabalhava como mecânico, aprimorava seu futebol no time do Hertha de Viena, onde permaneceu por seis anos.

Sindelar tornou-se o mais celebrado jogador dos 125 anos do futebol austríaco (para os historiadores franceses Jean-Philippe Réthacker e Jacques Thibert, o mais completo número 9 europeu de todos os tempos).

Nos anos seguintes, o time continuou a dominar o futebol europeu, com jogadas inteligentes e passes curtos.

Em 1934, as dificuldades econômicas que atingiam o país não impediram a seleção austríaca de chegar às quartas-de-final da Copa do Mundo. Na ocasião o Wunderteam perdeu de 1 a 0 para a Itália, que mais tarde ficou com a taça. Em 1924 foi para o Áustria Viena, clube associado à classe média judaica. Em seu primeiro jogo pela seleção austríaca em 1926, marcou dois gols na vitória de 7 a 1 sobre a Suíça. Este foi o início de uma era de partidas memoráveis onde Sindelar era a estrela da melhor seleção que a Áustria já teve, apelidada de Wunderteam (time-maravilha).

Em 1934, um golpe militar instalou a ditadura fascista católica na Áustria, mergulhando o país no caos.
Apesar da classificação para a Copa seguinte, o seleção da Áustria não disputou o Mundial de 1938. Motivo: com o avanço do nazismo, seus jogadores haviam se integrado à seleção da "Grande Alemanha".

Foi numa partida entre Áustria e Alemanha, para celebrar a unificação dos dois países, que Sindelar protagonizou a última grande façanha.

O time austríaco, liderado pelo "homem de papel", havia cedido seus melhores jogadores para a Alemanha. A intenção era transformar a partida em uma propaganda nazista. E as instruções eram claras: os austríacos não deviam marcar gols e, muito menos, ganhar o jogo. A partida, porém, não ocorreu conforme o previsto.

Mesmo com 35 anos, Der Papierene foi o melhor jogador em campo e fez o gol que desafiou o nazismo. Não é à toa que a seleção alemã tentou recrutá-lo. Mas sem sucesso. O jogador rejeitou o convite com a desculpa de estar contundido e velho demais. Sindelar, um bastião do nacionalismo austríaco, manteve-se fiel às suas convicções políticas, às relações com os judeus egado-se a defender o time de Adolf Hitler. Marcado como opositor do regime, foi perseguido pelas tropas nazistas, até se suicidar em 23 de janeiro de 1939, dias antes de completar 36 anos.

Quarenta mil pessoas compareceram ao seu funeral, sob os olhares das tropas nazistas. O Áustria Viena recebeu 15 mil telegramas de condolências. ‘Sindelar é para os austríacos o mesmo que Pelé épara os brasileiros; algo mais do que um jogador’, definiu o historiador Wolfgang Maderthaner.

De fato, a importância de Sindelar transcende os gramados. Sua atitude de permanecer fiel aos seus princípios, e sua resistência ao nazismo e às tropas de Hitler fazem dele um símbolo, não só para o povo austríaco, mas para o mundo todo. Nem mesmo morto, Der Papierene perdeu a popularidade.
Em dezembro de 1998, 60 anos depois de sua morte precoce, foi eleito o atleta austríaco do século 20.

O que aconteceu à Áustria de Matthias Sindelar durante a II Guerra Mundial?

A não ser por 1945, o ano do armistício, o campeonato nacional transcorreu normalmente, só que com jogadores alemães atuando pelo Áustria, pelo Viena, pelo Sportkclub, e craques austríacos vestindo a camisa do Shalke 04, do Hanover 87, do Dresden, quando não da própria seleção alemã. Uma interação de tal ordem que, em 1941, a tradicional equipe do Rapid de Viena disputou os dois campeonatos, ganhando ambos.

Mas Sindelar não viveu para ver tudo aquilo. Para ele, naquele derradeiro janeiro, a guerra já estava perdida. A Áustria já não era dos austríacos e o célebre “Wunderteam” se fora para sempre.

“Mozart do futebol”, como os jornalistas o chamavam, ou Motzl, para os companheiros de equipe, Matthias Sindelar permanece como a mais cintilante estrela internacional que a II Guerra Mundial roubou ao futebol.

Como sempre ficam os Links:
http://www.publico.pt/mundial2010/Show/a-vitoria-de-mussolini-na-prova-dos-boicotes_1439003
http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/matthias/home.html

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